Sistema de airbags: Como funciona e para que serve esse eficaz equipamento?

No passado, já se sabia que nos acidentes de automóveis o grande problema era o forte choque dos ocupantes com o interior do veículo (painel, volante, parabrisas, entre outros), o que algumas vezes resultava em fatalidades. Por isso, no início dos anos 50, um alemão imaginou que uma bolsa de ar sendo inflada em caso de acidente poderia minimizar os ferimentos ao motorista do veículo.

Ao mesmo tempo, um norte-americano pensou igual, e desenvolveu um sistema semelhante, sempre utilizando o ar comprimido para inflar bolsas protetoras. Esse americano, que era engenheiro industrial, patenteou a invenção primeiro, e o alemão que foi pioneiro na ideia fez o mesmo alguns meses depois. Mas os testes mostraram que o ar comprimido era muito lento para inflar as tais bolsas durante a rapidez de um acidente, e não ofereciam a proteção no tempo necessário.

Usando ar comprimido, a eficiência das bolsas era pequena no momento do acidente (Foto: reprodução/internet)

Em 1964, um japonês teve uma ideia melhor: como as respostas do ar comprimido eram lentas demais, uma explosão controlada que produziria um volume de gases suficiente para inflar a bolsa em milésimos de segundos era mais eficiente. Daí começou a nascer o airbag na forma que o conhecemos hoje. O tal japonês colocou em prática seu sistema, mas infelizmente ele acabou falecendo antes dele ser patenteado ou implantado em algum carro. 

Após a descoberta de efeitos pirotécnicos para inflar as bolsas, alguns fabricantes passaram a tornar os airbags reais nos carros. Em 1973, a Chevrolet foi a primeira a vender carros equipados com o sistema: um lote de Impala vendidos para o governo norte-americano possuía o equipamento. Mas esse pioneirismo não foi tão perfeito assim: segundo conta a história, 7 motoristas envolvidos em acidentes com esses Impala morreram por alguma falha do sistema.  

Isso ocorreu pelo fato desses carros serem equipados com bancos dianteiros inteiriços, onde os cintos de segurança eram apenas subabdominais, e na hora da colisão, o motorista se dobrava sobre o cinto em uma velocidade muito alta e chocava diretamente com o volante ao mesmo tempo que a bolsa se inflava. A marca ofereceu o sistema como opcional para o público até 1977, quando saiu de linha por baixa procura.

Em 1980, a Mercedes ofereceu o Classe S com o sistema opcional SRS (Sistema de Retenção Suplementar, sigla utilizada até hoje por muitas fabricantes). O SRS mostrava que o airbag, na realidade, é um suplemento aos cintos de segurança, e os dois devem funcionar em conjunto: enquanto o cinto é tensionado e retraído para trás, a bolsa infla, evitando o choque direto entre o ocupante e ela. Depois de uma longa caminhada da engenharia, agora sim o sistema se tornou realmente seguro e confiável.

No final dos anos 70 e início dos anos 80, era hora da Mercedes-Benz aplicar o airbag em seus carros (Foto: Mercedes-Benz/divulgação)

Daí pra frente, a linha do tempo desse equipamento seguiu: em 1987 a Porsche lançou o primeiro airbag para passageiro no 944; em 1988 a Chrysler passou a oferecer o item para o motorista de série em vários de seus modelos; em 1994 a Volvo passou a oferecer o airbag lateral para o 850 (localizado no interior dos bancos dianteiros); a BMW veio com os airbags de cortina em 1997 (nos modelos Série 5 e Série 7); em 1999 a Kia trouxe o airbag de joelho para o motorista no Sportage (instalado no interior da coluna de direção); em 2009 a Toyota inovou com um airbag traseiro central no Crown Majesta (que evita o choque entre os ocupantes); em 2010 a Ford trouxe o airbag para os cintos de segurança traseiros; em 2012 a Volvo apresentou o airbag para os pedestres (que infla sobre o parabrisas para evitar choques) e no mesmo ano a Chevrolet trouxe o airbag central dianteiro. Hoje existem ainda os airbags de joelho para o passageiro dianteiro, inaugurados pelo Ford Mustang geração 6 e repetidos por outras marcas premium.

O mais recente tipo de airbag implantado foi o de joelhos para o passageiro, pioneirismo do Mustang geração 6 de 2014 (Foto: Ford/divulgação)

A partir dos anos 90, o sistema SRS (airbags e retrator do cinto) passou a ser comandado eletronicamente: uma mesma central infla as bolsas e tensiona os cintos, e é responsável por reconhecer se o impacto é frontal, lateral, capotamento ou tudo isso junto. Esse reconhecimento dos tipos de acidente é feito por sensores colocados em pontos chave do veículo (parachoques dianteiro e traseiro, colunas laterais, entre outros).

O sistema tem funcionamento muito rápido: para que se tenha uma ideia, um airbag infla e desinfla em cerca de 25 milissegundos, isso para que o motorista consiga ver a trajetória do veículo após a colisão, além de evitar sufocamentos dos ocupantes. Sua manutenção é bastante relativa: enquanto algumas fabricantes recomendam troca após cerca de 12 ou 14 anos (como por exemplo a Mercedes-Benz), outras como a Volvo dizem que seus sistemas tem a mesma vida útil do carro.

O tempo que uma bolsa de airbag demora para se inflar e murchar é de menos de 25 milissegundos. O funcionamento desse aparato todo só pode ser visto em câmera lenta (Foto: IIHS/reprodução)

Uma curiosidade: o primeiro acidente entre carros com airbag aconteceu em 1990 nos EUA, quando dois Chrysler Le Baron se chocaram em um cruzamento, ativando o sistema de ambos. Por conta disso, os condutores não se feriram, provando mais ainda a importância das tais bolsas.

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.