A venda de notícias no mundo digital

O mundo passa por transformações cada vez mais rápidas, e estas transformações têm mudado a forma de se comercializar muitas coisas. Dentre elas, a informação. Sabemos que estas transformações têm alterado os hábitos e costumes da população, mas também a forma de subsistência de muitas pessoas, e até mesmo, encerrado com alguns negócios.

Muitas empresas ditas tradicionais têm precisado se reinventar para sobreviver a um mundo cada vez mais competitivo, uma vez que, para se vender a informação, basta hoje ter um celular na mão, uma conta em alguma rede social, uma boa câmera e saber expor a ideia, seja de forma escrita ou falada. Uma vez que entendemos como o mundo hoje tem vendido a informação, compreendemos melhor estas transformações e entendemos como, de certa forma, nada é para sempre e pode-se mudar a forma de trabalhar a informação, por mais tradicional que seja.

Basta um dispositivo com boa câmera, saber expor a ideia e ter conta em uma rede social para vender a informação (Foto: reprodução/OLX)

A informação chegava de forma lenta, cara e nem sempre atualizada, e hoje com a internet, pode-se inclusive editar a informação em tempo real, com manutenção de seu histórico e informação de quantas vezes a mesma foi manipulada, deixando cada vez mais claro ao consumidor. As plataformas que são utilizadas hoje para disseminar a informação também passam por constantes transformações, e auxiliam cada vez mais aos profissionais em seu trabalho, seja com a facilidade de edição de vídeos, fotos e/ou textos, bem como com a programação, através de agendamento, do melhor momento para que a informação atinja o público certo.

Dados estatísticos de tais plataformas possibilitam um trabalho mais estratégico, e ao mesmo tempo, inteligente, uma vez que tais profissionais podem, através desta inteligência, focar melhor em como passar a informação de forma cada vez mais clara, e para o público certo.

Muitos responsáveis por disseminar a informação hoje, começaram por brincadeira ou Hobbie, e viram a oportunidade de mudar de carreira, uma vez que, se monetizada, a venda da informação é bastante rentável e os lucros têm atingido a cifras antes não atingidas pelas mídias ditas convencionais.

As cifras alcançadas pelas mídias digitais já superam os números das mídias convencionais (Foto: reprodução/blog.accurate.com.br)

Diferentemente da era industrial, hoje vivemos a era da informação, e ela afeta diretamente as relações sociais e as formas de consumo. Além da possibilidade de acesso à informação em tempo real, temos também a possibilidade de acesso à informação em qualquer lugar.

“A possibilidade de se comunicar e acessar informações de forma instantânea é um recurso possibilitado por este momento único da nossa história como seres humanos. Entretanto, enquanto alguns não perceberam as facilidades que as tecnologias oportunizam, outros estão tirando proveito destas novidades”. (CRISTIANO RITZEL, 2022)

No ramo automotivo, foco de nossa pauta, isso tem se mostrado crucial para a empresa que queira sobreviver ao mercado. Desde 1960 temos empresas que se dedicam à disseminação da informação no ramo, e a mais tradicional continua em atividade, mesmo com muitas adversidades, sendo referência em revistas automotivas desde agosto de 1960.

Por 40 anos, a informação era vendida unicamente através de suas publicações, que se dava de forma mensal, ou seja, uma vez por mês, sendo que o consumidor tinha 2 formas de adquiri-la: através de uma assinatura mensal, ou comprando-a em bancas de revistas. Em 1961 por exemplo, tinha-se tiragem de 80.000 exemplarem em média (VICTOR CIVITA, 1961).

No ramo automotivo, temos, desde 1960, publicações de empresas que se dedidam à disseminação de informações. A mais tradicional se mantém na ativa (Foto: reprodução/magazineautomotiva.com.br)

Com o advento da internet, a primeira diversificação foi o website, esta empresa adotou de prontidão em meados de 1998, disponibilizando seu conteúdo em resumo para o público em geral, e o conteúdo detalhado para os assinantes, que tinham a necessidade de possuir um acesso especial. Revistas concorrentes, para se manter no mercado, também utilizavam tais meios, sem muitas mudanças na forma de comercialização da informação.

Nos idos dos anos 2000, páginas como Orkut e Facebook, melhorando assim o engajamento e a comunicação destas empresas com o público, mas, mesmo assim, a revista impressa ainda imperava como a melhor forma de acesso à informação, já que muitos brasileiros ainda não tinham acesso à internet como temos hoje. No ano 2000 por exemplo, havia 9,8 milhões de internautas em dezembro, o que representava 4,8 milhões são usuários, ou 2,82% dos Brasileiros³. Em 2022, 82% dos brasileiros tem acesso à internet, um número avassalador de usuários ativos.

Nos anos de 2010, houve um crescimento gigantesco tanto de usuários da rede de computadores, quanto de usuários de redes sociais. Conforme estudo divulgado pela plataforma Cupom Válido, que reúne dados da Hootsuite e WeAreSocial, o Brasil é o terceiro pais com mais usuários conectados, sendo que do público que utiliza a internet, 92% são ativos nas redes sociais, um número expressivo de 150 milhões de usuários (ESTADO DE MINAS, 2021).

Nesta década, cresceram o número de canais independentes, que abocanharam uma parte dos consumidores das mídias tradicionais, e consequentemente, funcionários das tais mídias migraram para as mídias independentes.

Com o Brasil no terceiro lugar do ranking de usuários conectados pelo mundo, algumas mídias tomaram providências para adentrar na era digital. Outras… (Foto: reprodução/Freepik)

Com a redução brusca no número de leitores e assinantes, várias revistas especializadas diminuíram suas tiragens impressas, ou mesmo fecharam as portas. Mídias que enxergaram o movimento do mercado, se adequaram, reduzindo suas tiragens impressas, mantendo quase a exclusividade para assinantes mais assíduos, e a oferecer outros serviços, tais como WebSite, aplicativos para celular, além de canais no Facebook, Instagram, Twitter, Tiktok, entre outros.

A revista mais antiga do Brasil no ramo é um grande exemplo: hoje concorre diretamente com fenômenos intitulados “Digitais Influencers”, e oferece, além das revistas impressas, revista digital em aplicativo próprio, conteúdo exclusivo em suas plataformas, além de engajamento orgânico de seus próprios jornalistas, que usam suas redes privadas para divulgar as informações em primeira mão.

Esta estratégia é um atrativo, pois com preços muito mais em conta se comparado as assinaturas tradicionais, o consumidor é atraído com o conteúdo gratuito a assinar o conteúdo digital, tendo muitos benefícios.

Já os digitais influencers, seguem outra rota. Em grande parte, iniciam seus canais por Hobbie, quase sem compromisso, e quando acertam o público-alvo, veem um crescimento orgânico exponencial e em determinado momento, mudam de carreira, garantindo sua receita com a monetização. É o caso do maior canal do ramo atualmente, com atuais 1.450.000 seguidores só no Youtube. Ideia de um engenheiro, o canal expressa opiniões de forma bastante sincera, expondo vantagens e desvantagens de modelos de veículos nacionais, em linguagem bastante simples, as vezes até coloquial, e ao mesmo tempo, seguindo um roteiro bastante completo.

Estes influenciadores têm chamado a atenção das fabricantes de veículos, que veem em seu crescimento orgânico, números de engajamento muito maiores se comparado ao das mídias tradicionais, uma boa oportunidade de expor seus produtos, colher as opiniões do público de uma forma mais rápida e com maiores resultados em vendas.

Para as fabricantes automotivas, tais influenciadores são ótimos meios de divulgar seus produtos (Foto: reprodução/AliExpress)

As verbas de jornalismo passaram a ser direcionadas a tais influenciadores, que monetizam por minuto de exposição em seus canais uma média de R$8 mil a R$20 mil, e, para cobrir eventos de lançamentos, por exemplo, de R$40 mil a R$100 mil, sem falar em todas as despesas de deslocamento e hospedagem pagas pela fábrica contratante.

Outra forma de garantir a monetização é através das próprias plataformas, que já possuem uma política de recorrência e repasses de acordo com a audiência, mas não só isso, há a oportunidade de o seguidor da página ser um apoiador, basicamente um assinante que, por um valor bem baixo mensal (de R$2 a 10), tem direito a conteúdos exclusivos e participar de promoções exclusivas. Em um canal com 1 milhão de seguidores, se 500 mil assinarem a R$2, são R$1 milhão de receita recorrente. Um grande negócio.

É evidente que, para as mídias tradicionais manterem-se ativas, precisam se reinventar, e principalmente, explorar as mídias sociais ao máximo. Reduzir seu custo operacional é também fundamental, pois os as mídias modernas possuem geralmente 2 ou 3 envolvidos operando todo o negócio, sendo os proprietários muitas vezes editores, redatores e influenciadores.

Evidenciamos que, com o passar do tempo, a informação possui várias formas de chegar ao consumidor, e nestes novos tempos, o consumidor consegue se informar por várias plataformas, praticamente em tempo real, e com informações cada vez mais precisas. Para se manter neste mercado, é preciso muita dedicação, e ao mesmo tempo explorar as plataformas de forma inteligente e com muitas estratégias.

As mídias antigas que não se reinventam, não conseguem vender suas notícias no mundo digital, tão menos manter-se no mercado, e assim desaparecem, fazendo parte da história da revolução digital.

Mídias antigas que não se reinventarem acabam entrando para a história (Foto: reprodução/revista Carga Pesada)

Nós mesmos, teremos novidades em breve. Aguardem!

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.