(Avaliação) Peugeot 208 Griffe T200: os prós e contras do 1.0 turbo mais rápido do Brasil

Pequeno, bonito, moderno, tecnológico e, desde setembro do ano passado, turbinado, o Peugeot 208 não deve mais quase nada a ninguém. Um dos motivos é porque sua linha é completa: tem versões de entrada com motor 1.0 aspirado e transmissão manual, uma (sobrevivente) intermediária 1.6 automática no meio do caminho, e, no topo estão as turboflex CVT. Aliás, todas usam motor/transmissão emprestados da Fiat, com exceção da 1.6, movida pelo bom e velho EC5 16v, que segue no hatch até que as leis de emissão de poluentes os separem.  

A Griffe agradece

Muito se fala da Style toda bonitona, mas, na verdade, a versão Griffe, topo de linha, foi a que mais saiu ganhando com essa história de motor turbo Fiat: ela era bastante criticada por usar o veterano 1.6 EC5, que nunca foi ruim ou coisa do tipo, mas já tinha suas limitações de performance. Para as versões intermediárias, o 1.6 estava perfeito, mas não combinava com o preço, arrojo, tecnologias e visual da mais cara. Agora sim, com motor 1.0 turboflex, 130 cv de potência, mais de 20 mkgf de torque e tocada esportiva, podemos dizer que o 208 Griffe é um belo carro, em todos os sentidos, sem custar muito mais que os rivais (R$116,5 mil básico, ou R$2 mil extras pela cor azul).  

O principal avanço frente aos antigos Griffe 1.6 está nas respostas muito mais rápidas quando se exige performance. O EC5, de aspiração natural, rendia mesmo em altas rotações, e, apesar de elástico, demorava para entregar todo o seu potencial no 208. O Griffe T200, hoje, é o que tem mais torque nas menores rotações dentro da categoria, ou seja, sua entrega total de força vem antes e as arrancadas estão mais vigorosas no menor curso do acelerador.

CVT atiçado

A engenharia da Peugeot aproveitou também para repensar a transmissão CVT: basta uma voltinha com esse 208 turbo para notar que aqui ela é muito mais esperta que nos Fiat Pulse, Fastback e Strada. No 208, ela patina menos nas saídas e acelerações, enquanto simula de forma mais competente as sete “marchas” e responde sem demora aos comandos do acelerador, justamente para garantir uma tocada mais esportiva e divertida ao pequeno Peugeot. No modo de trocas manuais, inclusive, chega até a enganar alguns motoristas desavisados se passando por uma transmissão automática convencional, e das mais espertas. Outro lado bom é que, mesmo assim, continua a vantagem do esquema continuamente variável, com suavidade e conforto ao rodar, sem tranco algum. 

Além do desempenho aguçado, que inclusive lhe garante interessantes números de performance (cerca de 9s no 0 a 100 km/h, que parece ser até mais rápido na prática), e de um ronco encorpado para um 999 cm³ nas acelerações e retomadas, outra vantagem é que os 208 T200 entregam um consumo mais comedido de combustível. Não chega a bater as marcas de Chevrolet Onix 1.0 turbo ou VW Polo 170TSI, por exemplo, porém consegue superar os 11,8 km/l de gasolina na cidade e, nas melhores condições, beirar os 18 km/l na estrada. Em um uso majoritariamente urbano de 580 km com o carro das fotos, a média final ficou em 13,1 km/l, sempre com gasolina no tanque. 

Não só motor e câmbio

Mas, como motor potente sem um conjunto mecânico à altura não serve para muita coisa, não foi só o 1.0 turbo que estreou no 208 Griffe 2024. O comportamento dinâmico do carro, aquele em curvas, desvios rápidos ou na hora de pisar fundo, ficou ainda melhor graças as suspensões recalibradas, um pouco mais durinhas, e reforços nas barras estabilizadoras. Dessa forma, o carro tende a inclinar menos, e roda mais “assentado”, resultado ideal para lidar com seus cavalos de potência e quilos de torque extras. Para parar, muita segurança: os discos de freio das quatro rodas trabalham com pinças maiores nas versões T200, enquanto o pedal está mais sensível e responsivo aos comandos.  

Além de andar mais e gastar menos, o 208 também está mais seguro nas curvas e frenagens, e consegue rodar melhor no nosso asfalto lunar: bingo! (Foto: Lucca Mendonça)

Vai além: o ar-condicionado automático digital gela como nunca (as versões turbo tem um compressor maior), e suas molas e amortecedores estão mais competentes para lidar com o piso brasileiro. Mesmo nos trechos mais esburacados, foi difícil encontrar o “fim de curso” do 208, ainda mais na versão Griffe, que traz pneus altos e rodas aro 16 em um conjunto apropriado para o nosso asfalto lunar. De fato, um carro abrasileirado, que busca conquistar nosso público consumidor, fugindo da configuração mais europeia de antes: é silencioso, confortável, responde rápido na aceleração e direção, está mais competente nas frenagens e melhor nas curvas.  

Interior: lados bons e ruins

Se por fora, tirando o discreto emblema na tampa traseira, ele é igual ao Griffe da linha 2021 em diante, no interior há algumas mudanças, boas e ruins. O acabamento ainda é elogiável, acima da média tanto na estética quanto no uso dos materiais, porém alguns “luxos” foram suprimidos, como os apliques de camurça dos bancos (passou a ser inteiro em courvim) ou um material macio de maior qualidade que revestia o volante (hoje é mais duro e áspero). As perdas foram compensadas, ao menos, com a nova multimídia de 10” com conexões sem fio, de tela grande e operação fácil, acompanhada de uma outra porta USB para carregar celular. 

O que ninguém tira dele é o i-Cockpit, estilo interno que só os Peugeot oferecem: pequeno volante oval combinando com a direção direta e multiplicada, instrumentação elevada (vista por cima do aro do volante), e multimídia alta, voltada para o motorista. O 208 “veste” muito bem quem o dirige, já que os bancos são enormes e muito confortáveis, mesmo nas viagens longas, e o painel é alto, assim como as laterais de portas. Mesmo sem garantir o maior campo de visão de dentro para fora, nem a melhor sensação de amplitude para os passageiros, o i-Cockpit é um dos maiores pontos de destaque do 208, turbo ou aspirado. 

O i-Cockpit continua o mesmo: volante pequeno ovalado, instrumentos elevados, multimídia voltada ao motorista e posição de guiar que “abraça” o motorista Aliás, no geral, o 208 Griffe sempre superou os rivais no aspecto e construção interna (Foto: Lucca Mendonça)

Só não espere um carro espaçoso. Desde a primeira geração, o hatch compacto da Peugeot sofre com as portas pequenas de ângulo limitado de abertura (especialmente as traseiras), teto arredondado e não muito alto, e espaço apertado para as pernas de quem viaja atrás. Se forem dois ocupantes na frente, sem problemas, porém quem for na segunda fileira, preferencialmente dois, podem ficar desconfortáveis se tiverem mais que 1,75 m de altura. O porta-malas segue a mesma linha: não serve a muito mais que duas ou três pessoas, já que não passa dos 265 litros. 

Um dos mais interessantes

Sem dúvidas, os Peugeot 208 mais caros, especialmente esse Griffe topo de linha, ganharam alguns belos argumentos de vendas com a chegada do motor turboflex: hoje, ele é o que tem mais torque do segmento, é o 1.0 turbo mais rápido nas acelerações, e, dentre os rivais, um dos que mais oferta tecnologias e modernidades (leitor de placas de sinalização e painel digital 3D são itens que só ele tem, por exemplo). Dentre prós e contras, desde que a família não seja grande, é uma das opções mais interessantes no mundo dos hatches compactos premium. 

Ficha técnica:

Concepção de motor: 999 cm³, flex, três cilindros, 12 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, comando de válvulas único no cabeçote, MultiAir, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: automática do tipo CVT com simulação de 7 marchas e opção de trocas manuais
Potência: 125/130 cv a 5.750 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 20,4 mkgf a 1.750 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Pirelli Cinturato P1, medidas 195/55 e rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,05 m/1,74 m/1,45 m/2,54 m
Porta-malas: 265 litros
Tanque de combustível: 47 litros
Peso em ordem de marcha: 1.169 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,0/9,2 segundos (etanol/gasolina)
Velocidade máxima: 206 km/h (etanol/gasolina)
Preço básico: R$116.490 (carro avaliado: R$118.490)

Itens de série:

6 AIRBAGS, ACENDIMENTO AUTOMÁTICO DAS LUZES DE EMERGÊNCIA APÓS FRENAGEM BRUSCA, AEROFÓLIO ESPORTIVO BLACK PIANO, APOIO DE BRAÇO NO BANCO MOTORISTA, AR-CONDICIONADO AUTOMÁTICO DIGITAL, BANCOS EM COURO, CÂMERA DE RÉ, CARREGAMENTO WIRELESS, CHAVE TIPO KEYLESS COM COMANDOS DE ABERTURA DAS PORTAS E PORTA-MALAS, ESPELHAMENTO SEM FIO CARPLAY E ANDROID AUTO, FARÓIS DIANTEIROS COM TECNOLOGIA FULL LED, FREIOS COM ABS E REF, FUNÇÃO ”FOLLOW ME HOME” CONFIGURÁVEL, FUNÇÃO ”LEAD ME TO THE CAR” CONFIGURÁVEL, HILL ASSIST – SISTEMA DE AUXÍLIO DE PARTIDA EM SUBIDAS, LUZES DRL “DENTES DE SABRE” EM LED, RETROVISORES COM CAPA EM BLACK PIANO, MODO DE CONDUÇÃO SPORT, MULTIMÍDIA 10″, ALERTA DE COLISÃO, ALERTA E CORREÇÃO DE PERMANÊNCIA EM FAIXA, AUXÍLIO DE FAROL ALTO, DETECTOR DE FADIGA, FRENAGEM DE EMERGÊNCIA AUTOMÁTICA, RECONHECIMENTO AUTOMÁTICO DE SINALIZAÇÃO DE VELOCIDADE, PEUGEOT I-COCKPIT® 3D, PILOTO AUTOMÁTICO E LIMITADOR DE VELOCIDADE, PROGRAMA ELETRÔNICO DE ESTABILIDADE (ESP), RETROVISORES EXTERNOS COM COMANDOS ELÉTRICOS, RODAS DE LIGA-LEVE DARK DIAMANTADAS DE 16″, SAÍDA DE ESCAPAMENTO COM PONTEIRA CROMADA, SENSOR CREPUSCULAR, SENSOR DE CHUVA, SENSORES DE ESTACIONAMENTO TRASEIROS, TETO PANORÂMICO, VIDROS ELÉTRICOS NAS QUATRO PORTAS, VISIOPARK 180º, VOLANTE COM COMANDOS DE SOM E REVESTIMENTO EM COURO, COLUNA DE DIREÇÃO COM AJUSTE DE ALTURA E PROFUNDIDADE 

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.