Quando um carro “velho” pode salvar a vida de necessitados

A ideia é muito boa: gerar recursos oriundos da venda de um carro para ajudar pessoas necessitadas, que passam fome ou precisam de algum apoio para suas famílias. Pois bem, apesar desse assunto não ser o corriqueiro, a ajuda à quem precisa, juntamente com suas famílias, sempre cai bem, ainda mais diante da situação complicada que vivemos ultimamente: muitos moradores de rua, vários necessitados e desemprego em alta.

Aquele carro esquecido dentro de uma garagem ou na porta de uma casa pode ter um destino bem interessante (Foto: reprodução/carrocultura.wordpress.com)

Mas, mesmo assim, a história não deixa de envolver carros, que é o que, de fato, realmente gostamos de falar, escrever e ler sobre. O processo funciona assim: sabe aquele carro que você vê abandonado por aí, com um dedo de poeira por cima, que já foi valioso, mas hoje se torna um estorvo ao seu proprietário? Esteja esse veículo na garagem ou na porta da casa do dono, quase sempre fica endividado ou irregular com documentação atrasada e débitos diversos. Acaba se tornando um problemão!

Pois o Instituto Beneficente Israelita, a ONG Ten Yad, transportou uma ideia norte-americana para cá: eles recebem esses veículos, quase estorvos, em forma de doação, resolvem os problemas legais (licenciamentos, multas, IPVAs e por aí vai), consertam o que for necessário (seja manutenção mecânica ou reparos diversos), e colocam esse carro, em condição de uso novamente, para venda em um bazar.

Claro que antes de ser vendido no bazar, o carro passa por uma boa revisão (Foto: BMW/divulgação)

O dinheiro originário desse negócio é totalmente revertido em doações para necessitados e vulneráveis: há programas para alimentar pessoas em situação de rua, para carências de necessitados, para dar atenção à famílias em vulnerabilidade e outros. Lembrando que a ONG Ten Yad já tem mais de 30 anos de atuação, e fica instalada na capital paulista. Só por esse processo, já se passaram dezenas de carros, todos doados, regularizados, reparados e revendidos.

E para quem pensa que apenas carros velhos, com muita idade (ou quilometragem) e obsoletos acabam sendo doados, hoje a ONG tem disponível para a venda, ou seja, que já passaram por todo o processo, um Kia Carnival 2012 blindado e um Renault Kangoo Furgão 2013, ambos com não mais que 130 mil km registrados no odômetro. Isso mostra também a diversidade de modelos: literalmente varia de ferramentas de trabalho à vans familiares de luxo.

Mas tem dois requisitos importantes para o Instituto aceitar a doação daquele carro. O primeiro é que o doador precisa ser o proprietário no documento, ou algum representante legal do bem. E ele também precisa valer a pena para venda, ou seja, o preço da regularização, reparos e manutenções não podem exceder, juntos, o valor do carro no mercado. Nos casos da conta não fechar, a ONG precisaria colocar dinheiro “do bolso” para concluir o processo, o que não faria sentido algum.

Um dos poucos requisitos é que o proprietário ou seu responsável legal entregue o carro (Foto: reprodução/internet)

A “mecânica” disso tudo

Como comodidade, a ONG disponibiliza uma plataforma para ir retirar o carro onde ele estiver, desde que seja na região da Grande São Paulo. Mas, caso o tal veículo ande, nada impede que o proprietário vá leva-lo na sede do Instituto para a doação. O esquema de buscar, claro, dá muito mais comodidade ao doador.

Caso o carro pra doação não ande, a própria ONG vai buscá-lo, mas precisa estar na Grande São Paulo (Foto: Facchini/divulgação)

O próximo passo, depois da transferência de nome, é regularizar toda e qualquer pendência burocrática do carro, quitando dívidas, atualizando documentos etc. Ao mesmo tempo, tudo que for necessário reparar ou consertar no veículo, é feito, sempre com o objetivo de trazê-lo de volta à vida. Em seguida, já “pronto”, o carro é disponibilizado para a venda em um bazar, que acontece no bairro paulistano do Bom Retiro, de segunda a sexta. Aqui, no site deles, há mais detalhes.

Fica claro, nisso tudo, que um carro sem uso, ou que já virou um problema ao seu proprietário, pode se transformar em um benefício caridoso pra quem passa necessidades, carece de alimentos ou itens de higiene pessoal, ou esteja em situação de vulnerabilidade social. De quebra, um carro que poderia virar sucata ainda é resgatado e volta a rodar, podendo até salvar vidas. E aí, vamos ajudar?

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.