(Lançamento) Fiat Titano, rival de Hilux, S10 e Frontier, aposta no custo X benefício
A Fiat Titano, que chega agora ao nosso mercado, tem uma história curiosa: além de ser a primeira picape nesse estilo e porte na história da fabricante italiana, ela, na verdade, tem origem na Peugeot Landtrek, que já é comercializada há algum tempo em países vizinhos aqui pela América do Sul. De início, a expectativa era que a própria Landtrek, com a marca do Leão, fosse lançada no Brasil, mas os rumos mudaram e a Stellantis decidiu transformá-la em Fiat por aqui. Com o sucesso de Strada e Toro, pareceu ser uma boa escolha.
Mas, antes de ser Peugeot, essa caminhonete já existia lá na China, vendida pela Changan como Kaicene F70. O projeto original, aliás, é chinês, trazido para as Américas pela marca do Leão através de uma parceria com a Changan. Agora, graças a Stellantis, ela vira Fiat. Mas, com relação ao carro original chinês, muita coisa mudou, melhorou e foi adaptada: só a Fiat afirma que, partindo da Landtrek, todo o sistema de suspensões foi revisto e aperfeiçoado (aumentando a altura com relação ao solo para 23 cm, e melhorando os ângulos de ataque e saída), assim como a coxinização da cabine, e há novos bancos para motorista e passageiros.
A Titano, montada no Uruguai pela Nordex (mesma que monta a Ford Transit e as Peugeot Expert/Citroën Jumpy/Fiat Scudo), estreia no Brasil em três versões: Endurance, básica, por R$220 mil; Volcano, intermediária de R$240 mil; e Ranch, topo de linha, tabelada em R$260 mil. Detalhe é que todas já trazem de série cabine dupla, motor turbodiesel, tração 4×4 com reduzida e, com exceção da Endurance, câmbio automático.
Em tempos de Chevrolet S10 entre R$248 mil e R$303 mil, Nissan Frontier a partir de R$244 mil e chegando aos R$322 mil, e Toyota Hilux começando em R$242 mil e atingindo os R$335 mil, a Fiat parece estar claramente apostando no custo X benefício da novidade, ainda que fale na tímida expectativa de apenas 1.000 vendidas por mês da Titano, pelo menos num primeiro momento.
Uma das formas de tê-la numa faixa de preço interessante está na motorização: toda a linha Titano usa um 2.2 16v turbodiesel com Common Rail, que, não por acaso, é o mesmo motor encontrado nas Ducato, o que reduz os custos de engenharia, desenvolvimento e produção. A única diferença é que, na picape, esse propulsor é recalibrado para gerar 180 cv de potência, número que fica um pouco abaixo do das demais caminhonetes do segmento.
O torque varia de acordo com a versão: podem ser 37,7 mkgf na Endurance, ou 40,8 mkgf nas Volcano e Ranch. O mesmo vale para a transmissão de seis velocidades, que é manual na configuração mais barata, e automática na intermediária e topo de linha. As três versões contam com tração 4×4 e modo de reduzida. Segundo dados oficiais, as Titano com transmissão automática conseguem acelerar de 0 a 100 km/h em pouco menos de 12,5 segundos, atingindo os 175 km/h de máxima. No caso da Endurance manual, o 0 a 100 sobe para 14,7 segundos, mantendo a velocidade final. O consumo urbano da picape varia entre 8,5 e 9,6 km/l, enquanto o rodoviário fica entre 9,2 e 9,6 km/l (automática e manual, na ordem).
Seu estilo não foge a regra das demais do segmento: apesar da “cara de Peugeot”, emprestada da Landtrek, a novidade da Fiat tem grade e parachoque inéditos, bem como as lanternas traseiras e elementos estéticos, como rack de teto, santantônio e rodas de liga-leve, de 17” de aço na Endurance, 17” de liga na Volcano e 18” de liga na Ranch. A Titano tem comprimento parecido com o das principais concorrentes (5,33 m), mas consegue o segundo maior entre-eixos da categoria (3,18 m), e medidas generosas na largura (1,96 m sem retrovisores, superando a maioria das rivais) e altura (até 1,90 m, também uma das melhores nesse quesito). Não foge à regra no peso, entre 2.050 e 2.150 kg, nem tamanho do tanque, de 80 litros.
O esquema construtivo é tradicional: eixo cardã levando a força para as rodas traseiras (quando desativado o 4×4), chassi sob carroceria, com caçamba separada da cabine, suspensão com braços oscilantes na dianteira e feixes de molas na traseira, e um sistema de freios que contempla os discos ventilados na frente e os obsoletos tambores traseiros. São 1.020 kg de capacidade de carga para toda a linha, 3.500 kg de capacidade de reboque, e uma caçamba com até 1.314 litros, superior ao de todas as concorrentes (são 1,63 m de comprimento, 1,60 m de largura e 52 cm de altura no compartimento).
Apesar da identidade Fiat nos detalhes, internamente a Titano manteve quase tudo da sua irmã Landtrek, o que inclui o painel, laterais de portas, volante e multimídia. Não há quase nada em comum com outras picapes Fiat’s, como a Strada ou Toro. A marca ressalta a grande quantidade de porta-trecos espalhados pela cabine, algumas soluções práticas como ganchos na parte traseira dos bancos da frente (para pendurar mochilas, sacolas e afins), bem como as vistosas telas coloridas do painel de instrumentos (4,2”, junto de mostradores analógicos) e multimídia (10”, muito semelhante as dos Peugeot 208, Citroën C3 e afins).
Dentre os maiores destaques no conteúdo da nova picape, bancos em couro com ajustes elétricos dianteiros, volante multifuncional em couro, banco traseiro rebatível, navegador GPS embarcado, ar-condicionado digital automático dual-zone, chave presencial, partida do motor por botão, câmera 360º, controle automático de descidas, alerta de posição do volante (avisa se rodas não estão centralizadas ao ligar o veículo), 6 airbags (toda a linha), alerta de saída de faixa, monitor de pressão dos pneus (TPMS), sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sensores de chuva e crepuscular, conjunto óptico em LED, maçanetas e parachoques com apliques cromados etc. Parte desses itens só está na Ranch.
Outras boas novas que a Fiat confirmou sobre a Titano dizem respeito a garantia e pós-venda. Primeiro, a cobertura é de cinco anos e, como vantagem, sua cesta de peças básica chega a ser até 32% menor que a das principais concorrentes. As revisões, a cada 10 mil km ou 1 ano, podem ser feitas em qualquer concessionária Fiat em território brasileiro ao custo de R$11.200 até os 60 mil km. Ainda nas autorizadas, o proprietário pode escolher dentre mais de 40 acessórios originais (desde carregador de celular sem fio até capota elétrica para a caçamba). São só quatro cores para ela: Branco Ambiente, Preto Carbon, Prata Billet e Vermelho Tramonto.