(Matéria de época) Audi TT 2007: o futuro já chegou

A Audi não brincou quando criou o novo TT. O primeiro, apresentado em 1998, apesar do design inovador apresentou alguns problemas aerodinâmicos que obrigaram a fábrica a rever todos os seus conceitos técnicos. Alterações foram introduzidas visando o equilibrio da carroceria em velocidades mais altas, o “calcanhar de Aquiles” do esportivo da marca alemã.

TT 1998 (Foto: Audi/divulgação)

A uma asa traseira somou-se o perfil aerodinâmico de um novo para-choque e alguns apêndices aerodinâmicos. O carro ficou ótimo e a prova irrefutável é que a versão de competição venceu corridas por todo mundo, inclusive aqui no Brasil, mostrando equilíbrio e estabilidade, principalmente nas velocidades mais altas. Esse episódio ensinou muito a Audi na criação dos esportivos. Agora em 2006 a marca apresenta a nova versão. Com linhas que lembram as formas do antigo TT, essa nova versão não tem absolutamente nada a ver com ela.

Foto: Audi/divulgação

Tudo novo, a começar pela carroceria. Utilizando uma tecnologia que a marca detém há anos, iniciada com a produção do A8, que tem a carroceria totalmente confeccionada em alumínio, o novo TT foi além: além de alumínio, o novo monobloco tem algumas seções em aço estampado e o segredo está na soldagem do alumínio com o aço (o alumínio representa 69% do peso do novo monobloco). Materiais completamente diferentes entre si, nas linhas da Audi eles se juntam para fazer uma carroceria mais rigida, leve, resistente e que tenha um preço acessível em seu segmento de mercado. Pois bem, a tal fusão permitiu isso.

Foto: Audi/divulgação

O moderno TT tem rigidez torcional 50% superior a de seu antecessor e, na versão 2.0 FSI Turbo, pesa baixos 1.260 kg. Pouco para um esportivo que cresceu com relação ao modelo anterior: ele é 13,7 cm mais largo (agora tem 4,18 metros) e 7,8 cm mais largo que o antigo TT (1,84 metros). Claro que todo esse crescimento premiou também a habitabilidade do novo TT, mais espaçoso, com bancos maiores e mais largos. O porta-malas traseiro, acessado por uma prática tampa, tem capacidade de 290 litros, que pode chegar a surpreendentes 700 litros com o encosto dos bancos traseiros abaixados.

As suspensões, agora independentes nas quatro rodas e com multlink na traseira mesmo nas versões com tração apenas dianteira, tem calibração eletrônica nas versões mais caras, nas quais pode se privilegiar o conforto ao rodar ou sua capacidade de contornar curvas e ainda mesmo frear e mudar bruscamente de direção sem desequilíbrios. Nas versões mais baratas que chegam ao Brasil (motor 2.0 TFSI com turbo e injeção direta de 200 cv e tração apenas na dianteira), a suspensão vem apenas com a calibragem esporte, tornando seu comportamento mais firme em pisos irregulares.

Foto: Audi/divulgação

O câmbio é um caso à parte. Sequencial de seis marchas com troca através de borboletas sob o volante, semelhante ao utilizado na F1. Esse, ao contrário de modelos anteriores, não é um botãozinho que “brinca” de trocar de marchas em uma transmissão convencional. Este é um câmbio manual automatizado, ou seja, possui embreagem, engrenagens com sincronizadores e assim por diante. A diferença é que uma central eletrônica comanda as trocas de acordo com a ordem do motorista.

Foto: Audi/divulgação

Há apenas dois pedais, como em um carro automático, e a saída ocorre quando engatamos a primeira marcha e aceleramos: a central que monitora a embreagem aciona  o sistema como se fosse o motorista. Quer uma saída forte, rápida? Pise fundo no acelerador e a central entenderá uma arrancada vigorosa. Aperte a alavanca “mais” sob o volante para engatar a segunda e o sistema eletrônico se encarrega de acionar a embreagem e engatar a marcha, tudo através de um mecanismo hidráulico.

Foto: Audi/divulgação

Para reduzir, a operação é inversa: aciona-se a borboleta “menos” sob o  volante e o sistema faz tudo para você. Não quer trocar de marcha? Na posição “D” o sistema se encarrega de trocar ou reduzir todas as marchas automaticamente. Aliás, nem se percebe que é um câmbio manual convencional que foi automatizado, tamanha a suavidade. Um “brinquedo” e tanto!

Foto: Audi/divulgação

Quanto anda? Muito. A versão de entrada com motor turbo de 200 cv chega aos 100km/h partindo da imobilidade em 6,4 segundos e atinge os 240 km/h de máxima. Números respeitáveis…Claro que é sempre bom lembrar que qualquer bom preparador aqui no Brasil é capaz de fazer com que esses 200 cv se transformem em 300 cv, bastando para isso um pequeno investimento em troca de turbina, intercooler e recalibragem do sistema de injeção.

Foto: Audi/divulgação

Nesse caso, os valores de aceleração devem chegar em alguma coisa ao redor dos cinco segundos e a velocidade máxima fica ao redor dos 270 km/h. Esportivo de “gente grande”. Você não gosta dessas coisas “mexidas”, quer o carro original como os alemães fizeram? Pode optar pelo V6 de 250 cv que acelera até os 100 km/h em 5,7 segundos e chega aos 250 km/h legais. Também valores de respeito que o colocam no time dos carros mais seletos do mundo.

É só esperar que cheguem (serão apresentados no Salão do Automóvel em outubro) e optar pela mecânica mais atraente, porque o carro é um show. Basta conferir as fotos…

Ficha técnica:

Audi TT Coupé 3.2 quattro
Motor: 6 cil em V, 3,2 l., 24V, gasolina, aspirado
Transmissão: Câmbio manual automatizado, seis marchas, tração integral.
Dimensões (m): Comp/ Larg / Alt.: 4,19 / 1,84 / 1,35
Peso: 1.430 kg
Porta-malas: entre 290 e 700 litros
Combustível: Gasolina
Potência: 250 cv a 6.300 rpm
Torque: 33 kgfm a 2.500/3.000 rpm
Vel. máxima: 250 km/h (limitada)
0 a 100 km/h: 5s7
Consumo km/l: Cidade: 7,7 / Estrada: 13,7
Preço sugerido: R$ 280.000 (agosto de 2006)
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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.