(Lançamento) BYD Dolphin Mini quer liderar e pode ser seu primeiro carro elétrico. Test drive!

Certa está a BYD em aproveitar o máximo do nome Dolphin no Brasil: se aquele hatch metido a monovolume está fazendo tano sucesso desde que foi lançado, há cerca de nove meses, com o nome na boca do povo, porque não lançar outro carro elétrico parecido, só que menor, com o nome de Dolphin Mini? Pois aqui temos ele, que, apesar da polêmica do preço maior que o esperado, chegou por R$115.800 com a pretensão de ser o primeiro 100% elétrico de muita gente. A liderança no mercado de EVs no Brasil, claro, é outra meta da BYD.

O famigerado preço de lançamento, que todos esperavam ser de R$99.800, até tem explicação: esse é seu valor com o desconto de R$10 mil para quem comprasse no dia da estreia (R$105.800), mais a retirada do “brinde” do wallbox residencial (R$6 mil), chegando assim na cifra abaixo dos R$100 mil que tanto causou burburinho no mercado. Se a estratégia de incluir o desconto para os primeiros compradores junto do carregador elétrico “grátis”, subindo seu preço, foi boa? Pode ser que sim…

Isso porque, mesmo custando quase R$116 mil, o Dolphin Mini ainda está um belo passo a frente da concorrência, hoje composta pelo Renault Kwid E-Tech (ainda o mais barato disparado, por R$99 mil), Caoa-Chery iCar (R$120 mil) e JAC E-JS1 (que fica numa sinuca de bico por R$127 mil), todos chineses, assim como o BYD. Começando pela sua base modular e-Platform de terceira geração, mesma dos modelos elétricos mais caros da marca, que coincide com a carroceria feita sobre ela, que usa mais de 60% de aços ultrarresistentes e tem tudo para ir bem nos testes de colisão mundo afora.

A carroceria, aliás, lembra o estilo que tínhamos no finado VW Fox: estreita e altinha, ao mesmo tempo curta para facilitar o uso diário e com bastante espaço interno. Só que bem mais ousada, e com soluções à lá Fiat Uno, a exemplo do único limpador de parabrisas. Esse BYD, aliás, se chama Seagull na China (“Gaivota”) e já emplacou quase 250 mil unidades em menos de 1 ano, tem porte até menor que o do VW, não indo além dos 3,78 m de comprimento, 1,71 m de largura e 1,58 m de altura, enquanto o entre-eixos fica na casa dos 2,5 m. São ainda 230 litros de capacidade de porta-malas, dignos para sua proposta. Lembrando que, se comparado aos seus rivais, o BYD é o maior nas medições externas, mas não no porta-malas.

Sua força, que permite aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 15 segundos e máxima de 130 km/h, segundo a fabricante, vem de um pequeno motor elétrico dianteiro, acoplado ao eixo da frente, que entrega 75 cv de potência e pouco mais de 14 mkgf de torque imediato. Quem acumula carga para render até 305 km de alcance pelo ciclo WLTP (ou 280 pelo PBEV nacional) é uma bateria com tecnologia Blade, feita de um composto de fosfato de ferro-lítio, que armazena até 38 kWh e vai instalada no assoalho, fazendo parte da plataforma completa do carro (ajuda na rigidez torcional e afins).

Outra vantagem dessas baterias Blade, desenvolvidas e fabricadas pela própria BYD, é o menor tempo de recarga, que pode ser feita em tomadas residenciais de 127V ou 220V, wallboxes ou eletropostos com até 40 kW de potência: nas melhores condições, é possível recuperar 50% da carga ao redor dos 30 minutos (de 30 a 80%). Até pelo baixo peso do pequeno elétrico, de menos de 1.250 kg, a BYD já comemora que é do Dolphin Mini o título de carro elétrico mais eficiente do mercado nacional: em conversão, ele faz o equivalente a 70 km/litro se falarmos de gasolina ao invés de eletricidade. Em segundo lugar está o Dolphin convencional.

A lista de equipamentos, como de praxe nos carros da marca, é extensa, e tudo vem de série, sem opcionais: direção elétrica, abertura elétrica do porta-malas (destrava eletricamente, não abre a tampa), rodas de liga-leve aro 16 (calçadas com pneus 175/55 que, até agora, só ele usa), faróis em LED com ajuste elétrico de altura, sensor crepuscular, lanterna traseira em LED, luzes de neblina traseiras, DRL (luzes diurnas em LED), vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores com ajustes elétricos e função de desembaçamento, travas elétricas, chave presencial, partida por botão, volante multifuncional, painel de instrumentos digital de 7”, multimídia rotativa de 10,1” com internet a bordo e apps embutidos (incluindo navegador GPS).

Mais: carregador de celular sem fio, banco do motorista com ajustes elétricos (item que nem o Dolphin maior tem), bancos com revestimento em couro sintético, banco traseiro rebatível, 4 alto-falantes, piloto automático, sensores de estacionamento traseiros, sistema de comandos de voz (“Hi, BYD”), ar-condicionado automático digital, freio de estacionamento eletromecânico com função Auto Hold, seletor de modos de condução (Eco, Normal, Sport e Escorregadio), volante ajustável em altura e profundidade (outro item que o Dolphin normal não oferece) sistema de regeneração de energia em frenagens, ESP, TC, Hill Holder, TPMS, 6 airbags, entre outros.

O Dolphin Mini, que já está na rede de concessionárias da BYD e também pode ser comprado pelo Mercado Livre mediante sinal de R$10 mil, vem com garantia total de 5 anos ou 500 mil km (o que ocorrer primeiro), enquanto a cobertura das baterias é de 8 anos sem limite de quilometragem. As cores externas são alegres: Branco Apricidade, Preto Polar Noturno, Rosa Pêssego e Verde Broto, que podem ser combinadas com os tons de azul claro, azul escuro ou rosa claro do seu interior.

Conhecendo o carrinho

Ainda que o test-drive do lançamento do Dolphin Mini não permitisse absolutamente nada a não ser uma insossa volta em um trecho traçado por cones dentro de um galpão (onde não se podia ir além dos 10 ou 15 km/h, durando no máximo 1 minuto), deu para perceber acertos de conforto e dirigibilidade próximos aos do Dolphin EV, seu irmão maior. Ou seja, elogiáveis, ainda mais pelo pequeno diâmetro de giro e rodas com bom ângulo de esterço, facilitando manobras apertadas, e uma ergonomia agradável até para os maiores motoristas.

O espaço interno surpreende para um carro com ditos 2,5 m de entre-eixos: sobra um vão enorme entre os bancos dianteiros e traseiro, com o bônus da movimentação facilitada (assim como o entra-e-sai), já que o assoalho é totalmente plano e no mesmo nível das caixas de ar e soleiras de portas. Mesmo com 1,87 m de altura, não cheguei a encostar a cabeça no teto do carrinho em nenhuma ocasião, quer seja sentado na frente ou atrás. O acabamento também é dos melhores, superando até o de SUVs compactos bem mais caros que ele, e os luxos a bordo conquistam com facilidade o consumidor brasileiro.

Por enquanto, ele só pode transportar quatro pessoas, mas a BYD já corre para finalizar a homologação da versão para cinco ocupantes, que ganhará ainda um terceiro apoio de cabeça traseiro e mais um cinto de três pontos no meio. Só não se sabe se os carros de quatro lugares conviverão com os de cinco, ou se o segundo vem em substituição ao primeiro. De qualquer forma, é apertado rodar com cinco a bordo do carrinho, afinal sua largura tem limitações. Ao menos, na frente, os bancos são grandes e acomodam com conforto quem for lá, e o porta-malas tem boca grande e baixa, facilitando a vida de quem for colocar coisas maiores e mais pesada lá dentro.

O movimento das rodas aos comandos do volante é rápido e ágil, por conta de uma direção elétrica multiplicada nas baixas velocidades, assim como o comportamento dos freios, a disco nas quatro rodas (como em todo carro chinês que se preze). Só não deu para perceber e entender o trabalho das suspensões, até porque a “pistinha” feita com cones do test-drive era lisa, cimentada e totalmente plana. Se houver uma configuração parecida com a do Dolphin EV, com maciez para os ocupantes e boa estabilidade, oriundos de um conjunto independente tipo McPherson na dianteira e de eixo de torção na traseira, deverá agradar. Fica para uma futura avaliação…

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.