C4 Cactus 1.6 THP: Um SUV metido a hatch

A Citroen já estava precisando se renovar nesse tão badalado segmento dos crossovers, afinal, até o lançamento do Cactus, seu único carro “off-road” era o Aircross: originado do finado C3 Picasso, ele foi totalmente projetado no Brasil e lançado no distante ano de 2010. Apesar do facelift feito em 2015, ele já está defasado perante a concorrência. Além disso, a Citroen também precisava de um carro superior, que chegasse no patamar de um Ecosport ou de um HR-V, coisa que o Aircross não daria conta. O jeito de resolver isso tudo foi trazer um carro mais moderno e de categoria superior, mas sem substituir o conhecido Aircross: O C4 Cactus, lançado na Europa em 2014 e reestilizado por lá em março do ano passado, foi o escolhido para cumprir esse papel, sendo apresentado por aqui em agosto de 2018.

O modelo chegou com pouquíssimas mudanças externas, mas interior totalmente diferente da variante estrangeira: a versão brasileira ganhou novo painel, volante, bancos, laterais de porta e painel de instrumentos (basicamente o interior é outro). O bom do Cactus é que, tanto nas dimensões quanto no visual, ele tem um lado hatch (na Europa ele é classificado como tal), e isso tem seus pontos positivos: além de medir apenas 4,17 m de comprimento (quase 10 cm a menos que um Chevrolet Prisma) e 1,71 m de largura, o que ajuda nas apertadas cidades grandes, ele também não sofre daquele característico mal de possuir o centro de gravidade alto dos SUV`s, que acaba prejudicando a dinâmica desse tipo de carro. Mesmo tendo 22,5 cm de vão-livre do solo, ele se comporta como um hatch encorpado. Um dos pontos destacáveis do Cactus são as suspensões, bastante macias e confortáveis, que somadas ao Grip Control e ao bom vão-livre do solo, acabam permitindo algumas ousadias fora de estrada.

Se por fora ele é relativamente pequeno, por dentro ele até chega a surpreender, pois seu interior é bem resolvido: os 2,60 m de entre-eixos dão prioridade aos passageiros, tendo espaço de sobra para as pernas de todos. O único incômodo de quem vai atrás é o teto baixo e arredondado, que causa desconforto para a cabeça de quem vai atrás. Seu porta-malas de 320 litros é elogiável na capacidade, mas tem como pecado a pequena e elevada abertura, dificultando o entra e sai de coisas grandes ou pesadas de dentro do compartimento.

Esquecendo a carroceria e suas dimensões, o destaque dessa versão Shine Pack é o motor 1.6 Turbo (o famoso THP, que equipa vários outros carros do grupo PSA), já que ele rende bons 173 cv e 24,5 mkgf de torque quando abastecido com etanol. Com transmissão automática de 6 marchas, essa mecânica continua apimentada mesmo com os gordos (e quase inacreditáveis) 1.617 kg que o modelo pesa: 0 a 100 km/h em 7,3 s e velocidade máxima de 212 km/h, segundo a montadora. O lado bom é que quase nada dessa “esportividade” se reflete no consumo: rodando na estrada a cerca de 100 km/h, as médias ficavam entre 19 e 20 km/l de gasolina, números bem positivos para sua potência e peso.

Custando a (irônica) bagatela de R$102.390 com a cor metálica, como no carro das fotos, o C4 Cactus traz de série nessa versão Shine Pack o ar-condicionado digital (comandado pela central multimídia), direção elétrica, 6 airbags, painel de instrumentos digital, controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, chave presencial, luzes diurnas de LED, piloto automático, monitor de pressão dos pneus, faróis de neblina com função cornering light (as luzes acompanham o movimento do volante), sensores de chuva e crepuscular, retrovisor eletrocrômico, bancos em couro, Grip Control (seletor com quatro modos para a condução: normal, neve, terra e terreno irregular), central multimídia de 7” com conexões Android Auto/Apple CarPlay e câmera de ré, rodas diamantadas aro 17, Citroën Advanced Drive (que engloba os alertas de saída de faixa e de colisão, sistema de frenagem autônoma e detector de fadiga), entre outros.

Porém, por ser um carro que passa dos R$100 mil, o Cactus fica devendo algumas coisas inexplicavelmente simples, como sensores de estacionamento (eles só podem ser comprados como acessório na concessionária, pelo incrível que possa parecer) e luzes para o banco traseiro (até mesmo as dianteiras são fracas, iluminando pouco o interior do carro). Também fizeram falta as saídas de ar-condicionado traseiras, que poderiam vir acompanhadas de uma entrada USB para carregamento de celular. Além disso, os comandos do ar-condicionado digital, feitos pela central multimídia, são um tanto confusos e pouco intuitivos. Outra coisa que não encontrei pontos fortes foi o painel de instrumentos digital: ele tem visual bastante antiquado e simples (parecido com o da minivan Xsara Picasso, lançada há 20 anos), o que acaba não combinando em nada com o restante do interior, que tem design moderno e arrojado.

Custando (quase) caros R$103 mil, comprar um C4 Cactus nessa versão Shine Pack não é a melhor recomendação, principalmente levando em conta a superioridade de espaço interno, porta-malas e equipamentos dos seus concorrentes nessa faixa de preço. Mas, caso o motor turbo não seja uma necessidade, a Citroen oferece outras duas versões com o mesmo câmbio automático de 6 marchas, chamadas Feel e Feel Pack, mas que são equipadas com um motor 1.6 aspirado de 122 cv e saem por R$81.990 e R$87.490, respectivamente (uma redução de quase R$20 mil comparando com a topo de linha avaliada). Se o valor alto dessa versão testada for deixado de lado, o carro é interessante de um modo geral, provando que tudo se resolveria com um simples reajuste de preço.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.