(Avaliação) Audi A3 Sedan semi-híbrido: mais potência, menos consumo e mesmo preço
By Lucca Mendonça
10 de novembro de 2022
Conseguiram deixar o Audi A3 ainda mais eficiente. Se o sedan médio premium alemão já era um carinha pra lá de “pão duro” no consumo de combustível ou expert em aproveitar a força do seu powertrain, agora com a tecnologia Mild-Hybrid (MHEV) ficou ainda melhor. Ganhou 14 cv de potência com o auxílio elétrico de 48 Volts e manteve preço bem próximo ao de antes: custa a partir de R$267 mil (S-Line), podendo chegar aos R$287 mil no caso dessa versão Performance Black topo de linha do carro das fotos.
Vários opcionais bacanas estão disponíveis para as duas configurações (sistema de som Bang&Olufsen 3D, detalhes em fibra de carbono, interior com LEDs configuráveis, bancos esportivos etc., todos inclusos no carro avaliado), mas infelizmente os assistentes de condução, em falta nessa nova geração, ainda estão de fora por conta da crise de chips semicondutores. A Audi promete oferecê-los nos nossos A3 assim que a produção se normalizar na matriz. Por enquanto, até os botões de ativação de alguns sistemas estão no carro, mas sem função.
A tecnologia motriz desse A3 não o coloca como um híbrido como o Toyota Prius, por exemplo, mas num nível intermediário entre os carros exclusivamente a combustão e os tais híbridos puros. O excelente 2.0 turbo a gasolina de injeção direta e duplo comando variável (EA-888) ainda está debaixo do capô, e mantém a parceria com a esperta caixa automatizada de dupla embreagem e sete velocidades (S Tronic), mas conta com o auxílio do sistema de 48V que une o motor de arranque ao alternador. A Mercedes-Benz, concorrente, explorou bem essa tecnologia com a C200 EQ-Boost.
Além de dar uma força extra ao 2.0 TFSI, que, por si só, já deixa o pequeno Audi com ânimo de esportivo, o sistema permite que o carro rode por certos trechos e situações com motor totalmente desligado, seja em médias ou altas velocidades, aproveitando a inércia. Mas é um semi-híbrido, então o A3 não é daqueles carros que arranca ou consegue subir uma rampa, por exemplo, só com a força da eletricidade. A dupla motor de arranque + alternador trabalha sempre como um complemento ao quatro cilindros turbo a gasolina.
Outras modernidades também ajudam na eficiência energética exemplar do sedan alemão, como a roda livre (que, dependendo da situação, desengata o S Tronic para que o carro siga aproveitando o “embalo” da inércia) ou Start&Stop com alguns bônus, como a enorme sensibilidade que, as vezes, até desliga o motor antes do carro parar completamente e ainda é inteligente em situações de paradas mais demoradas (controla a partida e desligamento do motor de acordo com as necessidades do ar-condicionado automático, por exemplo).
A roda-livre pode ser ativada separadamente do sistema semi-híbrido: as vezes ele pode rodar desengatado, mas não desligado. Tudo isso e muito mais é controlado pela boa e velha inteligência eletrônica, que é mais presente do que se imagina no A3. Para cada situação de temperatura, funcionalidades, tensão da bateria, peso do carro, trechos da via e por aí vai, ele encontra a melhor solução para ser eficiente.
A3 MHEV em números
Apesar de agora ter esse lado eletrificado, o A3 Sedan continua com o mesmos alto peso (quase 1.500 kg) e número de aceleração (cerca de 7,5 segundos no 0 a 100 km/h). O que subiu foi a potência, agora de 204 cv no total, enquanto o torque baixou de 32,6 para 30,6 mkgf (leia-se 320 Nm e 300 Nm, na ordem). Ele agora também corre menos: a velocidade máxima, antes próxima dos 250 km/h permitidos pela legislação alemã, agora estaciona nos 210 km/h. Na prática, continua como um foguetinho de direção ímpar, apesar dos novos números.
Curioso, já que ele ganhou a adição de um motor elétrico de teóricos 14 cv, mas perdeu no torque e velocidade final (essa, provavelmente, pela adoção de um limitador eletrônico mais severo). Mas aí entra outro ponto importante chamado “leis de emissão de poluentes”, no caso o Proconve L7, que foi o motivo da Audi brasileira passar a importar esse A3 MHEV mais eficiente. Trabalhos de engenharia, adequação às leis de emissão, reconfigurações eletrônicas, mudanças mecânicas…enfim, complicado de entender.
O mais importante é que essa nova tecnologia mild-hybrid (ou semi-híbrida no bom português brasileiro) mexeu com o consumo do A3 Sedan, que já era bom. Mexeu, mas não muito. Na verdade, ele continua tão econômico quanto antes, e isso nem é só no uso diário mas também pelos números do INMETRO.
Segundo o instituto, o médio alemão cravou praticamente as mesmas médias com ou sem a ajuda do sistema elétrico de 48V. As marcas do computador de bordo e ponteiro do combustível durante nossos testes confirmaram: continua fazendo mais de 13 km/l na cidade e beirando os 20 km/l na estrada!
O A3 Sedan é uma bella macchina alemã. Tirando as limitações de espaço interno e porta-malas, que são até perdoadas pela sua carroceria pequena e baixa, é rápido, ágil nos comando de direção e freios, tem suspensões durinhas a favor de uma tocada mais esportiva, apesar de sofrer um pouco no nosso piso, principalmente com os pneus importados de perfil baixo.
Ainda que deixe de lado as tecnologias de assistência a condução (como frear sozinho ou contornar leves curvas por conta própria, por exemplo), não economiza nas tecnologias. Talvez seja esse o melhor Audi A3 de todos os tempos, e, agora, semi-híbrido, tem mais um motivo para ser comprado.
Ficha técnica:
| Concepção de motor: 1.984 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco em ferro fundido e cabeçote em alumínio. Auxílio via sistema hibrido leve de 48V. |
| Transmissão: automatizada de dupla embreagem com 7 velocidades, possibilidade de trocas manuais em paddle-shifts no volante |
| Potência: 204 cv a 6.000 rpm |
| Torque: 30,6 mkgf entre 1.500 e 4.180 rpm |
| Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson |
| Suspensão traseira: independente, do tipo multilink |
| Direção: com assistência elétrica progressiva |
| Freios: discos ventilados nas quatro rodas |
| Pneus e rodas: Bridgestone Turanza T005, medidas 225/40. Rodas de liga-leve aro 18 |
| Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,50 m/1,82 m/1,43 m/2,63 m |
| Porta-malas: 425 litros |
| Tanque de combustível: 50 litros |
| Peso em ordem de marcha: 1.485 kg |
| Aceleração 0 a 100 km/h: 7,4 segundos |
| Velocidade máxima: 210 km/h (limitada eletronicamente) |
| Preço básico: R$266.990 (Carro avaliado: R$286.990) |
Itens de série:
