Stellantis vai apostar nos híbridos flex, e já mostrou suas tecnologias para 2024

O Grupo Stellantis, composto por Abarth, Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e Ram, principalmente, já deu a cartada para seu futuro no mercado latino-americano: a aposta será nos híbridos flex, assim como tem feito a Toyota, antes da eletrificação completa. Para garantir isso, já anunciaram um quarteto de plataformas mecânicas totalmente adequadas a propulsão eletrificada e, além disso, cravou o uso do etanol como combustível renovável para tornar o sistema o mais eficiente possível. Lembrando que o ciclo de produção do etanol absorve a maior parte de suas emissões de gases poluentes.

Foto: Stellantis/divulgação

Desenvolvidas completamente pela engenharia da Stellantis da América Latina, as bases eletrificadas são compatíveis com as linhas de produção das três fábricas do grupo no Brasil (Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro), e o projeto já tem até nome definitivo: Bio-Hybrid. A expectativa é ter as primeiras novidades híbridas nacionais já em 2024, e, com o passar do tempo, a tecnologia deverá se espalhar por boa parte das marcas e produtos da Stellantis. O plano mundial do grupo é reduzir em 50% seus níveis de emissão de poluentes até 2030, com descarbonização completa até 2038.

Foto: Stellantis/divulgação

A primeira das quatro plataformas se chama também Bio-Hybrid, e traz um sistema popularmente conhecido como híbrido-leve ou semi-híbrido. No caso da Stellantis, há a união do motor de arranque ao alternador, formando um pequeno propulsor elétrico que alimenta baterias de baixa capacidade e gera certa força para mover o carro, reduzindo o esforço do motor a combustão. Segundo o Grupo, o conjunto pode gerar até cerca de 4 cv extras a potência total do carro.

A seguinte na escala de eletrificação é a Bio-Hybrid e-DCT, que é o sistema híbrido mais popular do mundo. Ele inclui, além do motor a combustão, transmissão automática e unificação de motor de arranque com alternador, um segundo motor elétrico maior, nesse caso acoplado a caixa de câmbio. Aqui, o motor elétrico maior alimenta baterias de íon-lítio de maior capacidade (48 Volts), permitindo que o carro em questão rode como um 100% elétrico durante alguns quilômetros (hoje, os mais eficientes rendem ao redor dos 100 km de alcance elétrico). O funcionamento completo é gerenciado pela eletrônica, mas o motorista pode escolher a melhor propulsão.

A seguinte, Bio-Hybrid Plug-In, como o próprio nome diz, já permite recarga das baterias por fonte de energia externa, como wallbox, tomadas residenciais ou eletropostos. Assim como o híbrido convencional, o plug-in conta com função de regeneração de energia durante condução, alimentação das baterias pelo motor a combustão e modo de rodagem 100% elétrico. Essa tecnologia já é explorada pelo grupo no Brasil com o Jeep Compass 4xe, híbrido plug-in.

O quarto e último elemento desse projeto é a plataforma BEV, 100% elétrica e sem propulsão a combustão. Esse é o sistema elétrico já conhecido por todo o mundo, e presente nos Peugeot e-208 e e-2008, além do pequeno Fiat 500e. A recarga das baterias do BEV, já com 400 Volts, é feita durante regenerações de frenagens e desacelerações, além de fontes de energia externa. No caso do sistema da Stellantis, já foi adiantado que ele possui som de operação customizável.

A Stellantis aposta nessa rota de transmissão, passando pelos híbridos flex, antes de partir completamente para a fase dos modelos elétricos: “Combinar o etanol, um forte aliado na redução das emissões de CO2, com a eletrificação se apresenta como uma alternativa competitiva de transição para uma mobilidade de baixo carbono”, diz o Grupo. Essa solução resolve, em partes, um dos maiores problemas dos carros 100% elétricos importados, que é o alto preço, enquanto os híbridos flex já poderão ser feitos em solo nacional.

“Recentemente, a Stellantis simulou um teste dinâmico com um veículo quando alimentado com quatro fontes distintas de energia, a fim de mensurar a emissão total de CO2 em cada situação. O automóvel foi abastecido com etanol e comparado em tempo real com a mesma situação de rodagem em três alternativas simuladas: com gasolina tipo C (E27); 100% elétrico (BEV), abastecido na matriz energética brasileira, e 100% elétrico (BEV) abastecido na matriz energética europeia. A comparação considerou não apenas a emissão de CO2 associada à propulsão do veículo durante o uso, mas também as variáveis que incluem as emissões correspondentes à produção do combustível ou geração da energia utilizada. A propulsão a etanol emitiu 18% menos CO2 do que um veículo elétrico abastecido com energia europeia, devido à sua geração baseada em fontes fósseis. Na comparação com gasolina, a redução das emissões é superior a 60%.”, relatou o material oficial de apresentação do projeto Bio-Hybrid.

Foto: Stellantis/divulgação

É cedo demais para falar em quais marcas e modelos estrearão a tecnologia por aqui. Mas, considerando o histórico de marcas como Jeep e Peugeot, a grande expectativa é que elas sejam umas das primeiras a contar com modelos Bio-Hybrid em suas linhas.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.