VW Polo 1.0 16v: o 1.0 aspirado mais potente do mundo em 2003

Lançado na Alemanha em 1975, o Volkswagen Polo é um sucesso incontestável pelo mundo, e está na sétima geração. As duas primeiras não foram oferecidas no Brasil, e a terceira chegou no nosso país no final de 1996 em sua versão sedan, em substituição ao VW Voyage que saía de linha pela primeira vez 1 ano e meio antes.

O primeiro Polo que tivemos no Brasil foi o Classic, sedan argentino (Foto: VW/divulgação)

Identificado como Polo Classic e feito na Argentina, o modelo trazia a plataforma A03 e não fez tanto sucesso, com um design que pouco agradou o mercado. Nem mesmo seu motor 1.8 de 99 cv a 5500 rpm e 15,1 kgfm de torque a 3500 rpm foi capaz de alavancar as vendas, já que seu consumo era considerado apenas razoável com médias de 9,1 km/l de gasolina na cidade e 13,8 km/l na estrada, e os 45 litros de capacidade do tanque de combustível sacrificavam ainda mais a autonomia.

Apesar do projeto europeu e mecânica confiável, o Polo Classic não se encontrou no mercado brasileiro (Foto: VW/divulgação)

Mesmo assim, a Volkswagen dobrou a aposta, e em 2000, trouxe o modelo remodelado, com novo interior, novas cores e novos detalhes externos, como faróis, lanternas e logotipia atualizados. Ainda assim, as vendas não decolavam.

No ano seguinte, 2001, a Volkswagen lançou sem muito alarde o Polo Classic 16v, usando o motor Hitork 1.0 16v do Gol e Seat Ibiza. O primeiro Polo 1.0 vendido no Brasil produzia 71 cv a 6000 rpm e fornecia 9,4 kgfm de torque a 4.500 rpm, capaz de levar o pesado sedan de 1080 kg aos 164 km/h de máxima e fazer de 0 a 100 km/h em 14,3 segundos.

Mais econômico que seu irmão com motor 1.8 na cidade, fazia média de 10,5 km/l com gasolina. Na estrada consumia um pouco mais, 13,5 km/l. A origem desse carro é curiosa: na realidade, um lote de algumas unidades foram trazidas da Argentina inicialmente. Mas, por questões de mercado, esses tais carros foram vendidos apenas para funcionários da VW na época. Só depois, como usados, os Polo Classic 16v foram parar nas mãos do grande público.

Modelos com motor 1.0 16v e reestilização já contavam com novo interior (Foto: reprodução/bestcarswebsite.com.br)

De acordo com a PUP Consultoria, especialista em análise de dados e business intelligence, há registradas 233 unidades do Classic 1.0 16v fabricadas em 2001 ainda em circulação. Talvez seja um dos modelos mais raros da Volkswagen em nosso país.

Novo Polo passou a ser nacional e tinha finalmente a carroceria hatch além da sedan (Foto: VW/divulgação)

Em 2002, a Volkswagen lançava a quarta geração do Polo, segunda no Brasil. Fabricado em São Bernardo do Campo/SP, o modelo lançou a plataforma PQ-24, mesma utilizada à época pelo Skoda Fabia, e originou outros modelos como VW Fox em 2003 e a atual geração do Gol e seus derivados em 2008.

O modelo inovava com a direção eletro-hidráulica, o primeiro VW do país com esta tecnologia, amortecedor para sustentação do capô, além de ter solda a laser em seu monobloco, proporcionando uma carroceria muito mais rígida e segura.

Nova geração era contemporânea com a europeia e tinha modernidades (Foto: VW/divulgação)

A versão 1.8 era substituída pela 1.6 com o recém-finado motor EA-111 de 8 válvulas de comando roletado, com funcionamento bastante suave, além de acelerador eletrônico. Com 101 cv a 5500 rpm e 14,3 kgfm de torque a 3250 rpm, o Volkswagen era capaz de chegar aos 170 km/h de velocidade máxima e fazer de 0 a 100 km/h em 12,7s. Seu consumo praticamente não se alterava, com médias de 8,4 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada, com gasolina.

Interior moderno e de bom acabamento na nova geração (Foto: VW/divulgação)

A transmissão MQ-200 chegava para ser a nova referência de câmbio manual, disponível até hoje nos modelos da marca e bastante elogiado pelos engates certeiros e manejos suaves. Aliás, desde 1977 a Volkswagen é referência em câmbio manual em seus modelos nacionais.

A dirigibilidade do Polo era o ponto alto, graças a uma carroceria firme, suspensão justa, sem sacrificar o conforto, e boa distância entre eixos. A direção tinha respostas rápidas e suaves, e os ajustes de altura e distância da coluna de direção eram de série, assim como a regulagem de altura do banco do motorista.

Carroceria sedan tinha estilo sóbrio (Foto: VW/divulgação)

Com um acabamento considerado primoroso, trazia um novo conceito da Volkswagen mundial, com bastante plástico e tecidos dos bancos mais ásperos ao toque, o que não agradou aos fãs mais puristas da marca. Hoje, todos os modelos utilizam deste conceito.

Versões 2.0 tinham até certo apelo esportivo (Foto: VW/divulgação)

Lançado também na versão 2.0, este tinha um desempenho digno de esportivo em sua época. Com 116 cv a 5200 rpm e 17,3 kgfm de torque a 2400 rpm, o hatch fazia de 0 a 100 km/h em 10,2s e alcançava 198 km/h de velocidade máxima. Bebia mais, fazendo 8 km/l de gasolina na cidade e 12 km/l na estrada.

Hoje, o novo Polo TSi com motor 1.0 12v turbo e câmbio manual de 5 velocidades, em sua sétima geração, fornece exatos 116 cv a 5000 rpm e 16,8 kgfm de toque a apenas 1750 rpm. Muito mais eficiente, faz de 0 a 100 km/h em 10,1s e alcança 197 km/h de velocidade máxima, com um consumo de dar inveja: média de 14,1 km/l na cidade e 19,4 km/l na estrada, usando gasolina. Quanta evolução, hein?

Um Polo TSI manual atual anda bem próximo de um 2.0 de 2002 (Foto: VW/divulgação)

Em agosto do mesmo ano, era apresentado o Polo hatch com motor 1.0 16v, intitulado à época como o 1.0 aspirado mais potente do mundo. Seu objetivo era abocanhar consumidores das versões mais caras do Gol. Com o motor EA-111 de 79 cv a 6500 rpm e 9,7 kgfm de torque a 4500 rpm, o compacto premium fazia de 0 a 100 km/h em 13,5 segundos, velocidade máxima de 168 km/h, mas com médias também ruins de consumo urbano: 8,1 km/l com gasolina. Na estrada, fazia aceitáveis 14,2 km/l.

Motor EA-111 1.0 16V que estava no Polo era o “mil” mais potente do mundo (Foto: VW/divulgação)

Novamente comparando com a geração atual, o Novo Polo 1.0 com motor EA-211 de 3 cilindros e 12v fornece hoje 84 cv a 6450 rpm e 10,3 kgfm de toque a apenas 3000 rpm. Igualmente eficiente, faz de 0 a 100 km/h em 13,5s e alcança 173 km/h de velocidade máxima. Além disso, consegue ótimas médias de 14,1 km/l na cidade e 18,4 km/l na estrada, usando gasolina. Tem quase o mesmo desempenho daquele Polo 1.6 de 2003.

Voltando a falar do início dos anos 2000, na mesma época em que a VW lançava o Polo 1.0 16v, o governo federal reduziu o IPI de carros com motor 1 litro, caindo de 10% para 9%. Para modelos com propulsor acima de 1.0 até 2.0, a redução foi ainda maior, 25% para 16%. Com apenas R$ 610,00 de diferença (R$ 1.694,68 hoje) entre as versões do Polo 1.0 16v Comfortline e 1.6 8v Comfortline equipadas com ar-condicionado, a versão 1.0 tornou-se pouco atrativa, e em setembro de 2003 a Volkswagen retirou de linha o Polo 1.0.

A diferença de preço entre um Polo Comfortline 1.0 16v e um Polo Comfortline 1.6 8v era muito pequena (Foto:

Após 20 anos de seu lançamento, de acordo com a PUP Consultoria, encontram-se registradas apenas 2.153 unidades do Polo hatch 1.0 16v, somando 2002 e 2003. Em 2012, o modelo participou dos testes de colisão do Latin NCAP e surpreendeu com quatro estrelas das cinco possíveis. Era um resultado excelente dada a idade do projeto e falta de modernização do Polo por aqui. O Ford New Fiesta, concorrente de projeto bem mais moderno, teve também nota 4. Esta primeira geração foi descontinuada no Brasil em 2015.

De projeto tão bom, o Polo recebeu a mesma nota em testes de colisão que o New Fiesta (Foto: Latin NCap/divulgação)

Em 2017 o Polo voltou a ser oferecido com motor 1.0, desta vez 3 cilindros nas versões aspirado e turbo, com câmbio automático de 6 velocidades e mais recentemente, manual de 5 velocidades, além das versões 1.6 MSI manual ou automático (descontinuadas esse ano).

Bastante moderno, muito seguro e com nota 5 no Latin NCap, o hatch compacto premium da VW está sendo reposicionado no mercado com a dura missão de substituir em definitivo o Gol no coração dos Brasileiros, e sua versão Track tem lançamento previsto para fevereiro de 2023.

Polo Track é mais simples e de visual robusto para substituir o Gol (Foto: VW/divulgação)

Com um parafuso a menos na roda (são 4 e as outras versões usam 5) e calotas cinza-escuras, o Polo Track tem para-choque com ar esportivo, faróis halógenos monoparábola, além de retrovisores e maçanetas sem pintura. Lanternas em tom cinza completam o estilo exclusivo. Por dentro, os bancos com costura em laranja denotam jovialidade, além do acabamento, que acompanha as linhas reestilizadas do modelo 2023.

Interior é simples mas com certo ar jovial (Foto: VW/divulgação)

Ele entrega mais que o Gol: plataforma MQB (muito mais segura), 4 airbags, controles de tração e estabilidade, 4 alto-falantes e mais espaço interno, já que tem entre eixos 10 cm maior. São 2,56m ao invés de 2,46m do veterano. Antes um compacto premium, e agora também como carro de entrada, o Polo é o melhor carro do segmento, e pode ser cogitado para sua garagem. Qualidades para isso não lhe faltam. E nem história.

Qualidades para ser o melhor do segmento não lhe faltam. História também não (Foto: VW/divulgação)
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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.