Ford Verona: a primeira fornada do Escort Sedan

O Ford Verona era lançado em 1989 com a dura missão de concorrer com o GM Monza em um segmento bastante aquecido nos idos dos anos 80: sedans médios. Foi o primeiro fruto da Autolatina, joint-venture existente entre VW e Ford que durou de 1987 até 1996, e também o primeiro a gerar um irmão gêmeo univitelino, o VW Apollo. Seu projeto, na época, custou 100 milhões de Dólares.

Projeto do Verona, nada além de um Escort sedan, custou US$100 milhões para a Ford na época (Foto: Ford/divulgação)

O modelo usava a plataforma do Ford Escort, além da frente, as portas dianteiras e o painel. Dali para trás o Verona era um carro totalmente novo, com capota sem calhas laterais, janelas com vidros rentes à carroceria, grandes e modernas lanternas traseiras e uma linha de cintura bem alta no porta-malas, que tinha capacidade de 384 litros e era considerado o terceiro maior bagageiro do país.

A boa capacidade do porta-malas era elogiada no ponto de vista do espaço, mas criticada por conta do acesso estreito. O modelo também penava por não oferecer, em nenhuma versão, o temporizador das luzes interna e para os comandos dos vidros elétricos, de forma que estes equipamentos continuassem funcionando por mais algum tempo depois de desligada a ignição. O sedan tinha painel bonito, mas velho conhecido, já que era o mesmo do Escort desde 1986. Não tinha um detalhe sequer diferente do irmão mais velho.

Em comparação com o Escort, o Verona tinha 3 cm a mais de espaço no banco de trás, e os passageiros da frente podiam contar com regulagem de apoio lombar nos bancos, um recurso opcional destinado à versão GLX, a mais cara. Ela, inclusive, oferecia também como opcionais encostos de cabeça traseiros, ar-condicionado/aquecedor, vidros e travas elétricas, retrovisores elétricos, rodas de liga-leve aro 13, rádio toca fitas, teto-solar, interior monocromático, pintura metálica, além para-choques e frisos no mesmo tom da carroceria.

Além da GLX, o Verona era disponível em uma versão mais simples, a LX. Essa linha, de entrada, tinha dois motores a disposição: o AE-1600 (antigo CHT) e AP-1800, este opcional, ambos a etanol ou a gasolina. A GLX era sempre 1.8, também com as duas opções de combustível. Uma grande virtude do Verona era unir as boas qualidades mecânicas da Ford e da Volkswagen, comprovadas em testes de 1 milhão de km antes de seu lançamento, além do estilo moderno àquele tempo.

Topo de linha, a versão GLX era sempre 1.8, a gasolina ou a álcool(Foto: Ford/divulgação)

Segundo dados oficiais, a versão 1.6 tinha, com gasolina, 75 cv a 5000 rpm e 12,9 kgfm de torque a 2400 rpm, capaz de levar o sedan de 0 a 100 km/h em 13,4s e atingir 159 km/h de velocidade máxima. Econômico, quando 1.6 a gasolina fazia 11,2 km/l na cidade e 16,7 km/l na estrada, números melhores que os de um Ford Ka 1.0 3 cilindros de 2015.

LX, mais simples, vinha de série com motor 1.6, mas podia ganhar o 1.8 opcionalmente (Foto: Ford/divulgação)

Já a versão 1.8, com o mesmo combustível fóssil, tinha 87 cv a 5400 rpm e 15,2 kgfm de torque a 3000 rpm, entregando melhor desempenho: 0 a 100 km/h em 11,6s e máxima de 171 km/h. Com um câmbio, sempre manual de cinco marchas, de relações mais longas, o Verona 1.8 também era econômico para sua cilindrada, com médias de 9,3 km/l na cidade e 15,7 km/l na estrada, todas informações declaradas pela própria Ford. O conta-giros era item de série no painel.

Sedan agradava no desempenho, consumo e autonomia, sem fazer feio na dirigibilidade (Foto: Ford/divulgação)

As boas médias, somadas ao generoso tanque de combustível com 64 litros de capacidade (65 quando a etanol), rendiam uma autonomia de 1069 km para a versão 1.6 e 1005 km para a versão 1.8, ambos com gasolina na estrada. Além disso, seu estilo lembrava o BMW M3, tanto que a concessionária Souza Ramos criou o “BMW Verona”, com a pretensão de se parecer com o sedan alemão em luxo, esportividade e estilo. Sim, também achei forçado…

Verona SR, que imitava um BMW M3, foi o mais exótico (Foto: Ford/divulgação)

Além de uma reformulação do design exterior usando muita fibra de vidro como kit, o BMW Verona tinha novo capô, para-choque dianteiro com spoiler, nova grade, novos faróis, faróis de milha, spoilers laterais, novo para-choque traseiro e aerofólio com break-light integrado. Como opcionais, oferecia rodas de liga leve tipo BBS aro 14, pneus Firestone Firehalk 185/60, bancos e forros de porta revestidos em couro e a cereja do bolo: uma preparação no motor AP-800, intitulado AP-800 STA-1.

O visual externo era repleto de modificações para deixá-lo parecido com a BMW M3 da época (ou, pelo menos, tentar) (Foto: Marco de Bari/revista Quatro Rodas)

No motor, um novo comando de válvulas, cabeçote, coletores e carburadores trabalhados (os originais, tanto 1.6 quanto 1.8, já tinham de série o corpo duplo), resultavam em um aumento de potência de 15% se comparado ao motor original, fosse etanol ou gasolina. Na versão a gasolina, o Ford Verona preparado pela SR saltava de 92 para 105 cv a 6000 rpm, com 15,4 kgfm de torque a 3500 rpm, acelerando de 0 a 100 km/h em 12s50 e atingindo os 167,0 km/h de velocidade máxima. Lembrando que esses dados são de testes da revista Quatro Rodas da época, ou seja, mais realistas e até inferiores aos dos Verona comuns com motor 1.8. Os números de fábrica são sempre mais otimistas.

O Verona BMW ficava 15% mais potente que os carros normais de linha (Foto: Marco de Bari/revista Quatro Rodas)

Em 1992, o Ford Verona comum passava por atualizações e a versão GLX ganhava vários itens de série, antes opcionais, como direção hidráulica, ar-condicionado, vidros e travas elétricas, retrovisores elétricos, rádio toca fitas, interior monocromático, pintura metálica e para-choques e frisos no mesmo tom da carroceria. As rodas passavam a ser aro 14, também de série, calçadas com pneus 185/60. O teto-solar permanecia como equipamento opcional.

Linha 92: novas rodas maiores e opcionais que viraram itens de série (Foto: Ford/divulgação)

No final de 1992 foi apresentada no salão do automóvel a nova geração do Ford Escort, e para 1993, o Verona passaria por uma grande renovação, abandonando a carroceria de 2 portas e adotando o estilo do Ford Orion europeu. Mas essa já é outra história, que eu contarei mais adiante.

A coluna Autos Originais, bem como o conteúdo nela publicado, é de responsabilidade do seu autor, e não necessariamente reflete a opinião do Carros&Garagem.
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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.