(Avaliação) Chevrolet Onix RS é um cordeiro em pele de lobo, mas conquista pelo visual diferenciado

Quem olha para o Onix RS logo imagina: “nossa, esse aí deve andar igual um foguete!”, ou então “caraca, um esportivo de respeito para brigar com o Sandero R.S.”. Mas calma lá, porque não é muito bem assim: apesar do visual muitíssimo bem acertado, digno de um carro de alto desempenho, esse GM abriga sob o capô exatamente o mesmo motor turbo do restante da linha, e não existe sequer uma mudança nos sistemas de transmissão, direção, freios ou suspensão quando comparados com os outros Onix comuns.

O motor turbo é o mesmo das demais versões, assim como todo o restante da mecânica (Foto: Lucca Mendonça)

Isso não é nada ruim considerando que o hatch da Chevrolet sempre levou méritos pela boa mecânica, mas acaba sendo um tanto broxante pra quem espera arrancadas violentas, acelerações surpreendentes e a dinâmica de um carro de pista. Sendo um legítimo “esportivado”, a frase “cordeiro em pele de lobo” o define muito bem. Mesmo assim, ele une vários outros argumentos que podem te convencer a levá-lo pra casa: gasta pouquíssimo combustível, traz uma lista de itens de série recheada, é seguro, tem bom espaço interno e uma dirigibilidade bem acertada. Estamos falando de um carro de mais de R$83 mil, então não, ele não é barato, mas traz uma boa relação custo X benefício para os padrões atuais.

Seu motor é o moderno 1.0 turbo de três cilindros da família Ecotec, com quatro válvulas por cilindro e duplo comando variável. Feito totalmente em alumínio, ele entrega 116 cv e 16,3/16,8 mkgf de torque máximo, com gasolina/etanol, respectivamente. Não são números nem um pouco avassaladores, ficando aquém de rivais como VW Polo TSI e Hyundai HB20 TGDI, por exemplo, mas a vantagem está na construção mais simples, o que gera menos trabalho e custo na hora da manutenção. Associada a ele, está uma transmissão automática convencional de 6 velocidades, seguindo o mantra da concorrência.

Seu motor é o moderno 1.0 turbo de três cilindros da família Ecotec (Foto: Lucca Mendonça)

Com esse powertrain, o Onix RS e seus 1.085 kg atingem os 100 km/h em 10 segundos partindo da imobilidade, chegando aos 187 km/h de velocidade máxima, segundo dados oficiais. Realmente o visual diferenciado é seu único lado esportivo, mas o consumo é melhor que o de muito modelo híbrido por aí: em nossas medições, ele registrou 14,4 km/l de gasolina na cidade (com trânsito moderado e ar-condicionado sempre ligado), e ótimos 19,7 km/l na estrada, também abastecido com gasolina e em uma velocidade média de 115 km/h. E olha que essa versão nem traz sistema Start&Stop, senão esses índices de consumo seriam ainda melhores, principalmente no circuito urbano…

Pode parecer estranho, mas ao volante ele tem vários pontos em comum com o HB20 TGDI, seu principal concorrente. Quem vos escreve literalmente viajou 90 km com o Hyundai para trocá-lo por esse Onix e rodar exatamente a mesma distância na volta para casa, e, garanto, a semelhança é grande: peso da direção elétrica, posição geral dos comandos, altura dos bancos, tamanho da área envidraçada, além da boa eficiência dos sistemas de freio, com disco só nas rodas dianteiras, e suspensão, bem configurada entre maciez (conforto) e rigidez (estabilidade). Todos pontos positivos, diga-se de passagem.

Ao volante, as semelhanças com o seu rival HB20 TGDI são várias, o que não tem uma explicação lógica (Foto: Lucca Mendonça)

O HB20 só tem um pouco mais de potência e torque, por isso acaba tendo um desempenho ligeiramente melhor, mas nada que faça tanta diferença assim. É uma coincidência (ou não) bastante estranha, afinal os dois não tem absolutamente nada em comum, a não ser dividirem o espaço no mesmo segmento, o dos hatches compactos premium.

O que merece ser destacado no Onix é a segurança: nessa versão ele já traz 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), controles eletrônicos de estabilidade (ESP) e tração (ASR), assistente de partida em rampas (Hill Holder), monitor de pressão dos pneus (TPMS), além do útil alerta de uso do cinto de segurança para todos os passageiros, deixando-o praticamente no topo da categoria. Um ponto negativo vai para os bancos, tanto dianteiros quanto traseiro: são pequenos demais, pouco ergonômicos e tem o assento muito curto, o que acaba causando bastante desconforto nas viagens mais longas. Uma única falha dentre vários acertos, mas nem por isso merece ser esquecida.

Como todo bom hatch compacto premium, ele é satisfatório em espaço interno. São 2,55 m de entre-eixos em uma carroceria de 1,74 m de largura, ou seja, conseguem se acomodar até quatro adultos e uma criança no meio do banco traseiro, sem nenhum aperto. O console é um pouco mais longo do que deveria, mas, em contrapartida, temos um assoalho praticamente plano para quem vai atrás, com pouco ressalto do túnel central e caixas de ar baixas. A capacidade do porta-malas é de 275 litros, um pouco menor que a média da categoria (que geralmente fica entre 300 e 320 litros), mas devemos lembrar que ele ainda é um hatch compacto popular. E, dentro dessa proposta, ele se garante com alguns méritos.

O espaço interno é bom, mas os bancos desagradam (Foto: Lucca Mendonça)

Preço e equipamentos: vale a pena?

Essa RS fica posicionada entre as versões LTZ e Premier, as mais caras da gama do compacto da Chevrolet, e por isso traz uma boa lista de itens de série: ar-condicionado manual, direção elétrica, conjunto elétrico (vidros, travas e retrovisores), volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade, painel de instrumentos com tela multifuncional de 3,5”, piloto automático, faróis de neblina, luzes diurnas de LED (DRL), sensor de estacionamento, multimídia de 8” com conexões Android Auto/Apple CarPlay, 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), controles eletrônicos de estabilidade (ESP) e tração (ASR), assistente de partida em rampas (Hill Holder), monitor de pressão dos pneus (TPMS), rodas de liga-leve escurecidas aro 16, entre outros. A única coisa que fez falta foi a câmera de ré, que por esse preço já poderia muito bem vir de série.

O valor que a Chevrolet cobra pelo Onix RS é salgado (exatos R$83.500, sem opcionais disponíveis), mas isso não é novidade alguma pra nenhum carro atual. Se vale a pena? Sim, principalmente considerando seu visual esportivo de muito bom gosto, a boa dirigibilidade e a mecânica bem acertada. E para quem não gosta dessa aparência mais “sport”, existe ainda a versão LTZ com o mesmo conjunto motor/câmbio, que perde um pouco de conteúdo de série, mas oferece as mesmas qualidades em uma carroceria mais “careta”. O preço dessa LTZ é até menor, ficando na casa dos R$82,5 mil. Mas, cá entre nós: é difícil achar alguém que não goste do design desse RS, hein?

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.