VW Santana EX: o Santana mais elegante e executivo do Brasil

Apresentado na Europa como a segunda geração do Passat em 1981 e usando a plataforma B2 da Audi (compartilhada com o Audi 100), o VW Santana chegou ao Brasil em 1984 nas versões CS, CG e CD. Primeiro Volkswagen médio representante dos carros de luxo no Brasil, opcionalmente podia vir com ar-condicionado, direção hidráulica progressiva e trio elétrico, fosse nas configurações de 2 ou 4 portas, além de câmbio automático de 3 velocidades, entre outros detalhes.

Derivado de uma plataforma Audi, o Santana chegava por aqui em 1984 (Foto: VW/divulgação)

Com motor VW 1.8 carburado de 92 cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 2.600 rpm na variação a etanol, e 86 cv a 5.000 rpm e 14,6 kgfm a 2.600 rpm com gasolina, seu desempenho agradava, ainda que carecesse de um pouco mais de fôlego graças ao peso do sedan.

Em 1985, com a chegada da versão station Santana Quantum, toda a linha recebeu um novo motor 1.8 intitulado AP-800, que trazia novos pistões, além de bielas mais longas e leves. O AP-800 rendia 94 cv a 5.000 rpm e 15,2 kgfm a 3.400 rpm na versão a etanol, ou 87 cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 3.400 rpm na versão a gasolina. Uma evolução do 1.8 do Santana de 1984.

Depois viria o station Santana Quantum, junto do novo motor (Foto: VW/divulgação)

A concorrência atacava forte, e a GM, principal rival da VW na época, lançava em 1986 o Monza 2.0, com potência de até 110 cv (quando abastecido com etanol) e muito mais fôlego. Com isso, logo o Santana passava novamente a ser considerado lento dentro da sua categoria. Novas alterações no motor AP-800 tentavam compensar, e na linha 1987, além de um facelift onde o Santana recebeu para-choques envolventes, novas versões e frente exclusiva na versão GLS, seu motor agora ganhava 2 cv extras, tanto na versão a etanol quanto na a gasolina.

Em 1988, a VW lançou o motor AP-2000, ou 2000. A versão a gasolina tinha 99 cv a 5200 rpm, 16,2 kmfm de torque a 3400 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 12,10 segundos, atingia 165 km/h, rodava 8,03 km/l na cidade e 12,02 km/l na estrada. Com etanol, eram 112 cv a 5200 rpm, 17,3 kmfm de torque a 3400 rpm, 0 a 100km/h em 11,37 segundos, atingia 167,4 km/h, rodava 7,31 km/l na cidade e 9,22 km/l na estrada.

Boas novas para 1988: motor 2.0 AP, o famoso Santana 2000 (Foto: VW/divulgação)

Era tão rápido quanto o GM Monza, mais resistente e ostentava o emblema 2000 na traseira. Este emblema significava tanta coisa àquele tempo, que logo passou a ser visto nas traseiras de vários Santana mais antigos com motor 1.8. Um perito sabia quando era um Santana 2000 “fake” pelo velocímetro: quando dotado do motor 2000, marcava até 220 km/h, ante os 200 km/h dos 1.8.

Versão GLS tinha interior mais luxuoso e potência extra para tentar combater o GM Monza 2.0 (Foto: VW/divulgação)

Neste ano, o modelo passou a receber teto-solar opcional, além de tudo o que podia ser oferecido em um carro de luxo à época. O modelo GLS, mais completo da gama, tinha como itens de série a direção hidráulica, vidros elétricos nas 4 portas, travas elétricas à vácuo (mais silenciosas), antena elétrica, retrovisores elétricos, cintos retráteis na dianteira e na traseira (mesmo que fosse 2 portas), para-sol com espelho iluminado para passageiro, sistema de som com rádio toca-fitas Bosh Rio de Janeiro com 4 alto-falantes, antena elétrica (um charme), acendedor de cigarros (!), cinzeiro (!), econômetro no painel, além de rodas de liga-leve de 13” e faróis de neblina integrados.

Como opcionais, havia apenas ar-condicionado (sim, era um equipamento à parte mesmo na versão de luxo) e o lento, mas competente, câmbio automático de 3 velocidades.

Teto-solar passou a ser um dos opcionais, juntamente com o ar-condicionado e câmbio automático (Foto: VW/divulgação)

EX, o tão especial, vinha em 1990

Em 1990, a Volkswagen lançaria o Santana EX (sigla para Executivo), o segundo Volkswagen nacional a adotar a injeção eletrônica. Usando o mesmo motor do recém-lançado Volkswagen Gol GTi, o poderoso AP 2000, trazia um sistema de injeção eletrônica da Bosch, o LE Jetronic analógico, além da ignição EZK, que tinha como novidade em nosso mercado a sofisticação de um sistema anti-detonação, responsável por corrigir a curva de avanço sempre que o motor percebia que uma gasolina de má qualidade provocaria detonação.

O Santana Executivo (EX) chegava para ser o topo de linha e trazia mecânica do Gol GTI (Foto: divulgação/VW)

Graças a esse recurso tecnológico, hoje comum a praticamente todos os carros, foi possível lançar o motor com 10:1 de taxa de compressão, fato que melhorava muito o desempenho.

Os tuchos eram hidráulicos e o 2.0 injetado produzia a espantosa potência, para a época, é claro, de 125 cv com um torque máximo de 18,35 kgfm, dando ao Santana arrancadas vigorosas e retomadas quase esportivas para a época. Fazia de 0 a 100 km/h em 11,50s, atingia 171,2 km/h de velocidade máxima e consumia pouco: 8,84 km/l de gasolina na cidade e 13,9 km/l na estrada, números respeitáveis ante sua aerodinâmica similar à de um estojo escolar de madeira. Seus números de desempenho eram melhores que qualquer Santana 2000 a etanol, antes imbatíveis.

Versão EX batia recordes de desempenho do Santana no Brasil, além de oferecer luxo de sobra (Foto: VW/divulgação)

Interior com bancos Recaro em couro e camurça com regulagem de altura no assento do motorista, painel com grafia vermelha, volante em couro, rádio toca-fitas ETR-T com segredo antifurto e dial digital (também em vermelho), além de um console central completo davam charme e sofisticação ao interior.

Bancos Recaro em couro eram de série, além de outros detalhes que só acrescentavam charme ao carro (Foto: reprodução/motor1.uol.com.br)

Externamente, havia a pintura dourada das rodas, aerofólio com brake-light, ponteira de escape oval, apliques plásticos nos paralamas, molduras dos vidros cinza, carcaça dos retrovisores externos também pintados em cinza, faróis de milha, lanternas traseiras fumê, vidros verdes escuros, antena transistorizada na capota e nova grade dianteira que completavam a esportividade do design, além do logotipo VW no centro da traseira, identificação utilizada até hoje pela marca.

O carro tinha o estilo e glamour de importados na época (Foto: VW/divulgação)

Para dar mais estabilidade, seus amortecedores eram pressurizados a gás, e o Santana EX vinha com rodas BBS, além de pneus 195-60R14. Seus freios também eram mais eficientes, com discos ventilados na dianteira.

O modelo era oferecido em 4 cores, fosse Vermelho Monarca, Azul Astral, Preto e Vermelho Colorado (esta na linha 1991), e podia vir com apenas 3 opcionais: bancos com revestimento de veludo, rodas BBS na cor prata e o câmbio automático de três velocidades.

Azul Astral era uma das três cores da carroceria (Foto: VW/divulgação)

Com apenas 4.000 unidades fabricadas, foi o carro mais caro de seu tempo, custando 60% a mais que a versão GLS. Em fevereiro de 1990, um Santana EX com todos os opcionais custava NCz$1.400.000,00, ou R$634.302,84 atuais pela correção do INPC (IBGE). E acredite, mesmo com o Collor no governo e todas as crises políticas e econômicas que assolaram 1990, as unidades foram rapidamente absorvidas pelo mercado.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.