VW Gol 1000i: o primeiro com motor 1.0 e injeção eletrônica
O Volkswagen Gol é o carro mais vendido do mercado nacional, com um recorde que dificilmente será batido por outro veículo. Lançado em 15 de maio de 1980, vendeu mais de 8.500.000 unidades no Brasil e em alguns países do mundo. Curiosamente, as novas gerações sempre foram apresentadas com 14 anos de diferença entre elas. A primeira, de 1980 e feita sobre a plataforma BX, teve 3 remodelações, sendo 1984 com o lançamento do Gol com motor refrigerado a água para a linha 1985, 1987 e 1990, com a apresentação da linha 1991.
Àquela época era travada uma verdadeira guerra entre as montadoras, que disputavam a preferência do consumidor pelo melhor carro popular nacional. A Fiat chegou primeiro em 1990 com o Fiat Uno Mille, e apresentava novidades em sua linha 1994 com o lançamento do Uno Mille ELX. Ao mesmo tempo, a GM substituía a linha Chevette pelo Corsa, a Ford acabava de lançar o Escort Hobby e a Volkswagen, representando o segmento desde 1992 com o Gol 1000, substituía a primeira geração do seu carro mais vendido.
A segunda geração do Gol, chamada pela maioria de “Bolinha”, foi lançada em meados de 1994, quando foi apresentada a linha 1995, usando a nova plataforma AB-9. Mesmo com o motor ainda disposto na posição longitudinal, tinha mais espaço interno, maior rigidez torcional e maior conforto, principalmente para os passageiros do banco traseiro. Chegou primeiro nas versões CLi, GLi e GTI, e no comecinho de 1995, a versão popular.
O Gol 1000i era muito mais espaçoso e oferecia mais opcionais. Seu motor era o mesmo AE-1000 da geração anterior, de origem Ford e baseado no CHT, porém dotado de injeção eletrônica monoponto, o que melhorava e muito a eficiência daquele jurássico propulsor. Daí vinha seu nome, inclusive: 1000 cilindradas injetado.
Identificado como AE-1000i, o único CHT injetado nacional tinha 49,8 cv a 5800 rpm e 7,3 kgfm de torque a 3500 rpm, permitindo ao hatch acelerar de 0 a 100 km/h em 19,95s e atingir os 145,3 km/h. Seu câmbio tinha as mesmas relações de marcha da geração anterior, com a 1ª e 2ª marchas curtas, 3ª do 1.6, 4ª do GTS e 5ª do antigo Gol GT quadrado, mas com diferencial alongado de 3,76:1, ante 4,78:1 do Gol 1000.
A melhora em desempenho se dava, em grande parte à aerodinâmica mais eficiente da nova plataforma, onde surgia o apelido “Gol bolinha”, quando comparado ao “Gol quadrado” da primeira geração. Seu consumo de gasolina era surpreendente para os padrões da época, atingindo 13,44 km/l na cidade e 15,96 km/l na estrada.
Agora o Gol 1000i tinha duas versões, sendo a 1000i a básica e a 1000i Plus, que logo se tornava a queridinha do público. A mais completa tinha como itens de série banco traseiro bipartido, catalisador, desembaçador e limpador do vidro traseiro, janelas laterais basculantes, porta-copos na tampa do porta-luvas, retrovisores com comando interno e vidros verdes.
Como opcionais, ar-condicionado, direção hidráulica, vidros, elétricos, travas elétricas, alarme e pintura metálica. Os para-choques não tinham pintura da cor do veículo, o que mudaria dois anos depois, e as rodas, exclusivas do modelo, eram de ferro com aro 13 e pneus 155SR13. Bastante silencioso e moderno, o modelo carecia de mais desempenho. A concorrência estava atacando forte com muitos lançamentos: Ford Fiesta 1.3 em 1995, Uno Mille EP (injetado) em 1996, e no mesmo ano, Fiat Palio 1.0 M.P.I e GM Corsa Super MPFI.
No começo de 96, a Volkswagen adequava seus produtos com novas nomenclaturas, e a linha do hatch popular 1.0 passava a ser formada pelo Gol i (mais básica) e Gol i Plus (mais luxuosa). No mesmo ano, era extinta a Autolatina, joint venture firmada entre VW e Ford de 1987 a 1996.
Como o Gol 1.0 era movido por um motor de origem Ford, isso precisava mudar com urgência. Assim, a Volkswagen lançou em 12 de outubro de 1996 uma nova fábrica de motores e um novo propulsor para sua gama mais vendida: o AT-1000, a primeira versão do EA-111, dotado de injeção eletrônica multiponto, produzindo 54,4 cv a 5.000 rpm e 8,5 kgfm de torque a 3500 rpm.
O motor AT-1000 que antecipou a linha 97 ficou famoso por seu desempenho superior e médias de consumo similares à do motor AE-1000i, além da inscrição “Mi”, identificada na tampa do porta-malas dos modelos dotados deste novo powertrain.
Com um estoque remanescente de motores AE-1000i, algumas unidades do Gol i foram fabricadas ainda em 1997. Foi só em março daquele ano que o primeiro motor 1.0 do Gol, único “CHT” com injeção eletrônica, saía de linha. Entrou assim para a história uma das principais alavancas de vendas de um dos carros mais queridos da história do Brasil.