(Avaliação) Jeep Compass 4xe: qual é a do híbrido 4×4?

Até o queridinho do Jeep Compass teve que entrar na era da eletrificação com a versão 4xe híbrida plug-in. Antes de mais nada: meio estranho, esse nome tem sentido e pronúncia certa. Ele é um 4×4 e eletrificado, com o motor elétrico comandando a tração traseira, então é literalmente um 4XE (“four by e”, de “eletrificado”). Sacada boa dos marqueteiros.

Nome é criativo, mas o preço… (Foto: Lucca Mendonça)

Bom seria se fossem geniais assim também no preço, ou pelo menos mais sensatos, já que o 4xe é muito caro: R$338.400 sem o teto-solar panorâmico, de R$9 mil a parte (já foi item de série). Tal cifra coloca o híbrido numa “saia justa” com o restante da linha Compass: um turbodiesel topo de linha não passa dos R$253 mil, e um turboflex tão completo quanto “para” nos R$234 mil. Diferença assustadora para o mesmíssimo carro, só que eletrificado! Mas, vamos destrinchar:

R$85 mil mais caro que um turbodiesel topo de linha. E o teto-solar custa mais R$9 mil! (Foto: Lucca Mendonça)

Cidadania italiana

Pernambucano? que nada. O 4xe é feito na Itália, e, apesar de ter peculiaridades, se iguala aos Compass nacionais no comportamento de freios, direção e suspensões, ou níveis de acabamento e conforto a bordo. Único que sai perdendo é o porta-malas com menos 55 litros pelo assoalho erguido para acomodar o motor elétrico. Tudo de primeira, diga-se de passagem, fazendo lembrar os motivos do sucesso desse SUV médio da Jeep.

Diferenças por ser importado da Itália não desmerecem o Compass e suas várias qualidades (Foto: Lucca Mendonça)

Algumas das tais peculiaridades envolvem desde freios a disco com maior diâmetro (para equilibrar com os quilinhos a mais da versão), bancos dianteiros do Commander (melhores), apoio de braço traseiro que é o próprio encosto central, sistema de som Alpine (e não o tradicional Beats dos Jeep), falta de borboletas para trocar marcha atrás do volante (vai entender), câmeras 360º (que nenhum Jeep nacional tem) e otras cositas.

Então, foco na motorização: na dianteira está o conhecido 1.3 turbo GSE, com seus saudáveis 180 cv de potência e 27,5 mkgf de torque que, acreditem ou não, no 4xe bebe só gasolina. Baita chance que a Jeep desperdiçou de ter seu híbrido plug-in flex, um pioneiro no mundo. Aliado, no eixo traseiro, um motor elétrico de outros 60 cv e 25,5 mkgf. Bastante torque, 53 mkgf, potência mista, 240 cv, e no conjunto há ainda um gerador de energia para os sistemas elétricos e equipamentos do carro. É como um alternador, só que bem maior e mais potente.

1.3 turbo que não é flex soa quase como um desperdício (Foto: Lucca Mendonça)

Tração integral e sistema aventureiro

Quem gerencia a força é o mesmo câmbio automático de seis marchas dos Compass flex brasileiros, que é responsável só pelo 1.3 turbo e normalmente casa bem com ele. Para o motor elétrico há um redutor, mas, em todo caso, o esquema é como o de um 4×4, com diferencial traseiro eletronicamente bloqueável e modo de reduzida para a transmissão, seletor de tipos de terreno e o controle eletrônico de descidas, como nos turbodiesel.

Mas as limitações do seu “kit externo”, como os parachoques com menor ângulo de entrada, rodas grandes, pneus urbanos, além da suspensão mais baixa, requerem mais cuidados que os turbodiesel nas aventuras. No asfalto, seu chão mais indicado, é que ele mostra muita disposição pra acelerar, frear e contornar curvas. De longe, esse Compass é o mais esperto que já tivemos no Brasil: leva menos de 7 segundos pra ir de 0 a 100 km/h quando junta todo o powertrain. Deixa comendo poeira seu arquirrival Toyota Corolla Cross Hybrid.

De longe é o Compass mais rápido que já tivemos, mas, para o off-road, esse não é o melhor “kit externo” (Foto: Lucca Mendonça)

50 km como elétrico

No centro do assoalho ficam as baterias de pouco mais de 11 kWh. Graças a elas o 4xe roda 100% elétrico por cerca de 50 km (a Jeep, mais modesta, informa 44, mas economizando ele vai além), e, se precisar, a ativação do motor a combustão é automática. Como recarregar? Eletropostos, wallbox ou até em casa, numa tomada 220V, já que ele vem com carregador próprio (ponto positivo num PHEV), sempre com plugue Tipo 2. Também tem regeneração forte durante a condução que é ativada pelo motorista, mas, por esse preço, valeria mais um sistema One Pedal.

Por cerca de 50 km, o 4xe roda como um elétrico: não faz barulho, não queima combustível e não polui (Foto: Lucca Mendonça)

Só que a portinhola de recarga fica na lateral traseira esquerda e tem formato idêntico a portinhola para reabastecer com gasolina, que fica na lateral direita. Os frentistas que não conhecem vão logo no bocal errado, o de eletricidade, e ficam tentando entender como colocar o bico de gasolina ali. Por sorte, o bocal para encher o tanque só é destravado pelo motorista, num botão do painel que, curiosamente, fica junto dos seletores de funcionamento do conjunto híbrido.

Como funciona?

Apesar de prioridade para o funcionamento elétrico, o 1.3 turbo entra em cena, as vezes meio afoito e em rotação elevada, caso a carga das baterias acabe ou o motor elétrico não dê conta do recado de mover as quase duas toneladas. Dependendo, até com baixa bateria, como 5 ou 7%, o 1.3 pode ligar com mais frequência, sempre para preservar alguma energia e não depender apenas da combustão. No painel de instrumentos digital é fácil acompanhar tudo funcionando.

Quem manda é o gerenciamento eletrônico: essa mudança de força elétrica pra combustão pode acontecer até no modo Electric, aquele que teoricamente deixa o 4xe só elétrico, isso se o esforço do motor traseiro for excessivo (nas subidas grandes, por exemplo). O modo Hybrid, híbrido, escolhe sempre a melhor forma de mover o carro com um ou os dois motores, dependendo das condições, peso e pressa, mas é outro que prioriza a condução 100% elétrica enquanto houver carga nas baterias.

Três modos: Electric e Hybrid são legais, mas não tanto quando o e-Save (Foto: Lucca Mendonça)

Um terceiro modo, o E-Save, é o mais interessante e dá a chance de escolha para o motorista: pode desligar o motor elétrico traseiro e poupar a carga das baterias para usar “mais tarde”, ou então ligar o 1.3 turbo com a função de gerador, carregando as baterias. No meu caso, viajando em rodovia mas sabendo que enfrentaria um trânsito pesado depois, coloquei no modo de recarga até chegar na área urbana, o que me rendeu um bom alcance elétrico para usar na cidade.

O único problema é que, nesses casos, o 1.3 turbo trabalha sempre ligado e movendo o carro, e bebe rápido os 36,5 litros de gasolina do tanque fazendo médias de 12,0 km/l ou menos no uso misto. Por isso é híbrido: com a ajuda do motor elétrico traseiro e das tecnologias da propulsão mista, essa média de consumo vai pra perto dos 23 km/l. Um exemplo: em uma viagem de 200 km, foram 9,3 litros de gasolina queimados mais uma carga completa das baterias (como a recarga foi grátis num supermercado, me custou só os R$44 de combustível).

Colocando os pingos nos is

Coisa boa de um híbrido é ter ao dispor dois diferentes motores, com dois diferentes combustíveis e dois “tanques cheios”, digamos assim. As chances de pane seca, por exemplo, são mínimas, ainda mais podendo escolher o funcionamento de toda a parafernália eletrônica, como aqui.

Versão única vendida por aqui é a S, topo de linha (Foto: Lucca Mendonça)

O 4xe importado vem só na configuração S, a mais completa, então reúne tudo de melhor que o SUV da Jeep pode oferecer e até mais um pouco. E essa cor, um azul escuro meio acinzentado, só tem no híbrido, talvez por isso atraia tantos olhares por aí. No final da matéria está o conteúdo de série completo, sempre depois da ficha técnica.

Tudo que o Compass pode ter, o 4xe oferece: é um topo de linha (Foto: Lucca Mendonça)

Passados oito dias e mais de 800 km a bordo desse Compass híbrido, me ficou claro que seu único problema é o tal preço. Problemão, diga-se de passagem, que a Jeep tenta resolver as vezes com alguns descontos astronômicos (e temporários), como um de R$67 mil no final do ano passado, ou outro de R$50 mil no começo desse ano. Agora é tabela cheia, mas outra promoção dessas pode (e deve) surgir. Se custasse menos, seria sucesso garantido.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.332 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, comando de válvulas único no cabeçote, MultiAir, bloco e cabeçote em alumínio + motor elétrico acoplado ao eixo traseiro e gerador dianteiro
Baterias: íon-lítio com 11,3 kWh de capacidade, instaladas no assoalho
Transmissão: automática com conversor de torque e 6 marchas, com possibilidade de trocas manuais na alavanca + redutor para motor elétrico traseiro
Potência combinada: 240 cv
Torque combinado: 53 mkgf
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: independente, multilink, com barra estabilizadora
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Michelin Pilot Sport 4, medidas 235/45 e rodas de liga-leve aro 19
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,40 m/1,82 m/1,64 m/2,64
Porta-malas: 420 litros
Tanque de combustível: 36,5 litros
Peso em ordem de marcha: 1.908 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 6,8 segundos
Velocidade máxima: 206 km/h
Preço básico: R$338.400 (carro avaliado: R$347.300)

Itens de série:

Power Pack (carregador de celular por indução), Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Seletor de terrenos com modos auto, sand/mud, snow e sport, Travas elétricas nas portas e porta malas, Lanternas com assinatura em LED, Sistema e-Coasting, Retrovisores externos elétricos e rebatíveis, Câmera 360º, Sensor de chuva, Aviso de colisão frontal com frenagem de emergência, Detecção de pedestres e ciclistas, Limpador e desembaçador do vidro traseiro, HSA (Hill Start Assist), Tração 4×4 Jeep com 4WD LOCK e 4WD LOW, Comutação automática dos faróis, Controle de Estabilidade (ESC), Piloto automático adaptativo (ACC), Alarme, HDC (Hill Descent Control), Freio de estacionamento eletrônico, Função Auto Hold, Freios a disco nas 4 rodas, Tomada auxiliar de 127V, Detector de fadiga do motorista, Abertura elétrica do porta-malas com sensor de presença, Sistema de monitoramento da pressão dos pneus, Controle eletrônico anti-capotamento, Freios ABS (antitravamento), USB tipo A e C no console traseiro, Ganchos de fixação de carga no porta-malas, Faróis Full LED com assinatura em LED, Volante multifuncional com acabamento em couro, Coluna de direção ajustável em altura e profundidade, Multimídia touchscreen de 10,1″ com Adventure Intelligence Plus e Alexa in Vehicle, Internet 4G a bordo, Seletor Híbrido/Elétrico/e-Save, Keyless Enter ‘n Go (chave presencial), Partida por botão, Partida remota, Bancos em couro com ajustes elétricos para o motorista, Ar Condicionado automático dual zone, TC+ (Controle de Tração), Sistema de som Premium Alpine com oito alto-falantes e subwoofer, Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, Apple Carplay e Android Auto com espelhamento sem fio, Sistema de navegação GPS integrado, Painel de instrumentos Full Digital e HD de 10,25″, Retrovisor interno eletrocrômico, Carregador portátil para a bateria de tração (110V/220V), Isofix, Banco do passageiro rebatível, Reconhecimento de placas de trânsito, Sete airbags (Frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista), Rodas em liga leve de 19″, Aviso de mudança de faixas, Direção elétrica, Estepe de uso emergencial, Panic break assist, Sistema de estacionamento semiautônomo (Park Assist), Acendimento automático dos faróis, Monitoramento de pontos cegos

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.