Citroën C3: o seu próximo carro popular

Fotos: Leonardo França e divulgação/outros (quando indicado)

Lançado no Brasil em 2003, o Citroën C3 chegou em nosso mercado como um compacto premium, esbanjando tecnologia e carisma. Tratava-se de um carro muito bem equipado, sobretudo se considerarmos as opções concorrentes da época.

Como itens de série, trazia ar-condicionado, direção elétrica, painel digital, vidros elétricos, travas elétricas, retrovisores elétricos, coluna de direção com regulagem de altura e distância, banco do motorista com regulagem de altura, além de regulagem de altura dos cintos dianteiros, entre outros detalhes.

1.6 EC5 acompanhava o C3 já no lançamento, e garantia números interessantes de desempenho ao hatch (Foto: reprodução/Armazém do Vovô)

O motor era o bom 1.6 16v EC5 com 110 cv de potência a 5800 rpm e 15 kgfm de torque a 4000 rpm, capaz de fazer o compacto da Citroën ir de 0 a 100 km/h em 9,8s e atingir ótimos 196 km/h de velocidade máxima, números expressivos até hoje. Seu consumo médio era de 8 km/l de gasolina na cidade e 13,5 km/l na estrada.

Interior de linhas igualmente simpáticas e boa oferta de conteúdo (Foto: Citroën/divulgação)

Uma versão mais simples oferecia o mesmo conforto e motor 1.4, com 75 cv a 5400 rpm e 12,5 kgfm de torque a 3400 rpm, que levava o C3 de 0 a 100 km/h em 12,4s, atingindo os 168 km/h de velocidade máxima. O desempenho inferior se traduzia em menor consumo urbano, com médias de 10,5 kml de gasolina na cidade e 12,6 km/l na estrada. Na prática, andava bem e não sacrificava tanto o bolso.

Linha ampla e reestilizada em 2008 (Foto: Citroën/divulgação)

Em 2005 o motor 1.6 virou flex, seguido pelo 1.4 em 2006. Por quase 10 anos manteve-se atualizado em design, com um leve facelift em 2008, o que impulsionou vendas, mesmo com muitas reclamações de problemas em sua suspensão e seu sistema elétrico.

Em 2012 foi apresentada a linha 2013 e a segunda geração do modelo, usando a mesma plataforma PF1 do modelo anterior. Com o design totalmente reformulado, era 940 mm mais comprido e 410 mm mais largo do que a geração anterior, mantendo a distância entre eixos.

Segunda geração trazia nova carroceria e interior, mas plataforma de 2003 (Foto:: Citroën/divulgação)

Exteriormente, as linhas evocavam à primeira geração. No visual, destacava-se o para-brisas panorâmico Zenith e as luzes de LED embaixo dos faróis dianteiros. A qualidade e acabamento dos materiais melhorava muito em comparação com o modelo anterior, assim como sua suspensão, sobretudo na parte traseira, com novo amortecedor. O carro continuava confortável, uma característica tradicional da marca, mas sem comprometer a estabilidade.

Nova geração melhorava em nível de acabamento e durabilidade dos componentes da suspensão, além de oferecer o motor 1.5 8v (Foto: Citroën/divulgação)

O motor 1.4 era substituído pelo motor 1.5 8v de 89 cv a 5500 rpm e 14,2 kgfm de torque a 3000 rpm, capaz de levar o então novo C3 de 0 a 100 km/h em 12,6s, alcançando os 181 km/h de velocidade máxima. As médias eram melhores que as do antigo 1.4: 11,9 km/l de gasolina na cidade e 14,7 km/l na estrada. O motor 1.6 16v seguia sem alterações significativas, podendo trabalhar em conjunto com a transmissão manual de cinco velocidades ou automática de quatro. Os 1.5 eram sempre manuais.

Em 2016, foi apresentada a linha 2017, e o motor 1.5 era substituído pelo eficiente e compacto Puretech 1.2 12v, com três cilindros e produção francesa, desenvolvendo 84 cv gasolina e 90 cv com etanol, ambos a 5.750 rpm, e 12,2 kgfm na gasolina ou 13,0 kgfm no etanol, a 2.750 rpm. O C3 1.2 levava 13s para ir de 0 a 100 km/h, atingindo os 175 km/h de velocidade máxima. O chamariz era o baixíssimo consumo: 14,3 km/l na cidade e 18,6 km/l na estrada, usando gasolina.

Focado no baixo consumo, o tricilíndrico 1.2 Puretech chegou no C3 na linha 2017 (Foto: Citroën/divulgação)

Graças à pandemia e seus reflexos vividos até hoje, o Citroën C3 se despediu do mercado em 2020 como linha 2021. Em 2021, foi concretizada a fusão entre FCA – Fiat Chrysler Automobile e PSA Peugeot-Citroën, com muitos frutos que ainda estamos conhecendo.

Dentre as boas novidades da Stellantis, uma terceira geração do C3 (Foto: Citroën/divulgação)

Um deles lançado este ano é a terceira geração do Citroën C3, usando a plataforma modular CMP do Peugeot 208, com diferenças em suas dimensões, design e equipamentos. Com porte que o enquadra na categoria de SUVs compactos, seus motores são o 1.0 6v de origem Fiat (o mesmo do Argo), com câmbio manual de 5 velocidades, destinado as versões de entrada, e o veterano 1.6 16v EC5, o mesmo de 2003, com câmbio manual de 5 marchas ou automático de 6 marchas, destinado as versões mais luxuosas.

1.0 é o Firefly que também move Fiat Argo e Peugeot 208

Reposicionado como veículo popular, o modelo hoje é concorrente do Fiat Mobi e Renault Kwid nas configurações mais básicas, em um segmento que poucas marcas investem nos tempos modernos, e que a Citroën tem tudo para nadar de braçada. As superiores, com motor 1.6, incomodam Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Fiat Argo e cia. Mas é da versão 1.0 que vamos falar.

Versão 1.0 básica custa menos de R$70 mil: convidativa

Com preço a partir de R$69.990,00, o carro realmente é convidativo. Seu motor 1.0 6v desenvolve 71 cv com gasolina e 75 cv com etanol, ambos a 6.000 rpm, e 10,0 kgfm na gasolina ou 10,7 kgfm no etanol, os dois a 3.250 rpm. Faz de 0 a 100 km/h em 14,1s, atinge 160 km/h de velocidade máxima e tem consumo comedido, de 14,1 km/l na cidade e 18,8 km/l na estrada (gasolina).

O torque deste motor é muito interessante para uso urbano, aparentando ter mais potência do que realmente tem, e os engates do câmbio de 5 marchas são suaves e precisos, nada comparado aos modelos anteriores. Usa o mesmo trambulador do Peugeot 208, mas o câmbio é da Fiat, e você vai lembrar disso quando ouvir seu funcionamento ruidoso.

Ao volante, tem-se a impressão de um motor mais forte do que é

O rodar suave foi mantido, mantendo a tradição Citroën, e sua suspensão, trabalhada pela Fiat, promete durabilidade no nosso piso e baixo custo de manutenção. A versão Live, a mais barata da gama, traz 2 Airbags, alerta de pressão dos pneus, vidros dianteiros elétricos, assistente de partida em rampa, ar-condicionado, direção elétrica, luz diurna halógena, entre outros equipamentos. Não há auxílio de estacionamento nem mesmo rádio (no caso, multimídia touchscreen), este encontrado na versão seguinte Live Pack.

Multimídia surge a partir da Live Pack. Interior é simples e com pontos de acabamento que deixam a desejar, mas agrada

A direção é bastante macia, mantendo a tradição do modelo, já o acabamento é simples. A variação de texturas dos plásticos quer passar a impressão de refinamento, mas os arremates nos cantos das peças deixam a desejar. Por outro lado seu isolamento acústico é superior ao da concorrência, mas ouve-se o motor de 3 cilindros em alto e bom som quando exigido a fundo. Há muitos porta-objetos e soluções práticas para celulares e cabos, mas fica devendo o carregamento de celular por indução nas versões mais caras.

10″ de multimídia e soluções interessantes para celulares e cabos, mas a instrumentação chega a ser tosca

O quadro de instrumentos remete ao da primeira geração, totalmente digital, mas não traz conta-giros, além de ter um aspecto tosco, com uma tela de LCD monocromática que denota baixa qualidade. Agrada no design e sua leitura é fácil, mesmo com o sol a pino.

Tela pequena de LCD monocromática engloba todas as informações ao motorista

O banco do motorista possui regulagem de altura e excelente ergonomia. Tem espuma macia, e seu tecido, apesar de simples, agrada ao toque. O acesso aos bancos dianteiros e traseiros também é bom, graças ao generoso ângulo de abertura das portas, e o espaço interno é bem aproveitado, acomodando 5 passageiros com facilidade. O porta-malas tem 315 litros, considerado bom para a categoria.

As versões mais luxuosas possuem mais recursos como central multimídia, sensor de estacionamento, iluminação diurna em LED, rodas de liga-leve, entre outros, mas dispensam conta-giros ou mais airbags (são sempre os dois frontais obrigatórios por lei), itens não pensados durante seu projeto e concepção, tornando os C3 1.6 mais caros pouco competitivos para os padrões atuais.

Se o foco for um carro de entrada, espaçoso, confortável e com motor 1.0, o novo Citroën C3 1.0 deve ser considerado, pois é de longe a melhor opção do mercado, em especial nas versões mais baratas.

Versão de entrada Live é a mais interessante da linha Novo C3
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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.