Os raros Hyundai i30 “Série Especial” que você provavelmente nunca viu
Série especial, uma coisa interessante. Carros raros, personalizados, especiais, e com tiragem limitada. Mas quem disse que precisa ter tema para uma edição limitada? Eventos esportivos, temáticas especiais, comemorações de aniversário, festivais de música…que nada! A Hyundai, por duas vezes, lançou apenas o seu hatch médio i30 em séries especiais, chamadas, as duas, literalmente de “Série Especial”.
O tema? Nenhum. Apenas i30 comuns, sem nenhuma identificação diferente ou detalhe exclusivo alusivo à tal versão limitada. Mas os dois, o primeiro lançado no final de 2010 ainda na primeira geração do hatch, e o segundo em 2015, já nos últimos lotes trazidos pro Brasil, levantaram suspeitas na época por uma origem bem curiosa. E são raros: você provavelmente nunca viu ou reparou neles pelas ruas.
2010: cor exclusiva na versão “pelada”
A primeira geração do i30 foi um fenômeno no Brasil, pelo tanto que vendeu e foi almejada. Design bonito, motor moderno, equipamentos de ponta e preço na média ou até abaixo da concorrência foram os motivos. Ele chegou por aqui em 2009 dançando conforme a música da CAOA, sua então importadora: só um motor (2.0 16v a gasolina de 145 cv), visual externo idêntico para os três pacotes da versão única GLS, e a insossa paleta de cores com a dupla prata/preto. Nem branco tinha…
Pois no final de 2010, quando a CAOA já comemorava o sucesso do seu hatch médio, chegava discretamente um lote de i30 diferenciado: carros azuis! A tal cor, conhecida lá fora como Indigo Blue, era metálica e caía muito bem com o visual do carro, fora que saía do trivial. A peculiaridade é que os tais i30 azuis eram única e exclusivamente da configuração mais básica, código GZ63. Se por fora ela mantinha os faróis de neblina e rodas aro 17 com detalhes cromados, igual ao restante da linha, internamente era mais básico com ar-condicionado analógico, bancos em tecido, só airbags frontais e nada muito além.
Nada diferenciava a tal série especial além da cor, e oficialmente 50 unidades foram trazidas. Um único lote, basicamente, e depois voltava o padrão prata e preto. Vez ou outra os i30 azuis aparecem nos classificados ou rodando, sempre chamando a atenção pela excentricidade.
2015: nova geração e o contrário
Fins de 2015, o i30 já havia caído da ascensão para quase ostracismo. As importações caíam junto com as vendas, e quem mandava na época já eram os SUVs. Quem antes comprava um hatch médio acabava optando por um utilitário compacto. Mas em suas últimas mudanças, na linha 2016, vinha a segunda versão chamada “Edição Especial”, já na carroceria renovada e com motor 1.8 de 150 cv. As tais novidades eram discretas: retoques na grade dianteira, novas rodas, traseira modificada e interior com acabamentos inéditos. Um facelift daqueles mais simples.
Agora a tal série limitada era cerca de R$7 mil mais cara que a Top (R$106 mil contra R$97 mil da época), completona, e apostava numa suposta exclusividade de itens de série. Literalmente o contrário de antes: se da primeira vez o i30 Série Especial era basicão com cor única, na segunda era o mais completo da linha, mas não ia além do prata e preto. Pelo menos já havia também a opção do branco.
O que ele tinha de diferenciais e não existia nas demais versões? Retrovisor interno fotocrômico, banco do motorista com regulagens elétricas, faróis de Xenon com luzes diurnas em LED, bancos dianteiros com aquecimento e resfriamento, chave presencial, partida por botão, freio de mão eletromecânico e um oitavo airbag, para os joelhos do motorista. Mas, na verdade, praticamente tudo isso era de série na versão Top até a linha 2015: eles simplificaram a configuração mais cara, claro que mantendo seu preço, e transferiram os conteúdos para a tal série especial, bem mais cara.
Com o fim do lote especial, restou para a versão Top, já simplificada, a missão de ser a completona da linha. Os tais equipamentos exclusivos, mas não tão exclusivos assim? Nunca mais. O Hyundai não durou muito tempo no mercado brasileiro depois disso, saindo de linha no começo de 2017.
O que dizem as más línguas
Como todos esses carros vinham da matriz da Hyundai na Coreia do Sul, seria estranho pensarem que a linha de montagem foi preparada para o nascimento específico dessas séries especiais. Dentre as hipóteses levantadas internet afora, tanto a primeira, azul, quanto a segunda “leva”, completona, do i30 Edição Especial eram, na verdade, carros originalmente destinados à outros mercados, inclusive o próprio sul-coreano. Carros normais no exterior, em configurações que não estavam disponíveis normalmente por aqui.
A “transformação” desses carros para a venda no mercado brasileiro era fácil, apenas com uma reconfiguração eletrônica ou, dependendo, troca de alguns módulos como o da injeção eletrônica. Nada tão complicado, já que, por lei, o carro não tinha restrição alguma. De novo, bem curioso. Viu um i30 2011 azul escuro ou um i30 2016 mais completo que o normal por aí? Agora você já sabe de onde vieram e o que são. Pela exclusividade ou mais recheio, são ótimas opções no mercado de usados. Só precisa dar a sorte de encontrar algum deles…