VW Brasília faz 50 anos: exemplar “0 km” está no acervo da marca

Em tempos de carros feitos com chassi separado da carroceria, motor traseiro refrigerado a ar e tecnologias do século passado, o VW Brasília foi lançado dia 08 de junho de 1973, há exatos 50 anos, como uma opção mais espaçosa, moderna e arejada frente ao veterano Fusca. A bem da verdade é que o Brasília foi pensado como sucessor direto do besouro, mas, claro, isso nunca aconteceu, e os dois conviveram “em paz”.

O pedido do projeto do então novo modelo foi feito por Rudolph Leiding, presidente da VW brasileira na época, e o encarregado pelo projeto foi Mario Piancastelli, que cuidou do Brasilia desde os primeiros esboços até os últimos acertos. Todo o projeto do carro foi nacional, de criação brasileira, mas com inspirações em novidades da Europa, como os VW Golf e Polo da época.

Foto: VW/divulgação

De fácil manutenção, preço relativamente baixo e estilo único por aqui até então (há quem diga que ele é um hatch, outros apostam em uma “peruinha”), o Brasília nasceu com parcos 60 cv extraídos do mesmo 1600 a ar do Fusca, com carburação simples. A partir de meados dos anos 70 esse número podia crescer para 65 cv, graças a dupla carburação, melhorando o desempenho. Lembrando que sua proposta era ser um carro familiar, por isso tinha interior bem espaçoso e porta-malas duplo (frontal e traseiro, acima do motor).

Logo tornou-se um sucesso, sendo exportado para mais de 25 países, ganhando espaço inclusive na TV internacional (no seriado mexicano Chaves, por exemplo, era o memorável carro do Sr. Barriga) e crescendo bastante no mercado nacional, quer seja nas vendas ou nas opções para o consumidor. Logo chegou a carroceria de quatro portas, focada no mercado de exportação, e a versão mais caprichada LS.

O grande Calcanhar de Aquiles do projeto, querendo ou não, era a mecânica ultrapassada, tanto que sempre houve certa concorrência interna do Brasília com o Passat, lançado também em 1973. Ainda assim, seguiu no mercado nacional até março de 1982, beirando os 1,1 milhão de carros fabricados no total, todos na planta Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).

Foto: VW/divulgação

1982, “0 km” e no acervo da VW

Dentro do acervo de carros da VW há uma unidade do Brasília, como não poderia faltar. Do último ano de produção, 1982, o carro é um LS dos mais completos, com direito a acendedor de cigarros, bancos em tecido caprichado com encostos de cabeça dianteiros e desembaçador traseiro. O interior, totalmente original, ostenta ainda o volante usado nos primeiros Gol, além do relógio no painel de instrumentos e detalhes imitando madeira pela cabine.

A raridade tem apenas 460 km rodados no hodômetro, praticamente zero-quilômetro, e nunca foi emplacada ou saiu de dentro da fábrica. Sua origem é simples: foi retirada ainda da linha de produção, algumas semanas antes do encerramento da produção do Brasília, portanto é uma das últimas unidades fabricadas. Um carro pra lá de especial, ainda mais pintado na bonita cor Verde Mármore, um tom claro puxado para o prata. E, como é de se esperar, está no estado da arte: perfeitamente conservada, quase intacta. Joia rara.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.