(Avaliação) Honda City Touring hatch: como anda o compacto mais completo (e caro) do Brasil?

Antes de mais nada, vale falar: existe sim um hatch compacto mais caro que o City Touring, mas é um esportivo e chama-se VW Polo GTS. Falando dos “comuns”, sem proposta esporte, o Honda detém dois títulos de peso na categoria: o de mais tecnológico e completo, e também o de preço mais alto. Um igual ao das fotos, Touring com pintura metálica, já passa dos R$136 mil. Mas ele tem bastante a oferecer e qualidades valiosas para (tentar) justificar essa etiqueta…

Robusto

Uma delas é a típica robustez mecânica dos carros japoneses e, nesse caso, do pequeno 1.5 16v flex de aspiração natural, injeção direta e duplo comando variável (VTEC). Se ele não faz do City um hatch super rápido e que tira sorrisos dos motoristas mais apressados, prima pela operação quieta, progressiva e, com destaque, bem econômica. É o mesmo motor de todo o restante da linha City, e que também move o SUV compacto HR-V em suas versões de entrada, com chamativos 126 cv de potência e (discretos) 15,5/15,8 mkgf de torque com gasolina/etanol.

Muito pela transmissão CVT que simula 7 marchas e é permissiva no modo de trocas manuais, o City prima por uma condução com suavidade, não muito esportiva, mesmo que a Honda queira endereçar essa carroceria hatch para um público digamos…mais “jovial” e “descolado”. Outros parâmetros combinam mais com esse lado dito apimentado do hatch, como sua tenra altura, carroceria próxima do solo (cerca de 10 cm) e assentos baixos, fora a direção extremamente precisa e rápida.

Dentre seus modos, o Eco permite que o powertrain trabalhe de forma insossa (o CVT escorrega mais, por exemplo) e consuma o mínimo de combustível (superando assim os 13 km/l na cidade e beira os 20 km/l na estrada com gasolina!), enquanto o Sport eleva o giro do 1.5 e muda o comportamento do câmbio para uma tocada mais esperta. A simulação das pseudo-marchas também se altera de acordo com o modo de condução: no Eco é discreta (lembra os CVTs totalmente contínuos) e no Sport, mais presente (mais nas reduções).

Parâmetros de motor e transmissão mudam consideravelmente conforme o modo de condução (Foto: Lucca Mendonça)

Progressivo

No geral o City é desenvolto também pelo baixo peso e baixo atrito com o ar. Não se fazem milagres com sua motorização, mas, para a proposta do carro, cai bem pela faixa de torque interessante já nas baixas rotações, evitando fazer com que o motor “grite” para o carro ganhar velocidade. No geral, nas baixas e médias velocidades, é comum tê-lo trabalhando ao redor dos 1.500 rpm sem imprimir falta de força, e mostrando o casamento quase perfeito entre motor e transmissão.

O rodar do City hatch é progressivo e silencioso, combinando com o motor forte em baixas rotações (Foto: Lucca Mendonça)

Em caso de uso rodoviário, o motorista só vai lembrar de estar em um carro de motor aspirado com baixa cilindrada numa ultrapassagem ou retomada maior: nesses casos, o 1.5 precisa se aproximar mais do seu pico de torque, a altos 4.600 rpm (coisas de um VTEC…), para entregar sua melhor performance. Durante a semana de testes e mais de 620 km entre ruas, avenidas, estradas e rodovias, o carro praticamente não foi tirado do modo Eco, ou seja, é fácil aliar os melhores consumos com o desempenho satisfatório. De toda forma, o modo Sport e a opção de trocar as posições do CVT de forma manual estão lá.

Projeto com méritos (e muito espaço)

O projeto do City, hatch ou sedan, é bastante interessante e inteligente. Mesmo reaproveitando a plataforma da geração anterior, a engenharia da Honda trabalhou muitíssimo bem com o que tinha em mãos, melhorando a base em praticamente todos os pontos possíveis, desde uso de materiais mais resistentes, rigidez torcional, dinâmica, silêncio e conforto. Além disso, com um substancial aumento no entre-eixos (2,60 m no caso do hatch), temos um carro com balanço dianteiro/traseiro equilibrados (mesmo que o parachoque frontal baixo raspe com frequência), e espaço surpreendente.

Como ele não tem o caimento do teto do sedan, mesmo os passageiros mais altos conseguem se acomodar atrás com folga para cabeça e ombros. O vão entre os bancos é imenso, de longe o maior da categoria, casando com o assoalho nivelado e túnel central pouco elevado: trio ideal para a comodidade. O espaço frontal é tão bom quanto, e todos os bancos são baixos, instigando o que talvez seja seu lado mais apimentado. Volante com ajuste de altura e profundidade, banco de trilho amplo e console central alto com apoio de braço e saídas de ar traseiras completam o pacote de ergonomia elogiável no City. Só que o cinto de segurança tem altura fixa: os motoristas mais altos podem acha-lo baixo.

Fora que o carro é modular como seu antecessor Fit, herdando o interior Magic Seat, com várias posições dos bancos e configurações da cabine para transportar ou acomodar (quase) tudo. Claro, o City só não tem o teto alto do Fit. Esse, inclusive, é um ponto que pode não agradar muito os “órfãos” do monovolume, assim como o porta-malas de limitados 268 litros (parece ser um pouco maior do que realmente é).

O que ele tem?

Segura, essa versão Touring entrega tudo e mais um pouco no quesito de tecnologia e proteções aos ocupantes: tem desde piloto automático adaptativo (ACC), faróis full-LED com comutação automática da luz alta, alerta de saída de faixa ativo, sistema de manutenção em faixa, câmera de ponto-cego no retrovisor direito (Lane Watch), vários airbags e por aí vai. O próprio acerto mecânico já ajuda na condução tranquila: mesmo sem discos traseiros, os freios param bem o leve carro, enquanto, mesmo exigido ao limite, o City hatch não mostra comportamento agressivo nem perigoso da carroceria.

É um dos mais competentes em aliar conforto com dinâmica, fora que a solução da Honda em preencher espaços ocos do monobloco com espuma de poliuretano aumenta sobremaneira o silêncio e conforto dos ocupantes. De fato, é um carro quieto.

 

Mesmo citando o que ele tem a oferecer na lista de itens de série ali embaixo, vale falar de alguns pontos fortes, como o retrovisor interno fotocrômico, o pacote de assistentes de condução (com as funções citadas ali em cima), ar-condicionado digital automático, bancos em couro, rodas de liga-leve aro 16, além da simpática multimídia de 8” e do eficiente painel de instrumentos parcialmente digital. Um item que valorizaria essa versão Touring seria um teto-solar, mesmo que daqueles menores: no segmento, só seu arquirrival Toyota Yaris oferece.

Painel de instrumentos misto entre tela digital e ponteiros é o mesmo para quase toda a linha do City e HR-V (Foto: Lucca Mendonça)

Custo X benefício

Comparando com a versão EXL, a outra mais em conta disponível para o hatch por R$9 mil a menos, a Touring é a mais indicada para quem busca tecnologia: só ela tem os tais assistentes de condução, os faróis em LED, retrovisor interno fotocrômico sem borda, sensores de estacionamentos também dianteiros, o dobro de alto-falantes (8 no total), e outros pormenores. Colocando na balança o que ela oferece a mais pela diferença de preço, tende a ser um negócio mais interessante que a EXL pela melhor relação custo X benefício.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.497 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), aspiração natural, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: automática do tipo continuamente variável (CVT), com simulação de 7 marchas e opção de trocas manuais por paddle-shifts
Potência: 126 cv a 6.200 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 15,5/15,8 mkgf a 4.600 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: Bridgestone Ecopia EP150, medidas 185/55. Rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,34 m/1,75 m/1,50 m/2,60 m
Porta-malas: 268 litros
Tanque de combustível: 39,5 litros
Peso em ordem de marcha: 1.180 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 11 segundos (aproximadamente)
Velocidade máxima: 180 km/h (aproximadamente)
Preço básico: R$134.600 (Carro avaliado: R$136.300)

Itens de série:

Auto High Beam (AHB), ACC (Adaptive Cruise Control), CMBS (Collision Mitigation Braking System), LKAS (Lane Keeping Assist System), RDM (Road Departure Mitigation System), Estrutura de deformação progressiva ACE (Advanced Compatibility Engineering), Alarme de segurança com imobilizador ECU, Freios com sistemas ABS e EBD (Anti-Lock Braking System / Electronic Brake Distribution), EBA (Emergency Brake Assist), Assistente de estabilidade e tração – VSA (Vehicle Stability Assist), Assistente de partidas em aclive – HSA (Hill Start Assist), ESS (Emergency Stop Signal – Sistema de luzes de emergência), Airbags frontais, laterais e de cortina (6 airbags), Cinto de segurança de 3 pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, Cinto de segurança dianteiro com sistema de tensionamento, Lembrete de afivelamento dos cintos dianteiros e traseiros, Trava infantil nas portas traseiras, Sistema ISOFIX de fixação para cadeirinhas infantis, Câmera de ré multivisão com linhas dinâmicas (três vistas), Alerta de pressão dos pneus, Sistema Honda LaneWatch – Assistente para redução de ponto cego, Lanternas traseiras em LED, Antena tipo Tubarão, Limpador de para-brisa com função intermitente com ajuste de velocidade, Espelhos retrovisores na cor do veículo com indicadores em LED e rebatimento elétrico, com rebatimento automático, Conjuntos óptico e DRL Full LED, Faróis com acendimento automático (sensor crepuscular), Sensores de estacionamento com aviso sonoro dianteiros e traseiros, Botão de travamento das portas (motorista e passageiro) com travamento automático de velocidade, Vidros elétricos com a função de subida automática dos vidros com “um toque” em todas as portas com anti esmagamento, Alavanca de seta com One-Touch (pisca três vezes com um toque), Coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, Banco traseiro com apoio de braço central e porta-copos, Porta-revistas no banco passageiro e motorista, Desligamento automático dos faróis após 15 segundos, Tomada 12 Volts Dianteira e Traseira, Jogo de tapetes com trava antiescorregamento (carpete), Ar-condicionado Digital Automático com ventilação para os ocupantes traseiros, Espelho retrovisor fotocrômico, Botão de partida do motor (START/STOP), Banco traseiro Bipartido (60/40), Volante e alavanca do câmbio revestidos em couro, Revestimento dos bancos de Couro na cor Preta, Bancos com Estabilizador Corporal, Interface para smartphones Apple CarPlay e Android Auto™ com Voice Tag, 8 alto-falantes de 20W cada, Multimídia 8” touchscreen com interface sem fio para smartphones, câmera de ré, Controle de áudio no volante, Painel digital TFT 7″ de alta resolução, Chave com função Smart Entry de destravamento e travamento das portas por sensor de aproximação, abertura do porta-malas, abertura e fechamento dos vidros e partida com controle remoto, conexão com app MyHonda Connect

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.