XC90 vs. EX90: o que melhora e o que piora na linha de SUVs de luxo da Volvo
By Lucca Mendonça
17 de janeiro de 2024
O EX90 vem aí: sucessor do atual XC90, o novo SUV grande 100% elétrico da marca sueca deve desembarcar no Brasil ainda em 2024, mais pro final do ano. Ele é um progresso importante para a Volvo mundial, que vai dando passos largos rumo a eletrificação completa. E, como o XC90 não consegue ir além da propulsão híbrida, o EX90 vem para ser seu substituto completamente elétrico. Os dois, em tese, são bastante semelhantes, até pelo uso da plataforma modular SPA (o elétrico usa sua evolução, a SPA2), mas há algumas particularidades entre sucessor e sucedido.
Não indo muito longe da plataforma, temos carros de dimensões parecidas, ainda que o EX90 seja um pouco mais longo (5,04 m, contra 4,95 do XC), largo (1,96 m, versus 1,92) e com mais porta-malas que o atual XC90 (mais de 1.950 litros de espaço possível para bagagens, contra até 1.856 do híbrido). O XC90, por sua vez, vence na altura (1,77 m, ante 1,74 m do elétrico) e distância da carroceria em relação ao solo (24 cm, enquanto o EX90 ronda os 21 cm). Ambos contam com sete lugares de série, no esquema 2+3+2, então em matéria de espaço interno, as mudanças não deverão ser radicais. Uma das grandes virtudes do EX90, apenas, fica para seu piso plano, sem túnel central elevado, como é o caso do XC90.
Assim como o atual XC90 vendido no Brasil, o futuro EX90 deverá vir sempre com tração integral, proporcionada pela força de dois motores elétricos, um em cada eixo. A opção mais cotada pra cá é a topo de linha, com seus 517 cv de potência e quase 93 mkgf de torque, bastante superior ao do atual híbrido (pouco mais de 72 mkgf). Apesar da diferença de força, o XC90 Recharge, de dois motores, hoje já é considerado um belo de um “sleeper”, com aspecto familiar e tamanho colossal, mas acelerando como esportivo: são cerca de 5,5 segundos na prova de 0 a 100 km/h, segundo a fabricante.
O EX90 é mais rápido, e nessa configuração mais poderosa leva 4,7 segundo para cumprir a mesma prova. Brutal. Notou pouca diferença no desempenho pra muito mais torque do EX? A resposta está, em partes, no peso bem maior, afinal o elétrico passa dos 2.800 kg em ordem de marcha. Um XC90 dificilmente passa dos 2.400 nas mesmas condições. O elétrico tem mais torque, sim, mas também precisa puxar um “corpão” mais pesado. Lembrando que o elétrico, mesmo pesando mais, já está sem muita coisa mecânica presente no XC, a exemplo do câmbio automático de 8 marchas. De qualquer forma, nenhum dos dois deve abrir espaço para críticas quanto ao desempenho, nem quando estão cheios.
Um ponto que talvez cause certas limitações no novo EX90 é o fato de suas baterias, de até 111 kWh de capacidade, não proporcionarem um alcance tão grande quanto o do atual XC90 híbrido. É um problema que atinge todo e qualquer elétrico, não só esse Volvo, mas que pode atrapalhar a vida de quem vai utilizar o EX90 para viajar pra longe com a família, por exemplo. Com o tanque de 70 litros cheio de gasolina mais a carga das baterias do sistema híbrido, hoje um XC90 pode rodar quase 800 km sem precisar parar, enquanto o EX, segundo medições prévias pelo ciclo WLTP, não deve ir muito além dos 600 km de alcance com uma carga completa.
Ainda que os eletropostos sejam cada vez mais comuns, vale lembrar dessa desvantagem do alcance, e também do tempo a mais nas recargas, que ainda não são tão rápidas quanto uma parada no posto para encher o tanque com gasolina. No caso do tempo de recarga do EX, é possível ter até 80% da carga das baterias recuperada em cerca de 30 minutos ligado em fontes de alta potência (no caso dele, até 250 kW). É o tempo suficiente para uma descansada, ir ao banheiro, tomar um café e comer alguma coisa durante a viagem, mas, não tem jeito: precisa esperar.
Por outro lado, a evolução do EX90 frente ao XC90 quando o assunto é segurança e tecnologia, é enorme. O XC, em que pese os quase 9 anos de lançamento dessa segunda geração, ainda é considerado um dos carros de produção em série mais seguros do mundo (se não for “o mais”), nível que o EX deve superar com certa facilidade. O elétrico já conta com sistemas não presentes no seu antecessor híbrido, a exemplo da tecnologia LIDAR, que “enxerga” ou “lê”, e interpreta, qualquer coisa ao seu redor, podendo assim evitar acidentes.
Ele também pode perceber caso o motorista tenha tirado sua atenção do trânsito (com o celular, por exemplo), fazendo um alerta imediato. Graças também a esses mesmos sensores e câmeras internas, o EX90 pode detectar um cochilo, desmaio ou mal súbito de quem estiver dirigindo, e, se for necessário, o próprio carro pode parar em um local seguro, como no acostamento de uma rodovia, e até acionar socorro caso o problema seja médico. A Volvo o chama de “computador altamente avançado sobre rodas”, e não parece ser à toa.
Tudo no SUV elétrico é digital e bastante minimalista, a exemplo das telas dos instrumentos e da multimídia, que controla quase tudo do carro em uma tela vertical. O XC90, atualmente, segue quase a mesma cartilha, só que com visual e formatos comuns desde sua estreia em 2015. Em resumo, o EX é uma “evolução sem revolução” do seu antecessor híbrido nesse ponto. Ergonomia e funcionalidades devem também seguir o mesmo caminho, bem como o nível de acabamento interno. É só esquecer os couros legítimos e apliques em madeira do XC: no EX, toda a cabine é revestida com materiais de origem sustentável, inclusive com muitas peças recicladas. Mas, claro, com muito capricho.
Por enquanto, é questão de aguardar a chegada do EX90 em terras nacionais, ainda por preços inimagináveis, e, por enquanto, aproveitar o bom e velho XC90 Recharge enquanto é tempo…
