Carro chinês com 50 mil km sem nenhuma revisão: a GWM desmontou um pra ver

A Great Wall Motos, mais conhecida com GWM, é hoje a maior fabricante de carros do mundo, enquanto aqui no Brasil vem superando algumas tradicionais no ranking de vendas. Sua linha ainda é pequena por aqui: três modelos, sendo um SUV que pode ser híbrido comum ou plug-in, um SUV coupé com proposta esportiva, além de um hatch 100% elétrico com preço competitivo. Mas só ter preço, estratégia, rede autorizada e cinco anos de garantia não parecem ser suficientes…

Foto: GWM/divulgação

A marca vem emplacando muito bem, obrigado. Ao menos nos centros urbanos, ver os Haval H6 e H6 GT é uma tarefa cada vez mais fácil. Os Ora 03 GT, elétricos pequenos, também vem surgindo por aí. E, mesmo até agora tendo a satisfação de praticamente todos que compraram seus carros, o pessoal da GWM botou a prova a durabilidade dos seus produtos, que ainda são chineses, mas em breve sairão de Iracemápolis, interior de SP, onde antes habitava a produção de alguns Mercedes.

Foto: Great Wall/divulgação

E, por ser chinês, muitas cabeças antiquadas por aí ainda torcem o nariz pensando que são carros frágeis, que quebram fácil, que tem procedência duvidosa e se tornam micos de mercado. Isso acontecia…lá no começo da década passada. De qualquer forma, pra não deixar dúvidas e tentar mudar o pensamento de alguns, a Great Wall desmontou por inteiro um Haval H6 HEV, versão híbrida comum, sem recarga externa, do seu SUV médio. E, em “desmontou”, leia-se “separou peça por peça”, já que o teste foi no esquema do Longa Duração, da Revista Quatro Rodas.

Inclusive, quem desmontou o GWM foi Fábio Fukuda, encarregado pra essa função pela Quatro Rodas por mais de 20 anos, tempo em que ele transformou mais de 100 carros inteiros em diversas peças para analisar desgastes, danos, qualidade de fabricação, facilidade de montagem/desmontagem, e o quão robusto e preparado para o mercado brasileiro o modelo está.

O Great Wall do teste não é qualquer carro: se trata de um protótipo, fabricação 2022/modelo 2022, para homologação do SUV por aqui, que ainda conserva a configuração chinesa e que rodou quase 52 mil km em terras tupiniquins (51.886 km pra ser exato). E em testes: rodou em asfalto e fora dele, pisos ótimos e terríveis, passou pela buraqueira, atravessou lombadas e valetas, transitou no frio e no calor, sob sol e chuva, com diversas pessoas ao volante e milhares de litros de diferentes tipos de gasolina. Desde as premium até as batizadas de beira de estrada, tudo em prol da análise de durabilidade e estudos da engenharia brasileira da marca.

Um detalhe é que, segundo a GWM, esse Haval H6, coitado, nunca passou por nenhuma manutenção. Apenas rodou, com os mesmos óleos lubrificantes e filtros, conservando as suspensões e freios de fábrica, sem passar por nenhuma manutenção corretiva nem revisão programada, que deveria ser feita a cada 12 mil km no caso desses SUVs. Nem alinhamento e balanceamento das rodas ele fez. Ao que tudo indica, não quebrou, o que já dá indícios do seu nível de confiabilidade…

O resultado, segundo o material oficial da Great Wall, surpreendeu Fukuda, e pelas fotos são nítidos os níveis de conservação das peças e componentes do Haval de quase 52 mil km. Além do motor 1.5 turbo, completamente desmontado para análise e elogiado pela qualidade e robustez dos componentes mesmo sem nenhuma revisão preventiva, as peças da cabine sofreram poucos desgastes e apresentavam qualidade superior ao esperado. Nem mesmo os sistemas de refrigeração dos motores a combustão e elétrico sofreram muito no período de testes, ainda com o líquido refrigerante original.

No sistema de freios, os itens ainda estavam dentro dos padrões especificados pela fábrica, com desgaste quase nulo dos discos e pastilhas ainda com boa vida útil. Por ser híbrido, o Haval H6 tende a economizar os freios, já que a regeneração de energia consegue desacelerar o carro, suprindo o uso do pedal pelo motorista. Esse GWM recebeu elogios ainda de Fábio pelo superdimensionamento dos componentes das suspensões, em especial da dianteira. Mesmo sem manutenção alguma, estava tudo em ordem e pronto pro uso.

Foto: GWM/divulgação

A carroceria e componentes mecânicos, além do conjunto de baterias, não mostraram acúmulo de poeira nem resquícios de invasão de água em pontos vedados. O nível do acabamento da cabine, materiais, bancos, volante e painéis, nem pareciam de um carro tão rodado e que esteve em fase de testes severos. Fábio Fukuda notou apenas certa dificuldade na desmontagem de alguns componentes do Haval, como os da suspensão, que tinham parafusos com torque excessivo.

Foto: GWM/divulgação

Pra saber mais sobre a desmontagem desse H6 HEV, a GWM fez uma live no YouTube (assista aqui) para mostrar em detalhes as peças e componentes do carro desmontado. Além disso, em um arquivo PDF (acesse por aqui) mostra, de forma mais breve e ilustrada, o estado de conservação do SUV.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.