Alugueis de carros não param de crescer, e existem motivos para isso
Alugar um carro no Brasil nunca foi uma tarefa tão comum e fácil. E olha que estamos falando de 50 anos desde o início das operações da gigante Localiza, primeira locadora de veículos daqui (fundada em 1973). De uns anos pra cá, o segmento não para de crescer, quer seja nos usuários, frota de veículos, áreas de atuação ou tamanho do próprio mercado. Hoje dá para se alugar tudo que é movido por um motor, seja para passear ou trabalhar, pequeno ou grande, barato ou caro.
Falando de números mais recentes, a Associação do meio (ABLA) aponta que o crescimento de pessoas usando carros de aluguel de 2021 para 2022 foi de mais de 38%, e a frota nacional desses veículos para uso temporário hoje já beira 1,5 milhão de unidades (muitos modelos badalados só têm bom volume de vendas pela presença constante nas locadoras), divididas entre mais de 4.400 empresas (esse número cresceu 70% de 2021 para 2022). Nem é preciso falar do aumento dos pontos de atendimento, dos vários estilos de locação e, principalmente, dos motivos que têm levado o brasileiro a andar mais de carro alugado agora do que nunca.
Exemplos? A praticidade é um deles. Quem ama carro, e nunca deixa de ter um registrado em seu nome na garagem, pode falar o que for, mas as vezes passa por alguns contratempos com documentação, problemas mecânicos, restrições de uso (não submetemos os nossos carros a certos tipos de uso, mas os alugados…), e até as boas e velhas “encheções de saco” com IPVA, licenciamento, burocracias de seguradora etc. Alugando algo, se está livre de tudo isso por um preço fixo.
Fora que as vezes é mais preferível poder escolher o carro para o momento: se precisa de espaço pra viajar, aluga-se um SUV; se precisa ir para algum rincão por aí, existem os 4×4; se quer experimentar algo mais ecológico, os elétricos também estão para jogo; se é preciso fazer um transporte de qualquer coisa grande, há furgões de todos os tamanhos; se precisa de economia e praticidade, tem hatches de todo o tipo. Isso sem falar na possibilidade de conhecer e experimentar vários modelos diferentes de veículos, um prato cheio pra quem curte. É ótimo ter um carro para chamar de seu, e não da locadora, mas é fato que existe uma limitação nessa liberdade.
Num carro alugado, seja por períodos menores ou maiores, basta se preocupar com o pagamento (mensalidade ou diária), com o compromisso de seguir as regras da locadora, em não exceder o limite de quilometragem caso o plano seja maior…e nada muito além. E, do outro lado do balcão, pra quem aluga, parece ser um negócio tão lucrativo que até as próprias fabricantes já tem suas empresas de carros para locação, ou programas desse tipo para sua linha de modelos.
O negócio cresceu pra outros lados: antes, locadoras grandes como a Unidas, trabalhavam com foco nos carros, geralmente os pequenos. Hoje, a mesma locadora já aluga, feliz, outros motorizados como caminhões e máquinas de trabalho para empresas, no esquema de terceirização de frota. Dá tão certo que eles estão inaugurando uma revenda, em Sertãozinho, no interior de SP, só para vender essas frotas de ferramentas de trabalho, que rodam na empresa-cliente por um determinado tempo e depois são trocados por outros veículos novos.
Isso sem falar que dá para alugar motocicletas a combustão ou elétricas (a Mottu é uma das maiores, popular dentre os entregadores e motoboys), carros especiais para uso no transporte por aplicativo (a Kovi, forte nesse meio, tem uma frota gigante de Fiat Cronos, VW Voyage, Renault Logan e afins, sempre com os adesivos na tampa traseira), e em diferentes estilos de planos (já dá para ter um carro alugado retirado zero quilômetro por um período de anos, por exemplo).
Para o Banco BTG Pactual, a expectativa é que o mundo dos veículos de locação (e suas locadoras), cresça, pelo menos, por mais uma década, subindo mais de 14% ao ano. Até 2032, deveremos ter a frota de veículos alugáveis quadruplicada em tamanho. Quem tem feito esse mercado aumentar tanto é o público jovem, que notou, em grande parte, que pode ser mais vantajoso alugar um carro do que ter um em seu nome, fora o “boom” dos motoristas de aplicativo de uns anos pra cá, que aqueceram e muito o mercado de carros de aluguel. É o tipo de mudança que parece ter vindo pra ficar…