Como consertar e reformar a roda de liga-leve do seu carro

Não há dúvida alguma de que as rodas de liga-leve permitem um aspecto bem mais atraente e, por que não, esportivo ao seu carro. Quando comparadas as tradicionais de aço, elas são mais leves, o que, pelo menos teoricamente, permitem um melhor rendimento das suspensões e uma maior durabilidade de seus componentes, principalmente os amortecedores. A contrapartida desse benefício é o maior custo das rodas de liga-leve e, principalmente, sua fragilidade quando comparada ao aço. Por isso, elas devem ser reparadas de tempos em tempos, e esse período vai depender das condições de uso do veículo ao longo de sua vida.

As rodas de liga-leve que trafegaram muito em pisos irregulares, vias esburacadas ou estradas sem asfalto estão mais expostas à deformação do que aquelas que rodaram só em rodovias asfaltadas, de pista lisa e sem buracos, por exemplo. Por isso, as rodas de liga usadas em condições mais severas devem passar por uma reforma e boa revisão a cada 5 ou 7 anos, enquanto as rodas que tiveram uma “vida mais suave” requerem esse tipo de manutenção a cada 15 ou até 20 anos.

Buracos, intempéries, e uso severo tornam necessárias as revisões nas rodas a cada 5 ou 7 anos (Foto: Lucca Mendonça)

Cada vez que se passa por um buraco, a roda sofre um impacto que, mesmo não visível a olho nu, certamente deformou um pouquinho a roda, que deixou de ser 100% redonda. Ao longo dos anos e quilômetros rodados, passando por vários buracos, batendo em guias/meios fios e por aí vai, tenham certeza de que a tal deformação ocorreu. As consequências práticas dessas pequenas deformações sofridas ao longo dos anos resultam em vibrações no volante com o carro em movimento, dificuldade no balanceamento e até problemas no alinhamento do sistema de direção, já que os aparelhos que fazem as medições desses valores são fixados diretamente nas rodas.

Se elas estiverem deformadas, as leituras do aparelho serão incorretas, causando problemas de instabilidade, comportamento imprevisível na dinâmica, aumento no consumo de combustível e até desgaste irregular ou acentuado dos pneus, que acabam rodando “tortos” pela roda deformada. Algumas empresas especializadas na recuperação e restauração das rodas de liga-leve, normalmente usam máquinas e equipamentos especiais para esse processo.

Quando as rodas são limpas de toda a pintura original, os técnicos fazem uma inspeção para verificar o estado geral do jogo (se existem trincas ou outras deformações que comprometam a segurança), e até usam gabaritos especiais capazes de devolverem às rodas sua forma circular original. Graças a toda essa sequência que você vai acompanhar abaixo, no final de todo o processo, seu carro terá uma roda inteiramente nova, praticamente como se tivesse saído de fábrica.

Rodas novas: seu carro novo de novo (Foto: Lucca Mendonça)

Desde sua capacidade técnica de estar perfeitamente circular e centrada, até com uma camada de pintura e verniz que a protegem dos danos causados pelas intempéries (sol, chuva, produtos químicos encontrados nas ruas, urina de animais etc.), e, claro, com uma aparência renovada que melhora o aspecto geral do carro. Um trabalho que vale a pena, e que merece ser realizado nas rodas do seu veículo caso você queira um rodar suave, alinhado, sem vibrações e, de quebra, uma nova aparência para o seu veículo.

Primeiramente, o profissional deve inspecionar as rodas quanto a trincas, amassados, deformações e outros tipos de danos e, em seguida, retirá-las do veículo.

Antes de tudo, inspecionar quanto a danos estruturais e trincas (Foto: Fernando Andreoli)

Já fora do carro, o segundo passo é aquecer as rodas para fazer a remoção da tinta, e também jateá-las na parte interna. O aquecimento também deve ser feito antes do desempeno da roda (caso tenha), para evitar possíveis trincas

Logo em seguida, a roda deve ser aquecida para a remoção da tinta e materiais antigos (Foto: Fernando Andreoli)

Caso a roda tenha ranhuras ou danos profundos, a próxima etapa é aplicar massa poliéster nas regiões externas danificadas e, logo depois, soldar, caso seja necessário. O acabamento também é importante para remover o “grosso” do material, e pode ser feito com lixa 220 a seco ou com água.

Depois da aplicação de massa ou solda interna (se for necessário), as rodas são lixadas com lixa 220 (Foto: Fernando Andreoli)

E para fazer uma limpeza mais completa e remover qualquer tipo de impureza que pode atrapalhar no processo, as rodas devem ser lavadas com produtos desengraxantes. A secagem desse “banho” deve ser natural.

Agora, as rodas estão limpas, ou seja, sem proteção nenhuma. Por isso, o próximo passo é aplicar o Wash Primer (que ajuda na aderência de tinta ou outros materiais em todo tipo de metal), além de um bom anticorrosivo para proteger a liga-leve da roda durante todo o processo.

Depois do lixamento, as rodas ficam limpas, ou seja, sem material algum (Foto: Fernando Andreoli)

Outro produto essencial na hora de restaurar uma roda é o Primer PU, que não só faz o preenchimento de toda a superfície (de uma forma homogênea), removendo qualquer tipo de irregularidade apresentada. O Primer PU também protege as outras camadas da roda e ajuda na fixação da tinta. A grande dica é jamais utilizar Primer Universal, porque ele não costuma aguentar o calor comum de uso da roda (seja em frenagens, no rodar ou na própria exposição ao sol), e acaba causando bolhas por toda a área de aplicação. Para a secagem do Primer PU, o ideal é que as rodas sejam colocadas em uma estufa.

A secagem ideal do Primer PU deve ser feito em uma estufa (Foto: Fernando Andreoli)

Com o Primer PU seco, a etapa seguinte é aplicar a tinta poliéster, usada quase que unicamente para a pintura de carrocerias de automóveis e rodas. Ela tem bom poder de cobertura, seca rápido e é muito resistente às intempéries (sol, chuva, calor, frio etc.). Agora, com a tinta poliéster aplicada, o acabamento para dar brilho deve ser feito com verniz alto para sólidos, que garante ainda mais proteção ao material e muda por completo o visual da roda.

Aplicando a tinta poliéster, que tem boa área de cobertura e seca rápido, para dar a cara nova para a roda (Foto: Fernando Andreoli)

Um último processo de lixamento deve ser feito com lixa 400 e lixa 600, que podem ser secas ou com água. Finalizando o processo, opcionalmente pode ser aplicada uma demão de tinta PU, resistente à abrasão, raios UV e chuva, além de garantir mais brilho à roda. A tinta PU é mais indicada pelo bom custo X benefício, resistência maior no acabamento, além de não precisar de aplicação de verniz posterior.

Depois da aplicação do verniz e lixamento para remover o material grosseiro, a roda ganha cor e brilho (Foto: Fernando Andreoli)

Pronto! Agora seu carro está de cara nova, e mais do que isso: ficou melhor para dirigir, mais estável, mais econômico e com um desgaste de pneus absolutamente regular. O segredo é encontrar profissionais que fazem um serviço bem-feito, com matéria-prima correta e, mais do que isso, experiência nesses processos de restauração, reforma e pintura de rodas. Melhor para você, melhor para o seu carro e melhor para o seu bolso.

Pronto! Seu carro está de cara nova, com rodas restauradas, mais bonito, seguro, econômico e agradável de dirigir

Agradecimento especial ao Fernando da Andreoli Rodas, que nos permitiu acompanhar o serviço para produzir essa matéria. Andreoli Rodas – (15) 99704-7995 – @rodasandreoli (Facebook e Instagram)

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.