GM Monza Hatch: o início de uma lenda no Brasil

Lançado em abril de 1982, o GM Monza foi o melhor representante dos modelos de projeto Opel em nosso país. Com um design contemporâneo, moderno e bastante harmônico, a versão hatch agradou em cheio os brasileiros no início dos anos 80. Apesar de um tanto atrasado, ele vinha combater o sucesso de VW Passat (lançado em 1974) e Ford Corcel II (lançado em 1978), principalmente.

Lançamento do hatch foi em abril de 1982, como linha 1983 (Foto: Chevrolet/divulgação)

Com seu conceito dois volumes, 3 portas e linhas ditas esportivas, o GM tinha ótimo espaço interno, principalmente se comparado aos concorrentes vendidos à época. Com quatro marchas no câmbio, o Monza trazia sempre motor 1.6 a gasolina com 75 cv de potência SAE a 5600 rpm (63 cv ABNT) e 12,4 kgfm de torque a 3000 rpm, capaz de levar o pesado (para a época) médio de 1035 kg aos 150 km/h e acelerar de 0 a 100 km/h em 16,2s. Tinha consumo comedido: 8,4 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada.

A versão SL/E, a mais completa da linha, trazia bancos reclináveis com encosto alto, cintos retráteis de 3 pontos, vidros verdes, temporizador e lavador elétrico do para-brisas, limpador do vidro traseiro, aquecedor, desembaçador do vidro traseiro, espelhos retrovisores externos com controle interno manual, rodas de liga-leve de 5,5 polegadas de tala, pneus radiais 185/70R13 e rádio toca-fitas estéreo, ao custo de Cr$ 1.400.000,00, ou R$ 93.976,90 atuais pelo IPCA/IBGE. Havia também a versão L, bastante espartana, com interior preto, sem cromados em seu exterior, com vidros comuns, rodas de aço e volante de 2 raios, mas era moderno e vendeu bem.

Em janeiro de 1983, foi lançado o Monza 1.8, o que melhorou ainda mais a imagem do “queridinho da classe média”. Agora com 86 cv SAE a 5400 rpm (72,24 cv ABNT) e 14,5 kgfm de torque a 3100 rpm, conseguia máxima de 157 km/h, acelerando de 0 a 100 km/h em 15,7s. Seu desempenho era limitado pela transmissão ainda de 4 velocidades, enquanto o consumo com gasolina era de 9,2 km/l na cidade e 14,2 km/l na estrada, ainda assim razoável.

O câmbio de 5 marchas chegou no decorrer do ano de 1983, tanto para as versões 1.6 quanto para as 1.8, assim como o motor a etanol, na época, identificado como “álcool hidratado”. Com o motor 1.8 a etanol, eram 87 cv ABTN a 5200 rpm e 15,2 kgfm de torque a 3200 rpm. Assim o hatch chegava aos 164 km/h e corria de 0 a 100 km/h em 13,9s. Com o combustível de cana, fazia médias de 7,7 km/l na cidade e 11,8 km/l na estrada. Ainda em 83 vinha a carroceria sedan, com duas ou quatro portas.

Finalmente o hatch recebia seu câmbio de cinco marchas, bem como motor a álcool (Foto: Chevrolet/divulgação)

Para 1984, o Monza conseguiu uma façanha. Mesmo com seu porte médio e preço elevado, foi líder de vendas e carro mais vendido do Brasil, tornando-se sonho de consumo da maioria dos brasileiros da época. Em meio as importações fechadas, era muito comum ver artistas e celebridades atrás do volante de um Monza. Os modelos ganhavam a opção de câmbio automático de 3 velocidades, disponível para qualquer versão.

1984 foi o primeiro ano de liderança em vendas do Monza: ficou assim até 1986 (Foto: Chevrolet/divulgação)

Em maio de 1985, a GM lançou o “Monza 85 e meio”, um novo Monza 1985/1985, com mudanças que iam do painel aos para-choques, tornando-o mais bonito e ainda mais confortável, mas mantendo seu eficiente e confiável conjunto mecânico. Por fora, trazia nova grade com filetes horizontais mais largos e entradas de ar divididas em 3 blocos. O mesmo ocorria no spoiler, também com 3 entradas de ar, acompanhado de um belo acabamento em borracha.

Chamado de “Monza 85 e meio”, o carro recebia várias melhorias no design e acabamento. Aqui, um exemplar da carroceria sedan, mas a hatch compartilhava das mesmas mudanças (Foto: Chevrolet/divulgação)

Nas laterais apareciam novos retrovisores, maiores e fixados diretamente nas colunas das portas, além de maçanetas e cilindros das fechaduras com acabamento em epóxi preto. Nas lanternas traseiras, as setas, antes vermelhas, passavam a ser âmbar. As versões SL/E passavam a ter calotas carenadas de série, e mantinham as belas rodas de liga-leve como opcionais.

Novo volante tinha a inscrição das versões mais luxuosas. No caso do Monza Hatch, SL/E (Foto: Chevrolet/divulgação)

O acabamento interno estava mais luxuoso, com um belíssimo volante semelhante ao do GM Diplomata da época, em 4 raios e espumado, além da inscrição SL/E no botão da buzina. Sim, os anos 80 eram bem legais. No painel, velocímetro com hodômetro total e parcial, conta-giros com escala até 7000 rpm e faixa vermelha a partir de 6200 rpm, voltímetro, luz-espia, econômetro e indicadores de combustível e temperatura. A iluminação era em tom verde, um clássico dos anos 80 e 90. A versão SL mantinha o velocímetro mais simples de 1982.

Falando ainda da versão SL/E, acionamento dos vidros elétricos e retrovisores elétricos eram no console central, e as travas das portas ficavam próximas às fechaduras internas, oferecendo maior proteção contra roubo. Os bancos melhoraram muito, com laterais mais envolventes e apoios de cabeça reguláveis, revestidos em um veludo de excelente qualidade. Mesmo com quase 40 anos, não é difícil encontrar carros desta geração com os tecidos dos bancos em ótimo estado, mesmo com uso constante. O forro de teto acompanhava seu acabamento escuro, e as luzes de leitura ficavam no centro, próximo ao retrovisor interno.

Versão esportiva S/R foi uma das mais marcantes da linha Monza Hatch (Foto: Chevrolet/divulgação)

O motor 1.8 agora tinha 96 cv ABNT a 5600 rpm e 15,1 kgfm de torque a 3500 rpm. Ainda falando do hatch, o desempenho estava melhor: 165 km/h de velocidade máxima e aceleração de 0 a 100 km/h em 13,11s. Pouco mudava no consumo d etanol, com médias de 7,36 km/l na cidade e 11,84 km/l na estrada. Em setembro daquele 1985 chegava ao mercado o esportivo S/R, que falarei mais para frente em outra matéria, e o Monza era novamente o carro mais vendido do Brasil.

Monza S/R teve versões 1.8 e 2.0 e concorriam com o queridinho VW Passat GTS Pointer (Foto: Chevrolet/divulgação)

Em 1986 a linha não teve novidades expressivas, e o hatch, em sua versão mais madura, não vendia tão bem, já que a predileção do mercado era das versões coupê e sedan. Em 1987, a GM reformulava suas versões, adotando motor 2.0 para as versões Classic (nova topo de linha) e S/R, além de melhorias no motor 1.8. No decorrer do ano, a carroceria hatch nas versões L, SL e SL/E se despediam do mercado. O único Monza Hatch sobrevivente era o esportivo S/R, que teria sua produção encerrada cerca de 1 ano e meio depois, abrindo espaço para a novidade Kadett. Mas essa é outra história…

Monza S/R foi o último representante da carroceria hatch, saindo de linha entre 1988 e 1989 (Foto: Chevrolet/divulgação)
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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.