Ford Escort: uma história de tecnologia além do seu tempo (Parte 2)

Na história do Escort, em 1987 aconteceu um fato que não causou alterações imediatas, mas importantes: estamos falando da criação da Autolatina, união entre Volkswagen e Ford visando a produção de veículos compartilhados. A partir da linha 1989, ele passou a receber os famosos e cultuados motores VW 1.8 AP para as versões top de linha, como XR3, que trazia a mesma configuração esportiva utilizada no Gol GTS, ou Ghia, com potência e torque mais comedidos visando menor consumo e docilidade.

Os Escort Ghia e XR3 1.8 AP tinham melhor desempenho e, dependendo do caso, ainda mais força quando comparados com os VW. Explico: os motores AP eram instalados transversalmente no Escort, enquanto na família VW Gol era longitudinal, o que gera maior perda mecânica. E o interessante é que o motor CHT do Escort foi parar na família Gol/Parati/Saveiro/Voyage, mostrando-se mais econômico que os AP 1.6, apesar das limitações de desempenho.

No caso das versões de entrada, continuava o 1.6 CHT (Foto: Ford/divulgação)

Vale lembrar também que a transmissão manual de 5 marchas dos Escort 1.8 AP passou a ser também VW, importada, enquanto o motor 1.6 CHT era mantido nas versões de entrada do compacto da Ford, inclusive com a mesma caixa de marchas de antes.

Volta da carroceria de quatro portas

Em 1991, logo após outra série de melhorias na gama Escort, focando principalmente na versão XR3 (catalisador para toda a linha, novas rodas e calotas, para-choques pintados na cor da carroceria e mais), a Ford percebia que a carroceria de quatro portas, retirada de linha em 1986, estava fazendo falta. O público consumidor dessa época, início dos anos 90, já buscava praticidade com as portas traseiras.

Escort Guarujá: o retorno das quatro portas (Foto: Ford/divulgação)

Assim, na linha 1992, chegava importado da Argentina o Escort Guarujá, série especial que estava mais para versão em linha, que trazia as tais quatro portas e só motor 1.8 AP a gasolina. Apesar da investida de crescer a linha Escort no Brasil, a Ford não foi muito feliz com o Guarujá quatro portas, que durou menos de um ano por aqui e logo saiu de cena outra vez.

A Autolatina permaneceu até a segunda metade dos anos 90, o que favoreceu bastante o Escort por aqui. Ela inclusive gerou frutos como os sedans Ford Verona/VW Apollo, VW Pointer (um Escort com carroceria diferenciada) e VW Logus (versão sedan do Pointer), além das trocas de motores e tecnologias (motores AP nos Ford, CHT nos VW e por aí vai).

Verona era o sedan do Escort, que chegou bem atrasado (Foto: Ford/divulgação)

A história do compacto da Ford não parava por aí: na segunda parte dessa trajetória, falaremos da chegada da segunda geração em 1992, estreia do popular Hobby 1.0 na carroceria antiga, crescimento da família com três volumes (Verona e depois Escort Sedan) e perua (Escort SW), até sua despedida definitiva em 2003. Não perca!

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.