VW TL 1600: o primeiro fastback nacional com motor refrigerado a ar

O VW TL é um projeto do final dos anos 60, inspirado no VW Type3 alemão e derivado do 1600L nacional, conhecido pela maioria como “Zé do Caixão”. Último integrante da família VW 1600, foi o Volkswagen mais estiloso de seu tempo, com design tipicamente europeu, e responsável por inaugurar o estilo “dois volumes e meio”, ou fastback, amplamente difundido anos depois pelo Ford Escort, Volkswagen Pointer e Nivus e Fiat Fastback.

Lançado na versão sedan no final de 1968, o VW 1600L, conhecido popularmente como Zé do Caixão, foi o primeiro da família a ser lançado. Era um sedan de 4 portas com porta-malas na dianteira e o motor, refrigerado a ar, na traseira. Seu apelido era uma alusão fúnebre, por conta de suas maçanetas que lembravam alças de caixões, além da carroceria sedan toda quadrada que remetia a um féretro.

Apesar de eficiente, o modelo não caiu nas graças do público, que àquela época valorizava as 2 portas, que tinham um aspecto visto como esportivo. Nem mesmo os taxistas se renderam ao Zé do Caixão, já que a concorrência tinha produtos mais modernos, vide GM Opala e Ford Corcel, lançados na mesma época.

A Variant, com porta-malas duplo, ajudou a canibalizar o Zé do Caixão (Foto: VW/divulgação)

No decorrer de 1969 foi lançada a versão station wagon Variant, com o famoso “motor plano” e porta-malas duplo. Seus comerciais ressaltavam esta vantagem, com 701 litros de capacidade, sendo 434 do porta-malas traseiro e 267 do dianteiro. Nesse meio tempo, a versão sedan sofria com números de vendas muito abaixo do esperado, e a Volkswagen precisava substituí-lo.

A família estaria completa no ano seguinte, com o lançamento do VW TL (Turismo Luxo) para a linha 1971. Com linhas elegantes e fluídas, ele logo caiu nas graças dos consumidores, que se encantaram com seu estilo esportivo, associado à robustez do motor boxer 1600 de 50 cv de potência a 4600 rpm e 12,0 kgfm de torque a 3000 rpm.

Nele havia o motor 1600 de 50 cv de potência mais câmbio de quatro marchas (Foto: VW/divulgação)

Com esse motor somado a um câmbio manual de quatro marchas, o TL era capaz de acelerar de 0 a 100km/h em 20,9 segundos, atingindo os 139,52 km/h de velocidade máxima, números bastante respeitáveis para àquele tempo. Famoso por seu alto torque e rendimento, a novidade era também econômica para os padrões da época, fazendo médias entre 8,0 km/l na cidade e 12,0 km/l na estrada com gasolina.

Em 1971, o 1600L “Zé do Caixão” finalmente saia de linha após apenas 38.028 unidades fabricadas, e na sequência, a Volkswagen lançava seu substituto, o TL 4 portas, apresentado em junho do mesmo como linha 1972. Além disso, a família Variant/TL recebia seu primeiro e único facelift, com uma frente em cunha que seria amplamente explorada pelos SP1/SP2, Brasília e Variant II.

O VW TL acomodava três adultos atrás, e sua suspensão garantia o conforto necessário para viagens, pequenas ou longas. A versão de 4 portas enfim caiu nas graças dos taxistas, que viam um estilo bonito, e tinham bastante espaço no porta-malas de 611 litros de capacidade (344 atrás mais 267 na frente). Sua estabilidade era elogiável para um carro com tração traseira e pneus diagonais, e o carro tinha dirigibilidade favorecida pela direção leve e precisa. Com quatro marchas, o câmbio tinha manejo bastante suave, de engates curtos e precisos. Nisso a VW brasileira sempre foi referência.

Em 1972, a Volkswagen lançou uma série especial do VW TL na configuração de 2 portas, o TL Personalizado. Visando aumentar as vendas do carro, seu preço era o mesmo da versão convencional, sendo Cr$21.696,00 mais frete, que equivalem a R$146.155,97 pelo índice IGP-DI (FGV). Além das faixas pretas “esportivas”, a série trazia relógio, acendedor de cigarros, retrovisor antiofuscante, buzina dupla, calotas “esportivas” e volante Walrod, mesmo que esteve depois no Fusca 1600S (“Bizorrão”). Opcionalmente, podia ser pintado na chamativa cor Verde Hippie.

TL Personalizado: série especial tinha cor verde como um dos atrativos (Foto: VW/divulgação)

A linha 1973 trouxe novas saídas de ar traseiras e novas opções de acabamento, que atuavam em diferentes faixas de preço: eram intituladas informalmente de “Standart” e “Luxo”, esta identificada facilmente pelas novas lanternas traseiras. Como opcionais, destacavam-se estofamento em novas cores e pintura metálica. Ainda em 73 nascia seu concorrente interno Brasília, muito mais espaçoso e com design adequado àquele tempo.

Em 1974, era lançado também pela marca o VW Passat com o motor VW BR 1.5 refrigerado a água, mais eficiente e muito mais silencioso, nas versões L e Standard, ambas com carroceria de 2 portas. Logo o Passat virou sucesso, sendo um dos carros médios mais desejados de seu tempo. Enquanto isso, o TL tinha cada vez menos espaço, mas não por isso ficava obsoleto: na linha 1975 ele recebia um interior bem mais moderno e completo, mas ainda assim o Passat se mostrava uma compra mais interessante. Na mesma época ele chegou a ser exportado ao Oriente Médio.

Em 1975, foi lançada a versão 4 portas do Passat, além das versões LM e LS. Logo acontecia o esperado: na sequência do crescimento da família Passat, o TL saia de cena de forma discreta, entrando para a história como o primeiro e único fastback nacional com motor refrigerado a ar. Ao todo, quase 110 mil unidades do VW TL deixaram as linhas de produção da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).

TL, duas e quatro portas, perdiam a batalha para o Passat, Brasília e concorrentes externos em 1975, após quase 110 mil carros fabricados (Foto: VW/divulgação)
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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.