(Avaliação) Honda Accord Touring dá um show em mecânica e tecnologia, tudo isso custando bem menos que a concorrência

Vender sedans de luxo no Brasil é uma tarefa difícil para as marcas que não são “premium”. E quando falamos das tais marcas premium, nos referimos a Audi, BMW, Lexus, Mercedes-Benz, Volvo etc. Essas, graças ao peso de seus nomes e boa fama mundial, conseguem se virar bem comercializando modelos três volumes acima dos R$200 mil. Mas será que existem outras opções de carros fora desse “grupinho” tão seleto? Sim! O Honda Accord é um ótimo exemplo disso. Ele é vendido na versão única Touring, que é a topo de linha, e oferece uma proposta até mais interessante que a do Audi A4 ou BMW Série 3. E o melhor de tudo é que ele é bem mais barato que seus rivais alemães.

Essa décima geração do sedan da Honda é bonita, e isso é praticamente uma unanimidade. O Accord sempre foi reconhecido por ter um visual um tanto careta, mas nessa geração 10 seu desenho foi baseado no Civic atual, naquele estilo meio “fastback”, remetendo a esportividade. Enquanto por fora ele lembra um tanto seu irmão menor, no interior a conversa é outra: o painel e laterais de porta tem um desenho bem mais conservador, sem muita firula, à la CR-V. É mais limpo, direto e fácil de operar. Mesmo assim, ainda estamos falando de um sedan grande e caro, então luxo, requinte e vários mimos modernos estão presentes.

O interior é tradicional, limpo e sem ousadias (foto: Lucca Mendonça)

A carroceria tem 4,88 m de comprimento, 1,86 m de largura, 1,46 m de altura, e é calçada com um belíssimo jogo de rodas aro 18. Realmente, o “conjunto da obra” desse Accord agrada bastante. Seu único problema é ser baixo demais, mas isso acaba sendo compensado com o excelente entre-eixos de 2,83 m, garantindo espaço de sobra para até 5 passageiros, com muita folga para pernas e ombros. Para o banco de trás, ainda estão disponíveis as saídas de ar-condicionado traseiras, mas nenhuma porta USB para carregar celular. É uma falha grave, mas que já foi corrigida no Accord e:HEV, nova versão híbrida do modelo. Ponto positivo também para o excelente porta-malas, de 574 litros de capacidade.

Para carregar seus 1.550 kg, é preciso um motorzão. Já imaginamos um propulsor grande, de alta cilindrada e gastão, mas quem pensa assim está totalmente errado. Sob seu capô se acomoda um compacto 2.0 de quatro cilindros e 16 válvulas movido a gasolina, superalimentado por um turbocompressor e dotado de injeção direta de combustível, além, é claro, da tecnologia VTEC. São 256 cv de potência e 37,7 mkgf de torque, disponíveis entre 1.400 e 4.000 rpm, mais do que suficientes para fazer o Accord andar muitíssimo bem, principalmente no modo Sport. A transmissão automática tem nada menos que 10 marchas, e também cumpre bem o seu papel, com trocas praticamente imperceptíveis de tão suaves e rápidas.

Apesar do tanque de combustível com 56 litros, bem pequeno para o porte do carro (um VW Gol, por exemplo, tem 55 litros), esse motor 2.0 turbo consome pouco, garantindo um alcance até que razoável. No circuito rodoviário, andando tranquilamente em velocidade de cruzeiro (entre 115 e 120 km/h), o computador de bordo registrou excelentes 16,8 km/l de gasolina. Na cidade as médias também foram muito boas, sempre entre 12,0 e 12,5 km/l, dependendo do trânsito. Os motores da Honda são conhecidos pela economia de combustível, e esse, definitivamente, não foge à regra.

Foto: Lucca Mendonça

E ele não é só econômico: dirigibilidade bem acertada também é um dos destaques desse grandalhão japonês fabricado nos EUA. Característica do modelo, a posição de guiar bem baixa é perfeita pra quem curte uma direção mais esportiva, e, juntamente com a direção elétrica precisa e o sistema de suspensões independentes nas quatro rodas (com multilink na traseira), garantem uma ótima dirigibilidade ao carro.

Novamente, a carroceria baixa pode trazer alguns problemas rodando na cidade, como por exemplo os frequentes raspões de parachoque em valetas e lombadas, além dos buracos grandes que acabam castigando um pouco as rodas “taludas”, mas nada que não seja resolvido com um pouco de cuidado na condução. Lembrando que ele é definitivamente um carro focado no conforto, então o habitat natural dele são as rodovias. E nesse caso, ele é excepcional.

Preço e equipamentos de série

Cá entre nós, aqui é onde esse Accord dá um belo banho na concorrência. Ele custa exatos R$257.400 nessa versão topo de linha Touring (preço que pode variar um pouco dependendo da região do país), e, por esse preço, traz um conteúdo pra lá de interessante.

De série, ar-condicionado digital de duas zonas e ajuste individual para a segunda fileira, chave presencial com partida remota, carregador de celular sem fio, bancos dianteiros com ajustes elétricos e memorização, banco do motorista com ventilação e aquecimento, teto solar (que poderia ser maior), multimídia de 8” com conexões Android Auto/Apple CarPlay e navegador, sistema de som com 10 alto falantes e 452 watts de potência, painel de instrumentos digital, head-up display, conjunto óptico full-LED (farol baixo e alto, luzes de neblina e lanternas traseiras), e muito mais.

Além disso, na segurança são 8 airbags (dois dianteiros, dois laterais, dois de cortina, um para joelho do motorista e um para joelho do passageiro dianteiro), pacote Honda Sensing de assistentes de direção (ACC-controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência e assistente ativo de permanência em faixa), sistema Honda Lane Watch (câmera externa para reduzir o ponto cego), além do sistema de farol alto automático.

Foto: Lucca Mendonça

Vale a compra?

Sim, com certeza é uma opção a se considerar. Seu preço é convidativo, bem contido para a categoria, e a lista de itens de série é bem parelha com a dos rivais. Para se ter uma ideia, seu principal rival conterrâneo é o Toyota Camry XLE, que custa salgados R$318 mil, e, além dele, ainda temos o Audi A4 Performance Black de R$305 mil e o BMW 320i M Sport de R$275 mil. Claro que o peso da marca vale muito para o público-consumidor desse segmento (um Audi ou BMW, por exemplo, tem mais presença que um Honda), só que pra muita gente isso é indiferente. E são exatamente esses os compradores do Accord.

Mas, tudo tem um “porém”: O Accord e:HEV, versão híbrida do modelo, deve chegar no meio do ano. Agora você se pergunta: “o que tem a ver essa versão híbrida com o Accord Touring dessa avaliação?”. Eu explico: na realidade, essa configuração e:HEV vem substituir o motor 2.0 Turbo. Ou seja, a partir do meio do ano, só teremos Honda Accord com motorização híbrida, o tal do e:HEV. Conteúdo e itens de série se manterão praticamente inalterados, mas a parte mecânica é totalmente diferente, mesclando a motorização movida a combustão com a elétrica. É quase um outro carro, e ainda mais moderno, diga-se de passagem.

Talvez, para algumas pessoas, seja mais interessante esperar a chegada da versão híbrida. Ela certamente vai custar mais que os R$257 mil dessa Touring (quem vos escreve estima algo entre 290 e 300 mil Reais), mas terá uma proposta bem interessante e cheia de tecnologias. Agora, se você curte o bom e velho “motorzão 2.0” e procura um sedan executivo, esse Accord Touring é perfeito para você.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.