VW Santana Evidence 1989: a primeira fornada da série especial mais bonita do Santana

Foto de capa: reprodução/Reginaldo de Campinas

Primeiro Volkswagen médio representante dos carros de luxo no Brasil, o Santana foi lançado em 1984. Era a segunda geração do Passat alemão, e opcionalmente, podia vir com ar-condicionado, direção hidráulica progressiva, trio elétrico, fosse nas configurações de 2 ou 4 portas, além de câmbio automático de 3 velocidades, entre outros. Foi inclusive o primeiro Volkswagen nacional a oferecer esse tipo de câmbio.

Derivado de uma plataforma Audi, o Santana chegava por aqui em 1984 (Foto: VW/divulgação)

Com motor VW 1.8 carburado de 92 cv de potência a 5.000 rpm e 14,9 kgfm de torque a 2.600 rpm se abastecido com etanol, ou 86 cv a 5.000 rpm e 14,6 kgfm a 2.600 rpm com gasolina, seu desempenho agradava, ainda que carecesse de um pouco mais de fôlego graças ao peso do sedan.

O carro era bom, apesar de muito pesado para seu motor 1.8 (Foto: VW/divulgação)

Em 1985, com a chegada da sua station Santana Quantum, toda a linha recebeu um novo motor 1.8 intitulado AP-800, que trazia novos pistões, bielas mais longas e mais leves. O AP-800 rendia 94 cv a 5.000 rpm e 15,2 kgfm a 3.400 rpm (etanol)  ou 87cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 3.400 rpm (gasolina), uma evolução do antigo 1.8 do Santana de 1984.

Depois viria o station Santana Quantum, junto do novo motor (Foto: VW/divulgação)

A concorrência atacava forte, e a GM, rival de maior peso, lançava em 1986 o Monza 2.0, com potência de até 110 cv (na versão a etanol) e muito mais fôlego. Logo o Santana passava novamente a ser considerado lento.

Novas alterações no motor AP-800 tentavam compensar, e na linha 1987, além de um facelift com novos para-choques envolventes, versões inéditas e frente exclusiva na top de linha GLS, seu motor agora recebia mais 2 cv, tanto na versão a etanol quanto na versão a gasolina. Ainda assim ficava atrás do GM Monza 2.0.

Linha 87 trazia novo visual, versões renomeadas e 2 cv extras, mas o Santana precisava de mais para combater o Monza (Foto: VW/divulgação)

Em 1988, depois de tanta espera, era chegada a hora de lançar o motor AP-2000. A versão a gasolina tinha 99 cv a 5200 rpm, 16,2 kgfm de torque a 3400 rpm, acelerava de 0 a 100 km/h em 12,10 segundos, atingia 165 km/h, rodava 8,03 km/l na cidade e 12,02 km/l na estrada. Com etanol eram 112 cv a 5200 rpm, 17,3 kgfm de torque a 3400 rpm, 0 a 100 km/h em 11,37 segundos, 167,4 km/h de máxima, com consumo de 7,31 km/l na cidade e 9,22 km/l na estrada.

Boas novas para 1988: motor 2.0 AP, o famoso Santana 2000 (Foto: VW/divulgação)

Era tão rápido quanto o GM Monza, mais resistente e ostentava o emblema “2000” na traseira. Este emblema significava tanta coisa àquele tempo, que logo passou a ser visto nas traseiras de vários Santana mais antigos com motor 1.8. Um perito sabia quando era um Santana 2000 fake pelo velocímetro: quando dotado do motor 2.0, marcava até 220 km/h, ante os 200 km/h dos carros 1.8.

Versão GLS tinha interior mais luxuoso e potência extra para tentar combater o GM Monza 2.0 (Foto: VW/divulgação)

Ainda em 1988, o modelo passou a receber teto-solar opcional, além de tudo o que podia ser oferecido em um carro de luxo à época. O modelo GLS, mais completo da gama, tinha direção hidráulica, vidros elétricos nas 4 portas, travas elétricas à vácuo (mais silenciosas), antena elétrica, retrovisores elétricos, cintos retráteis na dianteira e na traseira (mesmo que fosse 2 portas), Para-sol com espelho iluminado para passageiro, sistema de som com rádio toca-fitas Bosch Rio de Janeiro com 4 alto-falantes, antena elétrica (um charme), acendedor de cigarros (!), cinzeiro (!), econômetro no painel, além de rodas de liga-leve de 13” e faróis de neblina integrados.

Teto-solar passou a ser um dos opcionais, juntamente com o ar-condicionado e câmbio automático (Foto: VW/divulgação)

Como opcionais, apenas ar-condicionado (sim, era opcional mesmo na versão de luxo) e o lento, mas competente, câmbio automático de 3 velocidades.

A Evidence

Série limitada, a Evidence chegava no finalzinho dos anos 80 (Foto: VW/divulgação)

Em 1989, chegava a série especial Evidence, para muitos a mais bonita da linha Santana. Baseada na versão GL, o modelo tinha uma aparência esportiva, ao mesmo tempo luxuosa, graças à cor Preto Ônix, e frisos, molduras das janelas, espelhos retrovisores e logotipos pintados na cor cinza, com lanternas traseiras fumê. Havia também uma inscrição adesiva “Evidence” nas laterais traseiras.

O interior tinha forros de porta e bancos revestidos em veludo, também cinza, adotado três anos depois pelo Gol GL. Seu volante era o mesmo de quatro raios comum à linha Santana 2000, porém revestido em couro legítimo. A manopla de câmbio também era revestida no mesmo material, e o painel era em dois tons de cinza: mais escuro na parte superior e mais claro na inferior.

Como itens de série, trazia travas, vidros, retrovisores e antena com acionamentos elétricos, além do excelente rádio Bosch Los Angeles II, comum também à GLS. Dela vinham também os faróis, acompanhados dos faróis auxiliares e setas no para-choque. Uma das coisas mais chamativas da Evidence eram as belas rodas Pingo D’água diamantadas comuns ao VW Gol GTS e GTi, calçadas com pneus 195/60R14. Seu único opcional era o tipo de combustível, fosse etanol ou gasolina, e o ar-condicionado (sim, caro leitor, eram outros tempos). Pra ele não havia câmbio automático ou teto-solar.

Mais elegante e sóbria que a versão EX, lançada um ano depois e responsável por introduzir a injeção eletrônica na linha Santana, a Evidence de 1989 é bastante rara, muito pela sua tiragem limitada, que a VW sempre ressaltava nas propagandas. Um desses bem conservado hoje chega a ser oferecido por mais de R$50.000,00. O nome Evidence foi resgatado pela marca em 1996, desta vez como uma versão oficial do próprio Santana, mas esta história eu conto em outra oportunidade.

Com tiragem limitada, o Santana Evidence não durou muito. Mas o nome ressurgiu anos depois em uma versão de produção normal (Foto: reprodução/Reginaldo de Campinas)
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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.