VW Gol CL 1992, básico e luxo: o “dois em um” do carro mais vendido do Brasil

Lançado em 15 de maio de 1980, o Volkswagen Gol é o carro mais vendido do mercado nacional, conseguindo um recorde que dificilmente será batido por outro veículo. Ao todo, o hatch da VW vendeu mais de 8.500.000 unidades no Brasil e em alguns outros países do mundo. A primeira geração, lançada em 1980 sob a plataforma BX, teve três remodelações, sendo uma em 1984 com o lançamento do motor refrigerado a água, 1987 quando vieram os parachoques plásticos, e 1990, com a chegada da frente popularmente conhecida como “chinesa”.

Àquele tempo, para a linha 1991, o Gol estava disponível nas versões CL, com motor 1.6 (AE-1600), ou opcionalmente 1.8 (AP-1800), além da GL 1.8, GTS 1.8 com comando de válvulas especial, além da mais cara GTi, com seu 2.0 injetado e ignição eletrônica.

O Gol CL oferecia o mesmo acabamento que já o acompanhava desde 1989. Os bancos dianteiros eram forrados com tecido comum e traziam regulagem milimétrica do encosto, as laterais de porta eram moldadas em papelão coberto com plástico que imitava courino (feitas com costura eletrônica), volante de dois raios revestido de plástico duro, além de câmbio com 5 marchas, frisos externos, ventilação com três velocidades, quebra-vento nas janelas e calota central de metal nas rodas de aço aro 13 com pneus 155SR13. Como opcionais, a CL oferecia rádio AM/FM, ar quente, banco traseiro bipartido, retrovisor do lado direito, desembaçador do vidro traseiro e pintura metálica.

Além de manter o mesmo acabamento e detalhes desde 1989, o Gol CL tinha sempre motor 1.6 e rodas de aço com calotas centrais metálicas (Foto: VW/divulgação)

Seu painel, em plástico injetado, era de peça única, e tinha um design atraente para seu tempo. Já a instrumentação fornecia apenas as informações básicas: velocímetro (bem otimista) marcando até 200 km/h, odômetro total até 99.999 km, marcadores de temperatura do motor e nível de combustível, luzes-espia no centro e iluminação verde, com reostato de série.

Já o Gol GL, além de ser oferecido desde 1990 apenas com motor 1.8, tinha melhor acabamento. Os tecidos dos bancos eram os mesmos encontrados na linha Santana/Quantum CL, em interior monocromático, fosse cinza ou marrom, volante de dois raios espumado (mesmo do CL), tecido e ombreira nos forros de portas e nos forros laterais traseiros, fora retrovisor externo do lado direito, retrovisores com comando interno manual, frisos externos, além de supercalotas plásticas (iguais as dos Santana/Quantum CL), e pneus 175/70R13. A lista de itens a parte incluía rádio AM/FM estéreo, ar quente, banco traseiro bipartido, limpador/desembaçador do vidro traseiro, vidros verdes, vidros laterais traseiros basculantes, luzes internas de cortesia, rodas de liga-leve e pintura metálica.

O Gol GL era mais caprichado, com direito a frisos laterais maiores, vidros traseiros basculantes e até rodas de liga opcionais (Foto: VW/divulgação)

Por dentro da CL, o mesmo painel em plástico injetado de peça única do GL, porém com instrumentos extras: velocímetro ia até 220 km/h, odômetro total chegava aos 999.999 km, havia um odômetro parcial até 999,9 km, marcadores de temperatura do motor e nível de combustível, relógio analógico quartzo e luzes-espia no centro, mantendo a iluminação verde e o reostato. Parece pouco, mas naquele tempo, era o suficiente para fazer do Gol GL um carro mais luxuoso e superior.

Além da cabine monocromática, estava no Gol GL a instrumentação completa e o volante espumado (Foto: VW/divulgação)

Com a chegada no Fiat Uno Mille em 1990, e com seu expressivo aumento de vendas no decorrer de 1991, a Volkswagen precisou se reinventar: a marca alemã começou a desenvolver seu motor de 1.0 litro, o AE-1000, em parceria com a Ford, sua “sócia” nos tempos de Autolatina. Em 1992, para equiparar seu então campeão de vendas nacional, a Volks fez algumas mudanças na gama de versões do Gol, e criou duas variações da mesma CL. Calma, vou explicar…

A primeira era bastante espartana, com motor AE-1600, e acabamento bastante simples, com os mesmos predicados e simplicidades daquela CL já falada ali em cima, só que perdendo os frisos externos, a calota central de metal (no lugar, uma pequena cobertura plástica no centro da roda, o “copinho”) e o quebra-ventos (havia ali uma janela fixa). A roda passava a ser de tala 4,5”, similar a dos Gol BX, e, opcionalmente, a CL básica podia ter apenas rádio AM/FM e pintura metálica.

Depois da chegada do Fiat Mille, coisas mudaram, e a VW aproveitou para trazer uma opção mais enxuta do Gol CL (Foto: VW/divulgação)

A segunda variante do Gol CL era baseada na versão GL do ano anterior, aproveitando seu acabamento mais aprimorado, incluindo os tecidos de bancos emprestados dos Santana CL, interior monocromático, pneus 175/70R13 e por aí vai. No geral, um CL mais luxuoso e requintado, na medida do possível para um Gol de entrada, claro. Motor 1.8, relógio digital no centro do painel, rádio AM/FM estéreo, ar quente, banco traseiro bipartido, limpador/desembaçador do vidro traseiro, vidros verdes, luzes internas de cortesia e pintura metálica eram opcionais.

Esse CL mais completo usava o mesmo painel do CL básico, em plástico injetado e tudo mais, porém com mais dados fornecidos pelos instrumentos, antes encontrados só nos Gol GL: velocímetro até 200 km/h, porém com odômetro total até 999.999 km, odômetro parcial até 999,9 km, níveis de temperatura e combustível, relógio quartzo, luzes-espia, tom verde e reostato. Os frisos externos, quebra-ventos, rodas de aço de 13 polegadas com tala 5” e calota central de metal eram os mesmos da linha CL 1991.

A versão GL, em que pese a “concorrência” com a CL mais completa, seguia em linha normalmente. Ela se distanciava e ganhava mais refinamento, com painel satélite e um acabamento realmente esmerado, mas essa é outra história. Estas duas variações de Gol CL foram vendidas apenas em 1992, já que, no final do mesmo ano, era lançada a linha 1993, junto da estreia do Gol 1000. O hatch 1.0 tinha argumentos de venda rasos, mas convincentes aos clientes empolgados com o marketing forte e a novidade dos 1000.

Ah, para 1993 o Gol CL voltava a ter só uma configuração, sempre com acabamento e recheio mais simples de 1991. No decorrer do ano, voltava também a ter de série o motor 1.6 AP-600, substituído pelo motor AE-1600 em 1989. O motor 1.8 continuava opcional. Confuso, né? Eu também acho…mas é parte da história de um dos carros mais queridos do Brasil.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.