(Avaliação) Audi A5 2.0 TFSI: reinando como se deve

O Audi A5 é um daqueles carros sem categoria muito bem definida: sedan diferentão? Sportback? Coupé de quatro portas? Dois volumes e meio? Não importa, já que ele continua sendo um baita carro em todos esses segmentos. Na verdade, aqui temos nada além de um A4 com uma “roupa de festa chique”: os dois são feitos na plataforma MQB, tem o mesmíssimo conjunto mecânico, interior compartilhado (painel, bancos, laterais de porta e componentes) e até a mesma lista de equipamentos de série. O que muda é a carroceria que incorpora tudo isso, já que o A4 é um sedan médio normal e o A5 é essa beldade das fotos, de linhas fluídas, 4,75 m de comprimento com 1,38 m de altura, janelas pequenas sem moldura e elegante como poucos.

Linhas fluídas, carroceria bem baixa e estilo de sobra (Foto: Lucca Mendonça)

Concorrência, por exemplo, é uma coisa que esse Audi praticamente não tem no Brasil. Dentro do trio alemão, o mais próximo disso era a BMW Série 3 GT, que fracassou mundo afora e já não está mais entre nós, e fora dele existe o Kia Stinger GT, que quase ninguém lembra. O A5 agradece, e continua firme e forte emplacando cerca de 30 unidades por mês, cada uma com um valor ao redor dos R$350 mil. O carro avaliado, que é da versão mais cara Performance Black e ainda adiciona o pacote visual S-Line, custa R$380 mil. E essa deve ser a configuração mais vendida, já que alguns décimos de mil Reais a mais ou a menos não fazem muita diferença pra quem compra esse tipo de carro.

Versão topo de linha por R$380 mil e nenhum concorrente direto (Foto: Lucca Mendonça)

Quem carrega esse corpão bonito de quase 1.600 kg é o conhecido 2.0 TFSI movido a gasolina com seus 250 cv e 37,7 mkgf de torque, que faz um conjunto quase perfeito com a transmissão automatizada de dupla embreagem S-Tronic com 7 marchas. É o mesmo motor não só do A4, mas também de outros ícones como VW Golf GTI, Jetta GLI e Tiguan R-Line, por exemplo: família EA-888, quatro válvulas por cilindro, turbo e com injeção direta.

Mas não para por aí: ele também traz a tração integral Quattro, marca registrada da Audi e comandada eletronicamente, ou seja, distribui a força do powertrain de forma automática (e independente) para as quatro rodas. É uma receita de bolo daquelas bem caprichadas, que não tem como dar errado: motor refinado e potente, câmbio com pique esportivo, tração integral e bastante tecnologia alemã.

Receitinha das boas: motor potente, câmbio de dupla embreagem, tração integral e uma boa dose de engenharia alemã (Foto: Lucca Mendonça)

O diabo e o anjinho: dupla personalidade

Sabe aquela história do diabo em um ombro e do anjinho no outro? No A5 você pode guiar no melhor estilo “Conduzindo Miss Daisy”, onde ele se comporta como um carro executivo, bem confortável, (muito) silencioso e dócil, e ainda fazendo mais de 15 km/l de gasolina graças ao sistema de roda-livre e desligamento automático do motor em trechos planos ou descidas. Pra coisa mudar de figura basta trocar para o modo Dynamic, o endemoniado, onde o carro muda completamente de personalidade, fica com um ronco mais grave (parecido com o dos GTIs e GLIs da VW) e prepara acelerador, direção, suspensão e transmissão pra acelerar, e muito.

Não é nada diferente de outros Audi com esse conjunto motor/câmbio, porém o A5 tem a carroceria baixa e larga (menor coeficiente de arrasto e baixo centro de gravidade), posição do condutor “no chão” e um estilo mais adequado para o desempenho, então temos uma feliz combinação. Pra quem quer saber de números, aí vai: 0 a 100 km/h em 5,8 segundos, velocidade máxima de 250 km/h e 6,4 kg para cada cv do motor na relação peso/potência. Um canhão que, com toda essa pompa e estilo, pega muitos desavisados por aí.

Four-seat disfarçado e com muita tecnologia embarcada

Foto: Lucca Mendonça

O A5 também tem seu lado família, pra passear com filhos, cachorros, malas, sogra e por aí vai, mas todo esse estilo cobra um preço: a carroceria baixa já começa complicando o entra e sai, seja qual for a idade ou condição física do cidadão, e por dentro quem tem mais de 1,80 m precisa se acostumar com a cabeça raspando no teto o tempo todo. Atrás tem bastante espaço, mas só pra quem vai nas laterais: o banco tem um ressalto dos grandes no assento e encosto central, o que já dificulta, mas o que mata de vez é o túnel central enorme. Sem espaço para cabeça, pernas e pés, quem se arrisca em viajar no meio do banco traseiro do A5 sofre um pouco.

Assento/encosto central bem elevados e túnel central enorme: quem vai no meio do banco traseiro sofre um pouco. De resto, só alegrias (Foto: Lucca Mendonça)

Bem confortáveis mesmo vão 4 ocupantes, dois na frente e dois atrás, e para por aí. Na prática ele é um carro “four-seat” (quatro lugares), a não ser que no meio do banco traseiro vá uma criança bem pequena. Outro que pode te enganar se você pensa que todo carro grande é espaçoso é o porta-malas: aqui são 465 litros de capacidade, bem razoável. É um pouquinho maior que o do sedan A4, por exemplo, mas perde em tamanho pra alguns sedans compactos. Pra ter todo esse estilo é preciso fazer uns sacrifícios aqui e ali, não tem jeito.

Mas no restante, nada a reclamar, ainda mais quando se fala em tecnologia, mimos eletrônicos e requinte para os passageiros. Essa versão mais cara avaliada já tem tudo e mais um pouco, e oferece um monte de auxílios à condução (tanto em segurança, como frenagem autônoma de emergência e alerta de saída de faixa, quanto em comodidade, como piloto automático adaptativo – ACC e sistema Park Assist, por exemplo), um invejável sistema de som Bang&Olufsen 3D com 19 alto-falantes e 755 watts, bancos dianteiros com ajustes elétricos e memorização de posição, terceira zona de ar-condicionado para os passageiros traseiros, conjunto óptico full-LED Matrix, head-up display, teto-solar e muito mais. É tanta coisa que nem os 7 dias que ficamos com o carro foram suficientes pra aprender a mexer em tudo.

Tanta tecnologia que nem os 7 dias de testes deram conta d experimentar tudo (Foto: Lucca Mendonça)

Concorrência só “dentro de casa”

Ele não tem rivais relevantes, então a concorrência está mais “dentro de casa” do que outra coisa. Os felizardos que têm mais de R$350 mil pra gastar em um Audi ficam na dúvida entre A4, A5 e também o SUV médio Q5, que não por coincidência traz exatamente esse mesmo conjunto mecânico. A pequena-grande diferença é que cada um tem sua proposta: A5 tem um lado esportivo bem aflorado, A4 fica no meio do caminho entre familiar e apimentado, por fim, o Q5 é um utilitário pra viajar no final de semana e arriscar umas aventuras off-road por aí. Os três estão na mesma faixa de preço, mas nem por isso atendem as mesmas necessidades.

O melhor de dois mundos? Talvez (Foto: Lucca Mendonça)

O A5 é feito pra quem quer juntar a “ida na sorveteria com a família num domingo” com “acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 6 segundos enquanto ouve o ronco grave um motorzão turbo”, isso sem perder todos os mimos que um carro alemão premium de R$380 mil pode te oferecer. Talvez o melhor de dois mundos, mas com certeza o rei dentro do seu grupinho tão seleto.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.984 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco em ferro fundido e cabeçote em alumínio
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com 7 velocidades
Potência: 249 cv a 5.000 rpm
Torque: 37,7 mkgf entre 1.600 e 4.500 rpm
Suspensão dianteira: independente, do tipo multilink
Suspensão traseira: independente, do tipo multilink
Direção: tipo pinhão e cremalheira com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Pneus e rodas: Pirelli Cinturato P7, medidas 245/40. Rodas de liga-leve aro 18
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,75 m/1,84 m/1,38 m/2,84 m
Porta-malas: 465 litros
Tanque de combustível: 58 litros
Peso em ordem de marcha: 1.595 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 5,8 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada eletronicamente)
Preço básico: R$379.990 (carro avaliado)

Itens de série:

Audi Phone Box Light (carregamento por indução), chave presencial, entradas USB para os passageiros do banco traseiro, volante em couro multifuncional com paddle-shifts, rodas de liga-leve aro 18, câmera de ré, sistema de monitoramento da pressão de pneus, ar-condicionado automático de três zonas, bancos dianteiros em couro e Alcantara com ajustes elétricos e memória de posição, controle de cruzeiro adaptativo, pacote de luzes internas, teto solar elétrico, kit exterior S-Line, aviso de saída de faixa, faróis Full LED Matrix, multimídia de 10” com sistema de navegação, painel de instrumentos digital de 12,3”, head-up display, acabamento interno black piano, volante esportivo de 3 raios com base achatada, Park Assist, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sistema de som Bang&Olufsen de 755 watts, Pacote Assistence City e Pre Sense.

Compartilhar:
Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.