“Formiguinha”, “Sorvete”, “Milho”: os lúdicos minicarros elétricos da China

Um país do tamanho da China tem o maior mercado automotivo do mundo e, pra variar, se garante na liderança de produção de veículos. Pudera, haja carro pras mais de 1,41 bilhão de pessoas que vivem lá, fora o que é exportado para o restante do mundo. Por isso, do país da Grande Muralha sai de tudo, desde enormes caminhões a diesel, daqueles bem poluidores, até minúsculos veículos elétricos e ecológicos. Tem, literalmente, de tudo.

Mas quem vem crescendo e aparecendo é o mercado dos minicarros elétricos, carros com zero emissão, tamanho bem compacto (a falta de espaço é outro grande problema das cidades de lá), preço acessível e, mais, carisma pra dar e vender. São pequenininhos e…engraçadinhos. Dizer “bonitos” seria um tanto exagerado. Geralmente feitos pra galera jovem, de no máximo 25 ou 30 anos, esses pequenos carros esbanjam personalidade e são uns caras pra lá de moderninhos.

Os tais minicarros elétricos são sempre coloridos e querem atingir um público jovem (Foto: Chery/divulgação)

Design inspirado em desenhos animados ou animais fofos, telas digitais e conexões fáceis, cores chamativas e aspecto até infantil são de série, assim como a boa relação custo X benefício. Nos nomes? Little Ant, ou “Formiguinha”, Corn (“Milho”) e Ice Cream (“Sorvete”) são alguns exemplos. Independente de qualquer coisa, deu certo: somando os cinco principais modelos dessa trupe, foram mais de 920 mil unidades vendidas só no ano de 2022.

Mais da metade disso, ou cerca de 550 mil carros, foram do Wulling Mini EV, o menor e mais barato carro elétrico do mundo. Fenômeno sem igual desde seu lançamento em 2020 que já passa do milhão de unidades fabricadas. Seu projeto na verdade é de uma joint-venture até com participação da GM (SAIC-GM-Wulling), e bem simples, permitindo inclusive que ele seja classificado quase como um quadriciclo urbano. Mas ainda é microcarro, com quatro lugares e 2,92 m de comprimento, ou um pouco maior que um Smart Fortwo.

Dianteiro, seu motor elétrico tem duas versões de 27 ou 41 cv de potência, com torque máximo que passa dos 11 mkgf. Dentre as curiosas versões de acabamento (Basic, Macaron, Gameboy e Convertible), o comprador pode escolher as baterias de níquel, mais obsoletas e com menor alcance (na casa dos 120 km), ou íon-lítio, que permitem melhor eficiência e quase 300 km de autonomia. Convertendo seus preços do Yuan chinês para o Real brasileiro, eles ficam entre cerca de R$25 mil e R$75 mil, bem mais em conta que os rivais.

Ele é descolado até por dentro (Foto: Wulling/divulgação)

Na mesmíssima toada vai o “Sorvete”. Na verdade, Chery QQ Ice Cream, que nada tem a ver com aquele QQ vendido no Brasil há alguns anos. Esse Ice Cream é quase como um Mini EV, mas feito por outra fabricante: tem tamanho bem próximo (2,98 m de comprimento), design “de chaveirinho”, cheio de enfeites e cores alegres, além das rodas aro 12 minúsculas.

É outro com versões peculiares chamadas, em tradução livre, de Pudim, Cone (o doce, não o de trânsito) e Sundae. Bem adocicado e único. O Ice Cream é mais fraco, com 27 cv e menos de 9 mkgf de torque, mas também pode se aproximar dos 300 km de alcance em sua configuração de baterias mais potente. Porta malas? Nem pensar. Ou tem-se o banco traseiro, ou espaço para bagagens, os dois não cabem juntos. Mas, por ser urbano, serve muito bem e com carisma de poucos.

Interior do Ice Cream é melhor construído em versões mais caras (Foto: Chery/divulgação)

Outra nessa briga é a Changan, que até chegou a vender alguns utilitários no Brasil (quem não se lembra da Chana?). Aqui, o representante é ninguém menos que o Milho, ou Corn no seu nome oficial, mais arredondado e simpático que seus rivais da Wulling e Chery. É maior também, medindo quase 3,3 m de comprimento (um Fiat Mobi tem 3,5 m). Apesar disso, tem carroceria duas portas e quatro lugares homologados, como padrão nesses carrinhos, e preços entre cerca de R$37 mil e R$50 mil.

O Corn lembra até um simpático emoji sorridente, e não poupa coisas lúdicas botões minúsculos ou até uma chave borboleta, como aquela de dar corda em brinquedos, fixada no painel como decoração. Ele é também mais refinado, feito sobre uma plataforma dedicada a pequenos carros elétricos, e maior capacidade de bateria, que pode chegar aos 28 kWh. No total, rende 41 cv de potência vinda de um motor elétrico dianteiro.

Interior do Changan, mesmo sem a tal chave borboleta, é cheio de personalidade (Foto: Changan/divulgação)

O Little Ant, ou EQ1 Ant, é outra cria da Chery, só que maior. Ele é conhecido dos brasileiros, mas com outro nome: Caoa-Chery iCar. Quem diria que em seu país de origem ele é o “Formiguinha”, hein? É maior, próximo ao Corn, mas naquele mesmo esquema sem portas traseiras nem quinto ocupante. Destaque para sua carroceria que mescla liga-leve (alumínio principalmente) e plástico, como no iCar. Por lá, tem preço inicial de 80 mil Yuans (cerca de R$60 mil).

O Formiguinha é o mais potente, gerando 75 cv de potência e cerca de 15 mkgf de torque, ainda que passe dos 1.000 kg (menores, como o Wulling, tem cerca de 650). O conjunto de baterias é único, de íon-lítio, com mais de 30 kWh. Por essas e outras que o EQ1, segundo dados oficiais, passa dos 400 km de autonomia pelo ciclo NEDC. O Little Ant é praticamente igual ao iCar vendido no Brasil, provando que há sim espaço para esses minicarros elétricos dentro do mercado nacional.

Formiguinha é bem parecido com o iCar, até por dentro (Foto: Chery/divulgação)
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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.