(Avaliação) Chevrolet Onix LT manual: “econômico” é apelido, “popular” foi no passado
Difícil falar de Chevrolet Onix sem citar a versão LT, intermediária mais vendida. Hoje seu preço fica ao redor dos R$87 mil nas concessionárias, dependendo do pacote: existem dois, sendo esse do carro das fotos o mais completo, com rodas de liga aro 15, chave presencial, partida por botão, câmera de ré etc. Nada a ver com um Onix LT de dez anos atrás, por exemplo, que era bem mais enxuto, inclusive no preço. Novos tempos…e a certeza cada vez maior que não existem mais os tais “carros populares”.
Sem motor turbo ou transmissão automática, embora exista essa versão com esses dois itens, ele tem um pequeno 1.0 tricilíndrico de aspiração natural, da família CSS, e câmbio manual de 6 marchas. É uma dupla que anima em vários sentidos, mas principalmente pela disposição, boa dirigibilidade e economia, preciosidades em um Onix, carro que cai tão bem no transporte por aplicativo, táxi e afins. Tem muitos deles trabalhando assim por aí.
O 999 cm³ é bom de ficha técnica com 79/82 cv de potência e 9,6/10,6 mkgf de torque (g/e), melhorando na prática, já que tem força prematura, comportamento elástico quase ideal e crescente. Some isso as passagens macias, precisas e curtas da alavanca de câmbio (melhora muito a sensação de condução) e pedal da embreagem que não cansa pela carga leve, e temos um carro facílimo e confortável de dirigir. Curioso ver que o pico de força desse motor 1.0 seja a altíssimos 4.100 rpm, já que é difícil precisar ir além dos 3.500 rpm sem pressa.
Aliás, pouco antes disso ele já parece entregar praticamente tudo, pelo menos para mover o Onix com tranquilidade e de forma progressiva. Ter um câmbio de marchas mais curtas acoplado a um motor forte em baixas rotações, que é o caso, resulta em uma das melhores combinações para agradar no desempenho, ainda mais falando de um hatch urbano. Dá resultado: um Onix 1.0 manual atual pode acelerar quase junto de um 1.4 automático de geração anterior.
Esse LT, graças ao câmbio curto e bem casado ao motor, sai da inércia em segunda marcha, passa lombadas e valetas em 3ª e, se precisar, dá conta do recado só com as marchas pares (pulando de 2ª pra 4ª e depois 6ª), claro que no plano e sem muito peso a bordo nesses casos, afinal ainda falamos de um “milzinho”. A última entra como sobremarcha, melhorando consumo e diminuindo o ruído, por isso, na busca de performance máxima, o ideal é fazer o caminho inverso baixando de 6ª pra 4ª. Todas operações fáceis, inclusive.
O fato é que qualquer tristeza com o desempenho limitado (praticamente nenhuma, afinal o carrinho é realmente esperto), é esquecida olhando o consumo que arranca sorrisos de qualquer motorista com médias de 15,0 km/l na cidade e 21,7 km/l na estrada (em 6ª sempre), usando gasolina nos dois casos. A média dos quase 600 km rodados no teste entre cidade e estrada, dividindo a km rodada pelo combustível queimado, foi além dos 17,5 km/l. Falar “econômico” soa quase como um apelido, o melhor seria “pão-duro” mesmo.
Vale o toque: com etanol, apesar das médias menores no consumo (mas ainda excelentes), o motor entrega 1 mkgf de torque a mais do que com gasolina, que pode fazer a diferença com o carro lotado, por exemplo. Em uma viagem, essa escolha pode ser importante. A diferença grande de força entre os dois combustíveis é comum nos CSS, inclusive nos turbo.
Para o dia-a-dia
A missão do Onix, ainda mais nessas versões de acesso, é ser um companheiro para o uso diário, aquele que tem trânsito, sol, chuva, frio, calor, geralmente na cidade. Por isso precisa ter, e tem, um bom acerto de molas e amortecedores, confortáveis, absorvendo a maioria dos impactos das ruas, além de um rodar silencioso, coisa que ele também entrega, seja pela boa quantidade de mantas acústicas ou conjunto que faz pouco barulho. Uma boa direção, leve e precisa, também cai bem.
Maior que um Hyundai HB20 ou Peugeot 208, por exemplo, ele é espaçoso, até pelos 2,53 m de entre-eixos (que fica na média dessa categoria) e, como bônus, teto alto e reto, que só vai inclinar depois do encosto traseiro. Vão bem quatro adultos e uma criança, mas pena que nessa versão ele ainda não tenha portas USB traseiras. Remediando, há pelo menos vidros elétricos com subida/descida automática nas quatro portas, e um banco traseiro generoso no tamanho e espuma.
Os da frente tem encosto embutido, mas um detalhe chamou a atenção: assim, forrado com tecido, os bancos do Onix ficam muito mais confortáveis que os das versões mais caras, que vestem uma espécie de napa. Se no RS hatch e na Midnight sedan geraram até críticas, aqui no LT mudaram minha opinião. Talvez pelo material ou outras mudanças que um carro “maduro” de produção, como ele, passam. Só que, para completar o posto de condução ideal, precisaria ter algum ajuste do volante, que aqui é fixo. Bem posicionado, mas fixo.
Ponta do lápis
Como todo hatch compacto com motor aspirado e câmbio manual bom de briga, o Onix LT2 (seu nome no catálogo) entrega conteúdo farto pelo preço que custa, mas sempre no mesmo “balaio” do segmento, sem ofertar nada de excepcional ou deixar de lado coisas essenciais. E a dupla motor e câmbio focada na eficiência faz dele o segundo mais econômico, perdendo apenas para o Peugeot 208. Fácil explicar seu sucesso.
Ficha técnica:
Concepção de motor: 999 cm³, flex, três cilindros, 12 válvulas (quatro por cilindro), aspiração natural, injeção indireta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio |
Transmissão: manual de 6 marchas + ré |
Potência: 79/82 cv a 6.400 rpm (gasolina/etanol) |
Torque: 9,6/10,6 mkgf a 4.100 rpm (gasolina/etanol) |
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira |
Pneus e rodas: Continental PowerContact 2, medidas 185/65 e rodas de liga-leve aro 15 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,16 m/1,73 m/1,47 m/2,55 m |
Porta-malas: 303 litros |
Tanque de combustível: 44 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.038 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 13,3 segundos (etanol) |
Velocidade máxima: 167 km/h (etanol) |
Preço básico: R$87.150 |
Itens de série:
Banco do motorista com regulagem de altura, Banco traseiro bipartido e rebatível, Bancos dianteiros com encosto de cabeça integrado, 06 Airbags (duplo frontal, duplo lateral e duplo de cortina), Sistema de imobilização do motor, Limpador e lavador elétrico do vidro traseiro, Controle eletrônico de estabilidade (ESP) e tração (TC), Sistema de freios com ABS, sistema de distribuição de frenagem (“EBD”) e assistência de frenagem de urgência (“PBA”), Acendimento automático dos faróis através de sensor crepuscular, Sistema de fixação de cadeiras para crianças (“Isofix e Top Tether”), Alarme antifurto, Chevrolet MyLink com tela touch de 8″, integração com smartphones através do Apple CarPlay via cabo, Rádio AM/FM, Bluetooth e Entrada USB, Duplo alto-falante e duplo tweeter (dianteiros), Espelhos retrovisores externos elétricos, Volante multifuncional fixo com 3 raios, Roda de liga leve aro 15″, Trava elétrica das portas com acionamento na chave, Easy Start – Partida sem chave, Desembaçador elétrico do vidro traseiro, Ar condicionado, Piloto automático, Indicador de troca de marchas, Direção Elétrica Progressiva, Painel de instrumentos com tela monocromática de 3,5″, Computador de bordo, Câmera de ré