Ford Escort RS: o “quase” esportivo

Produzido no Brasil a partir de 1983, o Ford Escort nacional foi lançado em sua terceira geração mundial e fez sucesso por sua qualidade, estilo, desempenho e baixo consumo de combustível. Em nosso país, o Escort teve apenas três gerações, porém com sete remodelações, sendo:

  • MK3 – 1983 a 1986;

  • MK4 – 1987 a 1992 (Hobby de 1993 a 1996);

  • MK5 – 1993 a 1995;

  • MK6 – 1996 (MK5 de nova grade);

  • MK7 – 1997 a 2003.

Importada da Argentina, a terceira geração no Brasil (sétima no exterior) chegou no fim de 1996, na linha 1997, com o moderno motor Zetec 1.8 16v de 115 cavalos fabricado na Inglaterra e ancorado em um subchassis, encerrando a presença dos velhos motores Volkswagen na linha Ford. Por isso, foi considerada uma nova geração, mesmo utilizando a plataforma do carro anterior, lançado em 1993.

Carroceria hatch de quatro portas renascia no Escort 1997 (Foto: Ford/divulgação)

Foi oferecido inicialmente nas carrocerias hatch de 4 portas e sedã de 5 portas (esse, na verdade, o Verona renomeado), em versões GL e GLX. A station wagon, inédita no mercado nacioal, chegou cerca de um mês depois nas mesmas configurações. Era espantosa a evolução do projeto, com excelente qualidade de acabamento, linhas modernas, além de conforto e potência de sobra, principalmente em baixas rotações.

Perua era inédita (Foto: Ford/divulgação)

Como modelo 1998, a linha ganhava novamente carroceria 2 portas, nas versões GL e RS, esta substituta da 2.0i Racer de 1996, que por sua vez já estava no lugar do XR3 extinto em 1995. Ambos utilizavam o mesmo motor Zetec 1.8 16v do restante da linha. A família durou pouco tempo assim: a carroceria sedan e a GL de duas portas saíam de linha ainda em 1998, mantendo somente a versão RS na carroceria de 2 portas.

RS era a nova esportiva da família, mas desapontava (Foto: Ford/divulgação)

Falando do Escort RS, o modelo vinha com a missão de manter o sucesso e a honra do finado XR3, já que o Racer não conseguiu em sua breve passagem pelo nosso mercado. Decepcionava seus fãs, pois não tinha design agressivo, tão menos trazia uma pilotagem emocionante.

Seu motor era o mesmo eficiente Zetec 1.8 16v de 115 cv a 5750 rpm e 16,3 kgfm de torque a 4500 rpm, com as mesmas relações das cinco marchas e diferencial. Levava o modelo aos 196 km/h de velocidade máxima, acelerando de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos, números similares ao de seu irmão GL mais simples. Baixo, o consumo com gasolina era de 10,3 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada, mantendo a fama de econômico.

Motor, câmbio, direção e freios eram os mesmos do restante da linha (Foto: Ford/divulgação)

O modelo tinha os mesmos freios das demais versões – sem opção de antitravamento ABS – mas sua suspensão era recalibrada para um comportamento mais firme e preciso, enquanto o escapamento tinha ronco mais grave, o que o tornava um pouco mais divertido de dirigir se comparado as demais versões.

Visual era mais invocado, e melhoravam suspensões e escapamento (Foto: Ford/divulgação)

A identidade visual desta versão limitava-se às saias laterais (entre os eixos e no para-choque traseiro), ao aerofólio sobre o porta-malas, grade colmeia e às rodas de desenho exclusivo, mas em medida idêntica às das demais versões. Faltava realmente personalidade ao modelo para honrar o finado XR3.

Suspensão e pneus eram muito altos além de os faróis serem pequenos e discretos para o padrão atual, sem contar que ele dispensava os tão famosos faróis de milha. Faltava ainda spoiler dianteiro e o teto solar, que não era disponível para a versão nem como opcional.

Frente era “boazinha” de mais para um esportivo (Foto: Ford/divulgação)

O desenho da versão três-portas era elogiado pela suavidade, mas lembra bastante os Escort até 1996, já que usava a mesma plataforma, e o modelo passava despercebido no trânsito. A saída de ar no para-choque traseiro criava certa agressividade à essa região do veículo.

No interior, o toque esportivo ficava por conta do painel, com instrumentos de fundo branco e do volante revestido em couro. Os bancos não eram mais RECARO, e sim convencionais, que não contavam com regulagem de altura, impedindo uma posição de direção mais baixa, como pede um esportivo. O volante também não oferecia o ajuste em profundidade, disponível na versão GLX.

Painel com instrumentos de fundo branco como diferencial (Foto: reprodução/fiestahp.com.br)

O painel, de fácil leitura, trazia características Ford da época, como conta-giros sem faixa vermelha (há corte de injeção aos 6.800 rpm), mostrador de nível de combustível sempre ligado e hodômetro total de apenas cinco dígitos, que zera aos 100 mil quilômetros. É sempre difícil saber a km real de um modelo destes com velocímetro analógico.

Como itens de série, o modelo trazia vidros e retrovisores elétricos, ar-condicionado, comando interno do porta-malas, computador de bordo, conta-giros, direção hidráulica, faróis de neblina, imobilizador do motor, limpador e desembaçador do vidro traseiro, luz traseira de neblina, toca CD, relógio, repetidores laterais de direção, rodas de alumínio, break-light, travas elétricas e vidros verdes. Seu único opcional era o Air-bag, disponível apenas para o motorista (!).

Linha Escort contava com a RS sempre duas portas, além da perua e o hatch de quatro portas (Foto: Ford/divulgação)

Em 1999, O GL ganhava motor Zetec-Rocam 1.6L de 95 cavalos para o hatch e a station. Ao contrário do que se pensa, o motor 1.8 16v foi oferecido como opcional até o final da produção do veículo.

A versão RS deixou de ser oferecida assim que o Focus foi lançado por aqui (Foto: Ford/divulgação)

No fim de 2000, com a chegada do Ford Focus, sucessor natural do Escort na Europa, a versão RS saía de linha. Já em 2001, O Escort ganhava hodômetro digital, desta vez com marcação até 999.999 km, além de novos detalhes de acabamento. As demais versões mantiveram-se em produção sem alterações até sair de linha no final de 2002 como modelo 2003. Ali, a carreira de quase 20 anos do Ford Escort no Brasil terminava, e o Focus tomava definitivamente o seu lugar no segmento médio.

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Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como BPO, e há 20 anos, ajuda pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação.