VW Passat 4M: a comemoração de 4 milhões de unidades da VW no Brasil

O Volkswagen Passat tem uma história longa, que remete aos idos de 1973 quando foi lançado na Alemanha. Por aqui, foi sucesso entre 1974 e 1989 como nacional, e teve outras passagens de 1994 a 2021, vindo da Alemanha, quando deixou de ser importado. Hoje, o modelo chega à nova geração no exterior apenas na versão station, e, por essas e outras, infelizmente passa longe do mercado brasileiro.

 

Modelo de porte médio, chegou ao Brasil dotado do eficiente motor VW BR 1.5 de 78 cv SAE a 6100 rpm (65 cv ABNT) e 11,5 kgfm de torque a 3600 rpm, capaz de levar as versões L e Standard na carroceria duas portas aos 150km/h de velocidade máxima, acelerando de 0 a 100 km/h em 16,1s. Eram números respeitáveis àquele tempo. Seu consumo era de 9,8 km/l de gasolina na cidade e 14,4 km/l na estrada.

Primeiro Passat tinha sempre carroceria de duas portas, duas versões e motor 1.5 (Foto: VW/divulgação)

Logo no ano seguinte, 1975, a família cresceu com a chegada das carrocerias de 3 e 4 portas, além das versões LM e LS, ambas com o mesmo motor, e, para 1976, a grande novidade era o esportivo Passat TS (Touring Sport), com motor BS 1.6 e desempenho bastante arisco. Logo a VW também providenciava a carroceria de cinco portas (quatro laterais mais porta-malas com tampa unindo o vidro à lata), essa destinada a exportação: iam para a América Latina, Europa e até África.

Mas a história do nosso 4M começou mesmo em 1977: nesse ano, surgia um marco na fábrica de São Bernardo do Campo/SP, onde registravam-se 4.000.000 de Volkswagen fabricados no Brasil. Este número não seria nada perto dos atuais 25.000.000 de unidades produzidas naquela planta, sendo pelo menos 8.500.000 somente do Gol, modelo mais vendido da história em nosso país, mas, para os anos 70, era momento de comemoração.

Coube ao Passat, sucesso de vendas, registrar o momento histórico, em sua primeira edição especial, chamada 4M, que se refere a “4 Milhões”, embora muitos confundam com “4 Marchas”, numa falsa alusão a sua transmissão manual. Fabricado em 1977 como modelo 1978, o modelo especial era o carro mais avançado da marca, e teve excelente aceitação no mercado. Era oferecido apenas na carroceria de 3 portas, com o mesmo motor BR 1.5 das versões L, LM e da LS, na qual o 4M se baseava.

Se nada mudava na mecânica e concepção além de uma caixa de fusíveis própria (pela inédita configuração de equipamentos), a diferenciação do 4M era, principalmente, visual: sua frente era a mesma do esportivo Passat TS, com quatro faróis redondos e lâmpadas amarelas, um charme dos anos 70, juntos dos refletores do Brasília. O kit acompanhava ainda friso cromado em volta da grade e faróis, parachoques cromados com borrachas protetoras (emprestados também do TS), além de um friso lateral que percorria o paralamas dianteiro, a porta e a lateral traseira. Essa peça estreou nele, e só depois viria a equipar versões luxuosas como a LSE.

A frente com quatro faróis redondos do Passat TS veio parar no 4M, junto de outras diferenciações (Foto: VW/divulgação)

Como grande destaque, suas rodas aro 13 traziam a mesma pintura da carroceria (e desenho semelhante a dos TS, também de tala 5”), no estiloso tom Cinza Grafite. Essa cor nasceu para o 4M, mas a partir de 1978 se espalhou para outros modelos da linha VW. O carro era descrito pela marca como “arrojado”, “exclusivo”, “elegante”, entre outros adjetivos, e inovava ainda com a tampa do porta-malas com aplique preto, combinando com um contorno das janelas também em adesivo escuro. Seria uma clara fonte de inspiração para as futuras decorações do TS de linhas posteriores. Na tampa traseira e grade do radiador iam os chamativos emblemas vermelhos “4M”.

Interior tinha mescla única de cores: bege, marrom, preto e partes cromadas (Foto: VW/divulgação)

Mais exclusividades vinham na parte interna, feita com combinação única de cores. Volante, tabelier do painel, console e instrumentos tinham predominância do preto, contrastando com o marrom dos tapetes de borracha, parte superior das laterais de portas e laterais dos bancos. Não parava por aí: encosto e assento dos bancos eram majoritariamente feitos em tecido bege, acompanhando o tom do assoalho e da parte inferior das laterais de portas. Realmente exclusivo! E, claro, com a destacada sigla “4M” vermelha fixada também no painel.

Claro, não podia faltar a sigla “4M” no painel (Foto: VW/divulgação)

Vinha com itens de série como freios de duplo circuito em diagonal, servo-freio, pneus radiais, bancos dianteiros reclináveis com encosto de cabeça integrados, rádio AM/OM/FM Stereo, retrovisor externo cromado, entre outros equipamentos. Apenas 1.000 brasileiros tiveram a chance de levar um modelo deste para a casa, os quais eram chamados de “exigentes” pela fabricante alemã.

Hoje, segundo levantamentos de fãs do modelo, não restaram mais do que 20 ou 30 unidades com certo nível de originalidade e em bom estado de conservação do VW Passat 4M. Falando do Passat como um todo no mercado brasileiro, foram comercializados 676.829 carros por aqui, fora outras 221 mil unidades exportadas para diversos países, fazendo dele um dos mais representativos e marcantes de nosso mercado.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.