Faróis que cegam

O fato é histórico. Desde que o mundo é mundo que existem pessoas que decidem trocar as lâmpadas originais do carro, ou mesmo os faróis quando isso era possível, por outros mais potentes. Mas, principalmente com a popularização das lâmpadas de xenônio (os famosos faróis Xenon), muita gente optou por trocar as lâmpadas originais dos faróis por outras de muito maior potência. E aí é que começam os problemas.

A colocação de faróis de LED ou Xenon em carros que, originalmente, tem lâmpadas halógenas: aí começa o problema (Foto: reprodução/kitssom.com.br)

Quando um farol é projetado pelo fabricante, vários fatores são levados em conta para que ele possa prover a mais eficiente iluminação possível dentro dos requerimentos daquele carro. Assim, o tipo de material da lente (vidro ou policarbonato, basicamente), refletor (na lente ou não), lâmpada (halógena, a gás ou LED, por exemplo) e localização no veículo, apenas para ficarmos no básico, tem que se casar perfeitamente para que o farol ilumine sem cegar quem vem do outro lado ou mesmo o motorista que vai à frente.

O farol de qualquer carro é concebido para ser o mais eficiente possível, além de não cegar os outros motoristas. Se mudar a lâmpada sem olhas as especificações… (Foto: Lucca Mendonça)

Infelizmente está se alastrando, cada vez mais, a cultura da troca das lâmpadas sem nenhum critério. Como por exemplo se instalar lâmpadas de Xenon ou LED em faróis que não foram projetados para tal. O que acontece é que o refletor não consegue “administrar” aquela luminosidade diferente do halogênio e o resultado é desastroso: as luzes do carro ficam demasiadamente fortes, mesmo sem o facho alto, e incomodam profundamente os outros motoristas.

Isso quando não ocorre um dano na parte interna da lente (nos faróis de policarbonato), com a queima do componente, deixando-o opaco por dentro. Em alguns casos, pode ocorrer até mesmo seu derretimento parcial, por causa das lâmpadas de maior potência, que consequentemente geram mais calor.

Além de cegar os outros motoristas, as lâmpadas mais fortes e não originais podem causar danos ao próprio farol do carro (Foto: divulgação/Arteb)

O mesmo ocorre com os faróis auxiliares, de milha ou neblina. Se forem de neblina, o facho não é concentrado como nos faróis de longo alcance (os populares faróis de milha), mas mais aberto para que não seja neutralizado pela neblina. Mas a colocação da lâmpada neutraliza completamente a ação desse tipo de farol, pois ele passa a atuar como farol de longo alcance sem o ser. E, também, ofusca violentamente os outros motoristas.

O mesmo vale para as luzes auxiliares: lâmpada incorreta pode cegar os outros motoristas e “estragar” a função original dos faróis de neblina ou milha (Foto: reprodução/Shutterstock)

Então preste muita atenção ao optar por lâmpadas diferentes das originais do seu carro. Em alguns casos existem aquelas mais eficientes, mas que estão dentro das especificações dos seus faróis. Mas, para garantir, é necessário utilizar uma tabela de aplicação para se certificar que não haverá problemas. E, apenas para não deixar passar em branco: nunca acenda o fog-lamp traseiro na cidade, mas apenas na neblina. Quem vai ali é uma luz de grande potência, e nos casos em que ela não esteja cumprindo sua real função, também atrapalha muito.

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Alexandre Ule Ramos é jornalista há 34 anos, formado na Cásper Libero, de São Paulo, e também em Publicidade e Propaganda pela Metodista, de São Bernardo do Campo. Durante muitos anos foi responsável pelo setor de usados do Guia Melhor Compra da revista Quatro Rodas, trabalhou na revista Oficina Mecânica e Hot, teve passagens pela revista Carro, Brasil Transportes, Fúria, Superauto, produziu conteúdo para o Webmotors, Auto+, Feira Livre do Automóvel etc. Tem enorme conhecimento no mercado de carros usados, trabalhando há mais de 22 anos com compra, venda e consultoria de veículos. Já adquiriu mais de 1.000 carros durante essas mais de duas décadas, e, até hoje, permanece ativo na sua função.