VW Passat Plus: o “cisne azul” com motor 1.8

O Passat chegou ao Brasil em 1974 como médio de luxo, dotado do eficiente motor VW BR 1.5 de 78 cv SAE a 6100 rpm (65 cv ABNT) e 11,5 kgfm de torque a 3600 rpm, nas versões L e Standard, sempre com carroceria de duas portas. Em 1975, a família cresceu com a chegada dos modelos de 3 e 4 portas, além das versões LM e LS, sem contar o desejado Passat TS de 1976, com motor VW BS 1.6 de 96 cv SAE a 6.100 rpm (72 cv ABNT) e 13,2 kgfm de torque a 3600 rpm. Com o motor de maior cilindrada, o médio da VW passava a contar com um desempenho bastante arisco, podendo encarar algumas versões de carros de maior cilindrada como o Ford Maverick e o GM Opala.

Em 1978 chegava o Passat Surf, uma versão de entrada bastante simples e ao mesmo tempo moderna, com decoração que remetia a esportividade, e que agradou em cheio o público jovem. Na mesma época, debutava ainda a versão LSE, com 4 portas e motor 1.6, sem contar a edição especial 4M, que já contei a história aqui na coluna. No ano seguinte, 1979, o modelo ganhava em seu primeiro facelift a frente do Audi 80 vendido no exterior até 1978, e aí suas vendas disparavam.

O motor 1.5 se despedia da linha Passat no final de 1982, abrindo espaço para o MD-270 1.6, que, assim como o 1.5, tinha também 72 cv ABNT declarados, mas sua potência máxima era atingida a 5.200 rpm. Eram ainda 12,2 kgfm de torque a 2.600 rpm, ou seja, a sensação de força era maior e vinha antes, tornando assim sua condução urbana mais confortável, exigindo menos trocas de marchas. Neste ano, quando o médio da VW já ostentava uma nova frente com quatro faróis quadrados, se juntavam a gama Passat, formada pelas versões LS e LSE, as GLS e GTS, esta substituta do TS.

Versão GTS substituía a antiga TS

Em 1984, a linha crescia com uma nova reformulação nas versões. Era apresentada a de entrada Special, a LS virava LS Village, a LSE tornava-se LSE Paddock e o Passat GTS era identificado agora como Passat GTS Pointer. Para reforçar este time, estreava o Passat Sport, sempre com motor 1.6. Aliás, toda a linha Passat era então movida pelo mesmo propulsor, o que causava certos “problemas” internos, como ter uma versão básica mais rápida que a esportiva, por conta da melhor relação peso X potência. Mas a VW tinha a solução…

No meio do ano, ainda 84, era apresentado o motor 1.8 no Gol GT, o primeiro Gol refrigerado a água, até então denominado VW 1.8, com 92,4 cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 2.600 rpm na versão a etanol, ou 85,7 cv a 5.000 rpm e 14,6 kgfm a 2.600 rpm na variante a gasolina. Para a linha Passat, esse 1.8 foi destinado com certa urgência à versão esportiva GTS Pointer, mas a encarregada de apresentar de primeira a novidade foi uma série especial denominada Plus, no caso, só a etanol.

Esta elegante série, primeiro Passat com motor 1.8, foi oferecida nas cores azul metálico e prata, possuindo alguns itens exclusivos, como friso vermelho fino desde o paralamas até os vidros laterais, ou uma faixa preta lateral na mesma posição dos frisos de borracha utilizados a partir da linha 1985. A Plus contava também com molduras pretas nos faróis assim como o Special, frisos pretos ao redor dos vidros, para-choque na cor do veículo, spoiler dianteiro, faróis de neblina, vidros verdes, desembaçador traseiro, logo 1.8 na grade dianteira, adesivo Plus no paralamas dianteiro e tampa do porta-malas, além de supercalotas similares às da linha Santana CS/CG.

Seu interior era exclusivo: tinha carpete, forrações dos bancos, laterais de portas e parte do teto interno na cor azul. Até mesmo as telas plásticas dos alto-falantes das portas eram azuis. O console era o mesmo da versão LS Village, mais simples, e o rádio era fixado no acabamento inferior central do painel, através de um suporte utilizado em outras versões anteriores da linha. Seu volante e manopla do câmbio seguiam o mesmo visual dos da versão GTS Pointer, e o Passat Plus tinha também retrovisores externos com comando interno manual, painel com hodômetro parcial e relógio, cintos de segurança pretos e buzina dupla, charme típico dos anos 80.

A partir de 1985, os Passat sofreram sua última remodelação nacional ganhando para-choques envolventes, novo painel, nova instrumentação, além de um acabamento primoroso. Era, para muitos da imprensa especializadas da época, o melhor carro médio fabricado no Brasil. Ao mesmo tempo, as versões Sport e Plus eram descontinuadas, dando fim ao pioneiro Passat 1.8 repleto de partes azuis.

De acordo com o DENATRAN, existem registradas atualmente 1.744 unidades do Passat Plus em território nacional, e encontrar uma unidade com suas características originais não é nada fácil. E você, já viu um Passat Plus na rua?

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.