(Avaliação) Chevrolet Bolt EV mostra o outro lado dos carros elétricos

Sucesso inegável nos EUA, seu país de origem, o Chevrolet Bolt é uma das portas de entrada para o mundo dos elétricos por lá. Aqui é um belo carro de vitrine para a Chevrolet brasileira, daqueles que são mais representativos do que vendáveis. É um exemplo do famoso carro de imagem, o primeiro 100% elétrico da marca em nosso mercado e um dos mais eficientes falando de energia.

Primeiro e único Chevrolet elétrico a venda no Brasil (Foto: Lucca Mendonça)

Pra quem não conhece, falando de uma maneira bem “tosca”, ele é uma espécie de Honda Fit elétrico: nem hatch, nem minivan, nem crossover, mas altinho, espaçoso e modular. Tem piso totalmente plano, inclusive forrado com bastante borracha (facilita a limpeza e evita maiores estragos com sujeiras, por exemplo), muito espaço para quem vai atrás (teto alto, posição de sentar mais ereta e elevada), enquanto o motorista também viaja altinho e na melhor posição sentada.

Proposta interessante e espaçosa no Bolt (Foto: Lucca Mendonça)

Nada de esportivo ou com estilo de carro de corrida: um elétrico espaçoso, modular, mais racional e familiar do que o esperado. Não é atoa que, nos EUA, os Bolt se dão muito bem como carros autônomos de transporte por aplicativo, daqueles preparados pra operar sem motorista. Interessante esse outro lado dos carros elétricos, nem sempre ariscos, baixos etc.

Como vai

O Bolt foi meu companheiro por seis dias e cerca de 550 km, e provou que quase tudo nele é voltado ao conforto e bem-estar dos ocupantes. Apesar do motor elétrico dianteiro que despeja ótimos 203 cv e 36,7 mkgf de força imediata, o Chevrolet elétrico é progressivo e linear nas acelerações se comparado a outros carros de mesma propulsão. Mesmo no modo mais esportivo, aquele que permite ele acelerar de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos, ele evita brutalidades. Mas anda bem.

E se mostrou totalmente isolado da barulheira. Tem inclusive uma manta acústica e térmica na parte interna do capô. Como costuma acontecer nos Chevrolet importados, pode raspar em lombadas ou valetas pela carroceria próxima do chão e eixos deslocados para as extremidades, mas é tudo uma questão de cuidado ao volante. Suas suspensões, com amortecedores de curso não muito longo, parecem sofrer um pouquinho com o nosso piso esburacado, mas são eficazes no seu trabalho.

Baixa elevação da carroceria e parachoques pontiagudos urbano e requer alguns cuidados (Foto: Lucca Mendonça)

Um pouco de tudo

Mais uma vez, tudo girando em torno do conforto e bem-estar. E, também, praticidade, já que seu lado meio monovolume, meio hatch altinho, meio minivan, não deixa por menos: dentro de uma carroceria compacta, não muito maior que a de um Honda Fit mesmo (no Bolt são 4,16 m de comprimento, 1,76 m de largura, 1,61 m de altura e 2,60 m de entre-eixos), alguns bônus como quase 480 litros de porta-malas e muitos porta-trecos. Mancada é não ter as saídas de ar traseiras.

Pra dirigir não existem segredos, já atua praticamente como um carro automático comum (mas mudo). A direção elétrica tem peso correto, igual a atuação dos pedais no geral, e qualquer manobra apertada fica mais fácil pelo ótimo ângulo de esterço das rodas da frente. Nesses pontos, o Bolt é bem equilibrado e esperto. Mas uma coisa chamou a atenção: retrovisores planos e um ponto cego gigante para o motorista.

Por mais que haja sensores e alertas, numa situação até uma Kombi “sumiu” da minha visão, mesmo estando ao lado dela. Qualquer mudança de faixa ou trajetória requer mais atenção, ou uma boa curvada no corpo, pra não fechar ninguém. Talvez o maior pecado do Chevrolet EV, que parece acertar em cheio em vários pontos, inclusive na segurança: além de todo o pacote de assistentes de condução, com direito a todas as modernidades do mercado, ele bate o recorde com 10 airbags!

ECO, em todos os sentidos

Emissão zero, poluição zero, gasto zero com combustíveis líquidos, e ECO em quase todos os sentidos. Apesar de pequeno, as baterias do Bolt tem generosos 66 kWh de capacidade (e 430 kg de peso!). As de um furgão médio como o Citroën e-Jumpy, por exemplo, tem 75 kWh. A Chevrolet não economizou nem na fabricante: LG. Isso faz dele um dos mais eficientes no alcance, nas melhores condições chegando aos 460 km.

Baterias do Bolt EV são feitas pela LG e bem grandes (Foto: Lucca Mendonça)

Falando de um bom e velho uso misto, diário, entre cidade e estrada, foram cerca de 6,3 km/kWh, ou, como ele registrava, média de pouco menos de 16 kWh/100 km. Focando em economizar, com pé leve e modo One Pedal ativado (além dele, há como regular a intensidade da regeneração numa aleta atrás do volante), ele indicava ir além dos tais 460 km. Na foto do painel fica claro: 257 km de alcance para pouco mais de meia carga. Só faltou coragem pra rodar até zerar e comprovar.

Ainda que sem modo ECO de condução, já que ele está sempre no Normal e o motorista pode ligar o Sport, o Bolt se mostrou um dos elétricos mais econômicos já testados pelo Carros&Garagem. E certamente o mais arrojado na autonomia, provando que nem sempre o menor arrasto aerodinâmico, a carroceria mais baixa e fluída, ou a proposta mais doida para poupar energia fazem a eficiência de um carro elétrico. Pra recarga não há segredos: tomadas residenciais, wallbox ou eletropostos, cada um no seu tempo (veja na ficha técnica).

Quanto custa um Bolt?

R$329.000, pra ser exato. Salgado, apesar das suas várias virtudes e tecnologias, como a multimídia de 10” com internet 4G, WiFi e apps nativos, um belo sistema de som assinado pela Bose e todo o pacote de assistentes de condução. Mesmo com a sacada inteligente de um elétrico hatch, altinho, familiar, espaçoso e prático, o Bolt tem concorrentes: Nissan Leaf (seu arquirrival desde sempre), Peugeot e-2008 e BYD Yuan Plus, por exemplo. O Nissan é o mais caro, R$300 mil, enquanto Peugeot e BYD ficam na faixa dos R$265 mil.

Ficha técnica:

Concepção de motor: elétrico, dianteiro, refrigeração líquida de baterias e propulsor, conjunto de baterias de íon-lítio instaladas no assoalho, capacidade de energia de 66 kWh
Carregamento: entrada Tipo 2, recarga via eletropostos (de 1h45 min a 11h00min, dependendo da força), wallbox (cerca de 11h00 min) e tomadas 220V (cerca de 40 horas). Regeneração de energia durante condução e modo One Pedal
Potência: 203 cv
Torque: 36,7 mkgf
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Michelin Primacy 3, medidas 215/50 e rodas de liga-leve aro 17
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,16 m/1,76 m/1,61 m/2,60 m
Porta-malas: 478 litros
Alcance: 416 km (ciclo EPA) ou 459 km (ciclo WLTP)
Peso em ordem de marcha: 1.641 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 7,5 segundos
Velocidade máxima: 145 km/h (limitada eletronicamente)
Preço básico: R$329.000

Itens de série:

Acendimento automático dos faróis através de sensor crepuscular, 10 Airbags (frontais, de joelho, laterais 1ª fileira, 2ª fileira e de cortina), Alarme antifurto com função de pânico remoto, Alerta de Pressão dos Pneus, Faróis/lanternas e luz de posição em LED, Sensor de estacionamento traseiro, Alerta de colisão com detecção de pedestre frontal e auxílio de frenagem, Alerta de Tráfego cruzado traseiro, Assistente de Permanência na Faixa, Frenagem automática de emergência em baixa velocidade, Farol alto adaptativo, Kit de reparabilidade do pneu (inflar e selar), Antena tipo “shark”, Câmera de visão 360º, Espelho retrovisor externo elétrico na cor do veículo com luz indicadora de direção integrada e aquecimento, Pneus runflat e rodas de alumínio aro 17″ com superfície usinada, Ar-condicionado digital com controle automático de temperatura e sistema automático de recirculação, Carregador Wireless, Coluna de direção com regulagem em altura e profundidade, Aquecimento dos bancos dianteiros, Aquecimento do volante, Descansa-braço traseiro com 2 porta-copos, Controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo (ACC), Easy Entry – Partida do motor e abertura das portas através de sensor de aproximação na chave      Item de série, Trava elétrica das portas com acionamento na chave, Acionamento do freio de estacionamento elétrico, Banco traseiro bipartido e rebatível, Banco do motorista com ajustes elétricos (altura, distância, inclinação e lombar), Banco do passageiro com ajuste manual de altura, de distância e de inclinação do encosto e do assento, Controles de Rádio e do Celular no Volante, Painel de Instrumentos digital 8″ Colorido e Configurável, Chevrolet MyLink, com Tela LCD 10,2″, Integração sem fio com smartphones através do Android Auto e Apple CarPlay, Sistema Bose® Premium de áudio com 7 alto-falantes e subwoofer, Comandos do carro à distância via app MyChevrolet, Seletor inteligente de transmissão

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.