VW Gol Free: o Gol com frete grátis vendido pela internet

Muito acertado para o mercado nacional, o Gol fez história, e seu legado fala por si. A geração mais vendida foi a segunda, lançada em 1994. Quando foi apresentada na linha 1995, com a nova plataforma AB-9, uma evolução ante a plataforma BX (mesmo com o motor ainda disposto na posição longitudinal), trazia mais espaço interno e maior rigidez torcional, além de maior conforto, sobretudo, para os passageiros do banco traseiro.

Em 1997, com cerca de quatro anos de mercado, o Gol de segunda geração (chamada de “Bolinha”), recebia o motor Hitork 1.0 16v (leia mais aqui), e a família do VW aumentava. Neste ano, o hatch bateu recorde de vendas, com 361.402 unidades comercializadas no Brasil. Os modelos populares eram Gol Mi, Gol Mi Plus, Gol Mi 16v, Gol Mi 16v Plus, e, a partir de 1998, entrava para o time o Gol Special. Era ainda mais simples, em um formato que, para muitos, fez dele o melhor popular fabricado na história da marca alemã no Brasil.

O Special trazia como itens de série o essencial, e nada além: acendedor de cigarros, hodômetro digital e ventilação forçada com 3 velocidades. Seu painel, com uma vistosa iluminação verde, perdeu o termômetro, e no lugar, vinha com uma luz espia que indicava quando o motor atingisse a temperatura máxima, além de um indicativo escrito de pressão ideal para a calibragem dos pneus. Muitos proprietários instalavam o painel do Mi, que tinha o termômetro, ou mesmo o painel do modelo 16v, que tinha, além do termômetro, conta-giros.

Carro era extremamente simples, com soluções drásticas para baratear seu custo e pouquissimos equipamentos de série (Foto: VW/divulgação)

O VW Special contava também com o elogiado motor AT-1000 com injeção multipoint, 54,4 cv de potência ABNT a 5.200 rpm e 8,6 kgfm de torque a 3500 rpm. Assim, pesando apenas 910 kg, atingia os 141 km/h de velocidade máxima, acelerando de 0 a 100 km/h em 17,44s. Parece pouco, mas, era possível fazer viagens a 120 km/h constantes e, sabendo usar bem o câmbio, o carro não perdia velocidade nas longas subidas. Há relatos ainda de alguns Special passando dos 160 km/h, mas claro que com o auxílio de alguns declives.

Além de valente, o Golzinho popular era muito econômico, fazendo médias encontradas em carros atuais. Na cidade, usando gasolina, conseguia 12,25 km/l, chegando a 15,77 km/l na estrada. Lembrando que a média de estrada pode ser de 2 km/l para mais ou para menos dependendo do pé do motorista.

Com o interior cinza claro, seus bancos em tecido eram confortáveis, mesmo sem regulagens adicionais, e os cintos de segurança retráteis no banco traseiro forneciam mais segurança aos ocupantes. Havia tecido também nos forros de portas, que contavam com porta-objetos integrais. Até 2001, seu único opcional era a pintura metálica. A partir de 2002, passou a ser oferecido também com ar-condicionado extra. O modelo nunca teve, nem como opcional, a direção hidráulica

Em 2003, o Special foi simplificado, quando o interior passou a ser na cor preta, com plásticos mais finos e rústicos. Os cintos traseiros passaram a ser fixos e alguns revestimentos de acabamento foram substituídos ou mesmo retirados, como o do painel traseiro (próximo a fechadura do porta-malas), tornando-o um carro bastante espartano. Apesar disso, recebeu calotas integrais e pneus 175/70R13, em substituição aos 145/80R13.

“Bigodinho” da grade era preto e as rodas de ferro foram cobertas por calotas em 2003 (Foto: VW/divulgação)

No mesmo ano, 2003, foi lançada a versão Free, vendida exclusivamente pela internet e com o grande atrativo do frete grátis (daí o nome “Free”). Baseado na Special básica, o Gol Free externamente era identificado pela logotipia em adesivo no canto da tampa traseira.

Diferente do Special de origem, o Free mantinha os pneus 145/80R13, e suas rodas, vindas do antigo Gol CL Mi, eram pintadas na cor prata, com calota central (o famoso copinho plástico). Estas rodas se tornavam exclusivas do modelo, já que as rodas do Special comum eram mais modernas, enquanto as versões mais caras, com motor 1.6, tinham rodas pintadas de preto e cobertas por supercalotas.

Básico, o Free era realmente barato. Fosse a etanol ou a gasolina, era tabelado em março de 2003 a R$17.560,00, equivalentes hoje a R$68.704,66 de acordo com o índice IGPM/FGV. Tinha como itens de série acendedor de cigarros, vidros verdes e hodômetro digital, apenas. Os opcionais eram os mesmos da Special tradicional: sendo assim, o modelo podia receber limpador/desembaçador do vidro traseiro, aquecedor, pintura metálica e ar-condicionado.

Atualmente, achar um Gol Free ainda identificado corretamente, com o adesivo alusivo (que dificilmente era encontrado para reposição e se desgastava com facilidade), é tarefa para colecionadores e fãs do hatch da VW. Não se tem informações de quantas unidades foram produzidas, e até mesmo no documento, a série era identificada apenas como “Special”. A maioria desses carros perdeu sua identificação externa original, fazendo dele uma raridade das grandes.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.