(Avaliação) Mercedes GLA200 AMG Line consegue unir o melhor de três mundos

Já viu esse GLA200 na rua? Não estranhe se ele for novidade para você: a Mercedes traz poucas unidades dele para o Brasil (é feito na matriz alemã), e, por isso, acaba sendo figurinha rara pelas ruas daqui. Seu antecessor, o GLA de primeira geração, um legítimo crossover que partia da Classe A hatch, você provavelmente já viu por aí, mas os dois são tão distintos que nem parecem ser da mesma família.

Essa carroceria atual, lançada no início de 2021, tem um estilo único e bem curioso que mescla elementos de um hatch altinho, crossover/SUV e, quiçá, minivan. Seus trunfos, por essas e outras, acaba sendo no interior bem espaçoso, como esperado de um carro familiar, ou na característica posição de guiar não muito baixa de um utilitário. Um utilitário da Mercedes, claro. O body kit AMG Line que dá direito as rodas aro 20, detalhes em preto brilhante ou interior com costuras vermelhas e acabamento em camurça é de série.

As rodas aro 19 fazem parte do pacote AMG Line, de série no GLA (Foto: Lucca Mendonça)

Aliás, que belo kit. É ele que deixa o carro ainda mais bonito e chamativo, mesmo que a adoção das “rodonas” com pneus runflat faça as suspensões sofrerem mais no nosso solo (as batidas secas e chegar ao fim do curso do conjunto, principalmente dianteiro, chamaram a atenção). Ainda assim, a boa e velha engenharia alemã fez um trabalho e tanto para garantir o meio-termo entre o rodar suave e rigidez em prol da estabilidade, não muito inferior à de um hatch como a A250.

Lembrando que o GLA200, querendo ou não, ainda tem um lado familiar, onde quanto mais conforto, melhor. Fica claro também sua “inspiração” em SUVs maiores como o GLB200 quando o assunto é espaço interno ou modularidade. Pode não ter a terceira fileira de assentos, mas acomoda muito bem os cinco ocupantes de praxe com o bônus do bom porta-malas de 435 litros com abertura/fechamento elétricos.

Para se ter uma ideia, sua distância entre-eixos é de 2,73 m, igual ao de um SUV médio-grande Chevrolet Equinox, 25 cm mais longo. Com isso, o GLA, por tabela, acaba tendo ainda um bom balanço frontal e traseiro, já que os eixos estão dispostos mais nos extremos da carroceria do que o comum em um carro do seu tamanho (4,41 m, mais ou menos o mesmo tamanho de um Peugeot 3008).

Seu porte, na realidade, é próximo ao de um Peugeot 3008 atual (Foto: Lucca Mendonça)

Ao volante, um Mercedes

Com o mesmo motor 1.3 turbo fundido inteiramente em alumínio que move alguns Renault brasileiros, o GLA200 não é tão pesado quanto parece: são cerca de 1.480 kg, facilmente puxados pelos 163 cv de potência e 25,5 mkgf de torque máximo a partir de 1.600 rpm desse propulsor, que traz injeção direta, duplo comando variável, turbocompressor e, só nos Mercedes, uma tecnologia que desativa dois dos quatro cilindros em linha quando a demanda de força é baixa.

Motor 1.3 turbo é esperto, moderno e econômico (Foto: Lucca Mendonça)

Graças a transmissão DCT, de dupla embreagem com sete velocidades, que trabalha com maestria e (muita) competência, o conjunto fica bastante esperto em qualquer modo de condução, reduzindo as marchas e despejando toda a força necessária para mover o carro. Segundo dados oficiais, ele anda tanto quanto um hatch esportivo: 0 a 100 km/h em pouco mais de 8,5 segundos, estacionando nos 210 km/h de máxima, limitada eletronicamente.

Seja no modo mais econômico ou esportivo, ele se comporta muito bem quando o assunto é desempenho (Foto: Lucca Mendonça)

Seja no ECO, mais econômico, ou Sport+, o mais aguçado, esse Mercedes não desaponta quem estiver guiando. Inclusive não fugindo dos números e falando do importantíssimo consumo, não seria nenhum exagero dizer que ela passou perto dos 14 km/l no uso urbano e superou os 17 km/l no rodoviário, sempre com gasolina e aproveitando dos sistemas aqui presentes, como roda-livre, Start&Stop e por aí vai. Um ponto fraco? O “tanquinho” de apenas 43 litros. Pelo menos isso acaba sendo camuflado pela economia de combustível.

Posição de praticamente todos os componentes, bancos ou o próprio painel não escondem suas boas origens no Classe A e GLB. Em todo caso, a praticidade e bem-estar imperam, sem contar os ajustes impecáveis dos pedais, comportamento da direção ou a tecnologia Cinetic que vai “moldando” os bancos dianteiros conforme os ocupantes se mexem, por exemplo. Difícil reclamar de algo desse tipo em um Mercedes alemão legítimo.

Bem equipado para (tentar) justificar o preço

Tecnologias aqui no GLA não faltam. Esse crossover traz a maioria dos assistentes de condução que estão disponíveis no mercado atualmente, uma boa dose de segurança ativa e passiva, LED em praticamente todas as lâmpadas, bancos em couro com ajustes elétricos, um bom sistema de som (que não é assinado, mas poderia ser), teto-solar panorâmico, comandos de voz pelo sistema MBUX, instrumentação digital e mais.

Instrumentação é digital e bem precisa (Foto: Lucca Mendonça)

Por valores entre R$330 mil e R$337 mil em São Paulo, dependendo do pacote escolhido (que são diferenciados por siglas nada compreensíveis), o GLA200 fica na mesma faixa de preço do hatch médio A250 e um degrau acima do SUV de sete lugares mexicano GLB220, igualmente bem equipado mas com outra proposta. Seus concorrentes principais são o Audi Q2 (que não está entre nós brasileiros) e BMW X2.

Meio hatch altinho, meio crossover e até com pitadas de minivan, tudo por cerca de R$335 mil (Foto: Lucc

Divertido e até apimentado como um hatch, dono de uma carroceria espaçosa como a de uma minivan e tendo pique de crossover ou SUV compacto, o GLA200 une o melhor não de dois, mas de três mundos. Tudo tem seu preço, claro…

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.332 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com 7 velocidades. Trocas manuais por paddle-shifts no volante
Potência: 163 cv a 5.500 rpm
Torque: 25,5 mkgf entre 1.620 e 4.000 rpm
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: independente, multibraço
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Bridgestone Alenza 001 RunFlat, medidas 235/45. Rodas de liga-leve aro 20
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,41 m/1,83 m/1,61 m/2,73 m
Porta-malas: 435 litros
Tanque de combustível: 43 litros
Peso em ordem de marcha: 1.485 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,7 segundos
Velocidade máxima: 210 km/h (limitada eletronicamente)
Preço básico: R$329.900 (carro avaliado: R$336.900)

Itens de série:

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.