Fiat 147 GLS: o primeiro compacto premium da Fiat

O 147 foi o primeiro automóvel produzido pela Fiat do Brasil, entre 1976 e 1986, e ele era inteiramente baseado no 127 italiano. Foi, portanto, o carro que fez crescer e aparecer a marca italiana no Brasil. O excelente aproveitamento de espaço interno, a economia de combustível e a então inédita estabilidade fizeram dele um carro que definitivamente entrou para história, não só da Fiat como também da indústria automotiva brasileira.

Ideal para o mercado nacional, o 147 estreou a planta da Fiat em Betim em 1976 (Foto: Fiat/divulgação)

Em 1978 ganhou o título de Carro do Ano pela Revista AutoEsporte, e em 1979, inaugurou o motor movido a etanol no Brasil, feito com base na inédita versão de 1300 cilindradas. Eram 62 cv de potência SAE a 5.200 rpm (55 cv ABNT) e 10,80 kgfm de torque a 3000 rpm, permitindo que o carrinho acelerasse de 0 a 100 km/h em 18s12, atingindo os 139,535 km/h de velocidade máxima. Seu consumo era muito bom para o primeiro motor a etanol fabricado no Brasil: 6,95 km/l na cidade e 10,15 km/l na estrada, rendendo até 385 km de alcance graças ao seu tanque de 38 litros. Qualquer versão da linha poderia ser equipada com motor a álcool.

Versão GLS foi das primeiras com motor 1300, nesse caso sempre movido a gasolina (Foto: Fiat/divulgação)

Ainda em 1979, eram lançadas as versões Rallye e GLS, e é da segunda que falaremos hoje. Dotada do motor 1300 sempre movido a gasolina (61 cv SAE ou 54 cv ABNT a 5.400 rpm e 9,9 mkgf de torque a 3000 rpm), ela era um tanto mais rápida e econômica que as versões 1.3 a etanol: 0 a 100 km/h em 17s00 e máxima de 140,324 km/h, fazendo 9,85 km/l na cidade e 14,84 km/l na estrada. Assim, rendia mais de 563 km na estrada.

Nova versão topo de linha tinha motor mais potente com acabamento luxuoso (Foto: Fiat/divulgação)

A nova topo de linha, GLS (Gran Luxe Super), impressionava por seu acabamento esmerado, trazendo novidades como para-brisas laminado degradê, encostos de cabeça no banco traseiro, interior monocromático todo acarpetado, bancos com forração também em veludo, cobertura interna do porta-malas, para-sol dos dois lados, farol de milha na parte superior dos para-choques, friso emborrachado lateral, desembaçador elétrico de vidro traseiro, vidros laterais basculantes, painel completo com conta-giros eletrônico, marcador de combustível, temperatura do motor e velocímetro para até 180km/h.

Por dentro, a GLS caprichava no nível de esmero e equipamentos de série. Detalhe para o volante esportivo de três raios e instrumentação extra na parte central do painel (Foto: Fiat/divulgação)

Fora isso, tinha ainda adesivo especial na lateral do capô (depois a identificação passou para o friso lateral de borracha), luz-espia da reserva de combustível, manômetro de pressão do óleo e relógio analógico no painel, volante esportivo de 3 raios similar ao do modelo Rallye, além cintos de segurança de 3 pontos para os bancos dianteiros e um desempenho bastante arisco àquele tempo, até porque era movido pelo mesmo conjunto mecânico da versão esportiva da gama 147. Lembrando que sua transmissão ainda era sempre a de quatro marchas.

Em meados de 1980, o 147 passava por evoluções, recebendo novas cores, novos revestimentos ainda em veludo monocromático, para-choques de plástico e grade também na cor da carroceria, retrovisor do lado direito, spoiler dianteiro do modelo Rallye, além do design modernizado com frente mais baixa, faróis e grade inclinados, no estilo que a marca chamou de “Europa”. Seguindo a maioria da linha, a versão GLS adotava também tais novidades, e mudava os faróis adicionais para a parte inferior do para-choques dianteiro: agora as luzes passavam a ser de neblina, e não mais de milha.

Ainda em 1981, houve um realinhamento das versões do 147, e o modelo GLS era descontinuado para dar lugar a algumas edições especiais, como o Fiat 147 500.000, modelo que comemorava o meio-milhão de unidades fabricadas no Brasil, e em 1982, o Fiat 147 Top, este dotado de evoluções no interior que já eram conhecidas no Fiat Panorama. Foi só aí que o modelo básico, rebatizado de 147 C, ganhava a frente Europa, como o restante da linha, mas mantinha o antigo anterior.

No final do mesmo ano, era apresentada a segunda reestilização como linha 1983, que foi chamada de “Spazio”, incorporando para-choques de plástico envolventes no estilo alusivo a modelos contemporâneos da marca. Logo o Spazio era descontinuado com a chegada do Uno, passando seu visual dianteiro ao 147 C na linha 1985 (a lanterna traseira do Spazio só chegaria a versão C no ano seguinte).

Com o fim do 147 hatch em dezembro de 1986, permaneceram em linha o Fiorino Baú e o Fiorino Pick-up até 1988, quando enfim a linha 147 se despediu de vez do mercado nacional. Há quem diga que a versão GLS foi a mais bonita da linha 147, sem considerar o Spazio, tratado por muitos como outro carro a parte.

Foto: Fiat/divulgação
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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.