Caoa-Chery iCar, JAC e-JS1 e Renault Kwid E-Tech mais baratos: caridade ou negócios?

Até pouco tempo atrás, não encontrávamos nenhum carro elétrico por menos de R$145 mil, a não ser que fosse uma promoção ou preço especial. Só que existe uma coisa chamada concorrência, que acaba mexendo com o mercado quando vem agressiva. Quer um exemplo? Os hatches subcompactos 100% elétricos, que, de uma hora para outra, ficaram menos caros. Milagre ou benevolência das fabricantes?

Benevolência? Que nada. Concorrência mesmo… (Foto: BYD/divulgação)

Nem um, nem outro. Esse efeito, de redução dos preços, é o que o grande público tem chamado de “efeito Dolphin”, ou “efeito BYD”. Se soou estranho por aí, explico: a chinesa BYD, já com fábrica confirmada no Brasil (Camaçari, Bahia), mas que ainda traz toda sua linha da China, tem chegado com “os dois pés no peito” das outras grandes marcas, sempre apelando para os preços mais baixos, bons conteúdos de série e carros acertados.

Dolphin veio maior, mais completo, mais bem feito, mais espaçoso e mais potente por preço de entrada (Foto: BYD/divulgação)

Um deles, o mais recente, foi o Dolphin, uma espécie de hatch altinho, com toque de monovolume (à la Honda Fit), que chegou custando os tais R$150 mil. Leia mais sobre ele aqui, e o resultado de um rápido test-drive aqui.

Até sua chegada, modelos pequenininhos como Renault Kwid E-Tech, JAC e-JS1 ou Caoa-Chery iCar (o menor deles) custavam valores nessa mesma faixa. Só que eram menores, menos equipados, menos refinados, com construção e projeto mais simples, movidos por motores mais fracos e dotados de baterias com menor capacidade de armazenamento. Com o “boom” nas vendas do Dolphin, que logo se posicionou como elétrico mais vendido, a concorrência ficou de mãos atadas, e aí começou o “baixa-baixa”.

Jeitinho de minivan, meio hatch e meio monovolume, são uma das virtudes do novo BYD de entrada (Foto: BYD/divulgação)

O primeiro foi o e-JS1, dias após o lançamento da BYD. Antes vendido por R$145.990, o subcompacto foi reduzido agora para R$135.900. Pequeno e cheio das cores vibrantes, o JAC tem porte de um Fiat Mobi e deriva inteiramente do J2, vendido por aqui na década passada. Seu motor elétrico dianteiro fornece 62 cv de potência com pouco mais de 15 mkgf de torque, e, de série, o carrinho traz multimídia de 10,2”, chave presencial com partida por botão, painel de instrumentos digital, ar digital, volante multifuncional, faróis em LED, bancos em material que imita couro, freio de mão eletromecânico com função Auto Hold, piloto automático, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré, rodas de liga-leve aro 14 e outros.

Logo depois, a Caoa-Chery não ficou para trás: seu iCar, vendido antes por R$150 mil, passou a custar R$135.900. Agora no início de agosto, mais uma queda o manteve como o elétrico mais barato do Brasil: hoje é possível compra-lo por R$119.900, uma redução de R$40 mil “forçada” pela concorrência. Seu porte é dos menores, um pouco superior ao de um Smart ForTwo, e, com carroceria de duas portas, ele conta até com partes em plástico especial. São também 61 cv e 15,3 mkgf vindos de um motor elétrico dianteiro, mas o iCar é mais equipado, com direito a carregador de celular sem fio, teto-solar panorâmico, assistente eletrônico de descidas, comandos do ar-condicionado pelo volante e outros.

A Renault foi a mais dura na queda, e só nos últimos dias cedeu as novidades e baixou o preço do seu Kwid elétrico. Vendido até então por R$149.990, o chinês de projeto indiano e comercializado por uma marca francesa, agora custa R$139.990. Apesar de ser o mais potente deles (65 cv), é o que entrega menos torque (cerca de 11,5 mkgf), e também não é muito generoso quando o assunto é conteúdo de série: 6 airbags, ar-condicionado manual, rodas aro 14 com calotas, multimídia de 7”, faróis com regulagem de altura, câmera de ré, limitador eletrônico de velocidade e outras minorias.

E com a promessa de outro elétrico menor e ainda mais barato trazido pela BYD, além de ofensivas de outras chinesas como a GWM e a própria JAC (que deve trazer outro hatch competitivo pra cá), a tendência é que os elétricos fiquem cada vez menos caros e mais acessíveis ao grande público. O ponta-pé inicial, esse é mérito da BYD com o Dolphin…

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.