GM Chevette: A trajetória de 20 anos do pequeno sedan da Chevrolet (Parte 4, final)


Era final dos anos 80 e as coisas definitivamente não iam bem para o sedan popular da GM. Em 1989 chegava seu sucessor direto, o moderno Kadett, que nada mais era que o Chevette europeu de duas gerações à frente do nosso. Essa foi uma das primeiras vezes onde duas gerações de um mesmo modelo conviviam no mercado nacional, prática que ficou conhecida e mais comum nas décadas seguintes.

E por ser mais atual, requintado, tecnológico e arrojado, não demorou muito para o Kadett começar a tomar seu espaço no ranking de vendas, deixando o Chevettinho de escanteio, que já penava com quase 20 anos de lançamento e via suas vendas em queda livre. O resultado prático disso foi um enxugamento na linha de versões do Chevette: sobrou só a inédita DL, com motor 1.6 e câmbio manual de 5 marchas. A caixa automática de três velocidades já deixava de ser oferecida, afinal seu alto preço poderia incomodar o sucesso da novidade Kadett.

Em 1992, como uma das últimas novidades do Chevette, era lançada a famigerada versão Junior. Abrigada sob o guarda-chuvas da lei dos populares 1000, a mesma de Fiat Uno Mille, VW Gol 1000 e Ford Escort Hobby, o sedan da GM trazia uma infeliz redução de cilindrada e potência do antigo motor 1.4, que se tornava 1.0 litro para se enquadrar na nova legislação.
Ele desenvolvia parcos 50 cv e 7,2 mkgf de torque, e o modelo ainda tinha os velhos pênaltis da tração traseira com eixo cardã ligado ao motor (o que desperdiçava muita potência), além da sua pesada e obsoleta carroceria (os rivais eram mais modernos e leves), ou seja, tinha um desempenho sofrível mesmo para um carro da época: demorava mais de 25 segundos para ir de 0 a 100 km/h e não passava de 130 km/h em testes da imprensa especializada.

Como era de praxe dentro desse segmento de populares 1.0, o Chevette Junior era extremamente espartano: deixava de lado desde retrovisor direito até encostos de cabeça, que poderiam ser adquiridos a parte. Somando toda essa simplicidade com o fraco desempenho, essa versão “pelada” não agradou, e saiu de linha menos de um ano depois do lançamento. Com ela, se despedia também esse motor 1.0 disposto longitudinalmente.
Mas o modelo deu seu suspiro final definitivo em 1993: as leis de impostos mudavam, e com isso a GM conseguiu lançar o Chevette L no lugar do Junior 1.0. Embora permanecesse tão simples quanto sua antecessora, essa nova versão tinha o enorme diferencial de ser equipada com o mesmo motor 1.6 da configuração mais cara DL, ou seja, não perdia em desempenho, apenas nos equipamentos de série.

Mesmo assim ela durou pouco, mas não pela baixa aceitação: alguns meses depois, exatamente no dia 12 de novembro de 1993, o Chevrolet Chevette e suas duas versões L e DL saíam de linha após 20 anos de produção ininterrupta e mais de 1,6 milhão de unidades fabricadas. No seu lugar vinha o hatch Corsa, que estava anos-luz a frente em todos os quesitos e começava outra história de sucesso.
Ali o Chevettinho se despedia com honra, deixando um legado de duas décadas de sucesso, o marco de uma família completa (hatch, sedan, perua e picape) e um espaço especial na história da indústria automotiva brasileira. Até hoje, o popular da GM ainda é famoso pela robustez mecânica e confiabilidade, tanto que muitos ainda rodam por aí mesmo depois de quase 30 anos fora de linha.
