(Avaliação) Citroën C4 Cactus THP ainda é um bom negócio?

O C4 Cactus THP já passou por uma avaliação aqui no Carros&Garagem em meados de 2019, quando ele ainda era uma novidade. No teste, que você pode ler clicando aqui, o modelo fez bonito com seu motor turbo e dinâmica de hatch encorpado, mas os preços salgados não agradaram tanto assim. Hoje esse Citroën já está perto do seu terceiro ano de mercado, e desde seu lançamento em agosto de 2018, nada mudou. Será que ele ainda vale a pena dentre tantos SUVs compactos? Pra descobrir isso, vamos novamente dar uma olhada na versão topo de linha Shine Pack THP, que atualmente já beira os R$128 mil.

Foto: Lucca Mendonça

Se formos falar de motorização, ele ainda deixa boa parte dos concorrentes comendo poeira, literalmente. O 1.6 turbo THP, que já tem uma carreira de sucesso em modelos da Peugeot, Citroën, BMW e Mini, ainda surpreende pela força e brutalidade nas acelerações. Flex, com injeção direta e duplo comando variável, esse motor franco-germânico entrega nada menos que 166/173 cv e 24,5 mkgf de torque (gasolina/etanol), despejados por completo já aos 1.400 rpm. Mesmo depois de três anos sem modificações, tantos novos rivais lançados e várias mudanças de mercado, o C4 Cactus ainda se gaba por ser o SUV compacto mais potente do mercado brasileiro. Goste ou não, é um feito de se admirar.

O consagrado 1.6 THP ainda faz do Cactus o SUV compacto mais potente do mercado nacional (Foto: Lucca Mendonça)

Casado com esse 1.6 THP, infelizmente não temos nenhuma opção de câmbio manual, mas sim o tradicional automático Aisin de 6 velocidades, a mesma caixa dos Fiat, Volkswagen, Jeep, Hyundai, Ford e por aí vai. E essa dupla THP/Aisin é muito feliz nesse tal casamento: além de garantir um desempenho de tirar o fôlego (são apenas 7,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h e 212 km/h de velocidade máxima, segundo a Citroën), ainda temos ótimas marcas de consumo de combustível (11,2 km/l na cidade e 17,3 km/l na estrada, abastecido com gasolina e no modo ECO). Não querendo alfinetar, mas são números de invejar qualquer dono de Renault Sandero R.S. ou VW Polo GTS.

A bem da verdade é que ele nem é realmente um SUV (leia-se um carro alto, com centro de gravidade elevado, suspensões molengas e rodar meio desengonçado), porque tem o porte de um hatch médio, ou nem isso. Para se ter uma ideia, o comprimento é o mesmo do Chevrolet Onix (4,17 m) e é só um pouquinho mais alto que um VW Nivus, então ele é mais crossover do que utilitário. Junte tudo isso e temos aqui uma boa receita: carroceria baixa, suspensões elevadas com um bom meio termo entre estabilidade e conforto, e dinâmica de carro compacto. É bom para a estrada e também para o fora dela. Sem muitos abusos, é claro.

A receita é boa: dimensões de hatch, suspensões altas e bem calibradas, baixo centro de gravidade e dinâmica de carro pequeno (Foto: Lucca Mendonça)

O tamanho compacto prejudica o espaço interno? Não! Ele acomoda até que bem quatro adultos e uma criança no meio do banco traseiro, todos sem apertos na região das pernas, cabeça ou ombros. O túnel central é relativamente baixo, e o console central curto, então não falta espaço atrás. Ficam faltando saídas de ar-condicionado e portas USB pra segunda fileira de bancos, mas, fora isso, nada mais incomoda. Distância entre-eixos (2,60 m), largura (1,71 m) e capacidade do porta-malas (apenas 320 litros) remetem novamente aos crossovers e não aos SUVs propriamente ditos, mas são suficientes para a proposta desse Cactus.

O porta-malas, de apenas 320 litros, é de crossover (Foto: Lucca Mendonça)

O que também merece destaque é o sistema Grip Control, exclusivo de alguns Peugeot e Citroën. Digamos que ele é um “paliativo” dos sistemas modernos de tração integral com seletor de terrenos, como o dos Jeep, por exemplo. São três modos: neve, lama/terra e areia, onde a eletrônica atua nos freios e toda a sopa de letrinhas que os acompanham (ABS, ESP, ASR, REF, AFU e Hill Holder), sempre se adaptando com a situação do terreno programado. Passa longe de ser um 4×4 mas ajuda bastante em algumas situações, e é outra exclusividade do C4 Cactus na categoria.

Claro, nenhum carro é perfeito, então ele fica devendo algumas coisas, como por exemplo um acabamento mais caprichado, com menos plástico rígido, um painel de instrumentos mais bacana (esse é muito simples e até antiquado, destoando totalmente do resto do carro), detalhes como as já citadas saídas de ar-condicionado traseiras e, por que não, um teto-solar panorâmico, que cairia muito bem com a proposta do modelo. Outra coisa que chamou a atenção foi a ausência dos sensores de estacionamento, que são acessórios de concessionária até nessa versão mais cara, por mais estranho que possa parecer.

O acabamento interno deixa a desejar, e o painel de instrumentos antiquado destoa do restante do carro. Em compensação, sobram equipamentos de conforto e comodidade (Foto: Lucca Mendonça)

Também valem os elogios para a boa lista de equipamentos, que traz ar-condicionado automático digital, chave presencial para abertura das portas e partida do motor, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor fotocrômico, luzes de neblina com função Cornering Light, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, freios a disco nas quatro rodas, piloto automático, rodas diamantadas aro 17, 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), monitor de pressão dos pneus (TPMS), controles eletrônicos de estabilidade (ESP) e tração (ASR), e assistente de partida em rampas (Hill Holder).

Nessa versão topo de linha Shine Pack ainda temos um pacote de assistência à condução contendo o alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de faixa e detector de fadiga do condutor. Como é tradição nos franceses, o que falta em acabamento sobra em conteúdo de série.

Vale a pena?

Foto: Lucca Mendonça

Difícil falar que não vale. Pode ser caro e pecar em alguns pontos, mas a motorização THP com desempenho apimentado fala mais alto, principalmente pra quem curte dirigir e acelerar. Segurança também é destaque, assim como o baixo consumo de combustível e a boa pegada de hatch “altinho”, então os prós valem mais que os contras. E quem não quer pagar os R$127.990 dessa Shine Pack ainda pode optar pela motorização 1.6 16V aspirada (a mesma do Novo Peugeot 208), que também trabalha em conjunto com a transmissão automática Aisin de 6 velocidades.

Os preços do Cactus aspirado são mais convidativos, indo desde os R$100 mil até os R$113 mil, mas esqueça todos os atributos de desempenho do THP e uma parte dos equipamentos de série interessantes. É um carro mais barato, que entrega menos conteúdo e tem desempenho mais contido. Aí, essa escolha entre THP ou 1.6 16V vai de acordo com seu bolso, gosto e prioridades.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.