Carro diesel ou flex: Jeep Commander à prova

Há não muito tempo, um dos maiores argumentos dos carros a diesel era a boa relação entre médias de consumo e preço do combustível. Resumindo, eles faziam render o diesel do tanque, que custava não muito mais caro que o etanol. A gasolina era, quase sempre, mais cara, e podia render menos que o diesel em alguns carros. Mas isso era passado. Outros tempos, outras épocas, outros preços…

Hoje o litro do diesel pode ser 50% mais caro que o do etanol ou além disso. No caso da gasolina, a porcentagem fica ao redor dos 30. Essa é a média encontrada no estado de São Paulo, principalmente interior. Aí levantamos aquela bandeira amarela: será que ainda vale a pena usar a relação consumo/preço do litro como atrativo em um carro diesel? A conta é fácil, e para isso colocamos os Jeep Commander T270 flex e TD380 turbodiesel à prova (de consumo, claro) para sanar essa dúvida.

Os dois carros são idênticos, da versão de entrada Limited, com os mesmíssimos equipamentos e pintados de dourado, que a Jeep chama de Slash Gold. O que muda é na mecânica, já que o T270 leva sob o capô o compacto 1.3 turboflex com quatro cilindros e injeção direta, que entrega ótimos 180/185 cv de potência com 27,5 mkgf de torque máximo com gasolina/etanol, respectivamente. O TD380 é o turbodiesel com um 2.0 de quatro cilindros e 170 cv com 38,7 mkgf.

Transmissão e tração mudam também: no primeiro carro, flex, ela é uma automática de seis marchas que envia a força para as rodas da frente (ou seja, tração dianteira), enquanto no segundo carro ela é automática de nove marchas com tração 4×4 e reduzida. Por isso, claro, o carro turbodiesel é mais pesado que o flex.

Agora vamos para a parte que interessa: consumo, eficiência energética e preço dos combustíveis. O 1.3 turboflex não é nenhum campeão de economia, ainda mais movendo o grandalhão Commander, e em nossos testes registrou ao redor dos 6,0 km/l na cidade e 9,0 km/l na estrada abastecido com etanol. Trocando pela gasolina, os números sobem para cerca de 9,0 km/l e 12 km/l, respectivamente. O diesel consegue ir bem mais longe: fez os mesmos 12 km/l, mas na cidade, enquanto o consumo rodoviário, sem muita pressa, passou dos 18 km/l!

Carro a diesel bateu os 18 km/l na estrada, enquanto o flex, com gasolina, passou um pouco dos 12 km/l. E aí? (Foto: Lucca Mendonça)

Essas médias de consumo, na estrada, podem virar 550 km de alcance com etanol ou cerca de 730 km com gasolina. No caso do diesel, são mais de 1.000 km de autonomia, permitindo viagens de um estado para outro do  Brasil sem muitos problemas. Na teoria, é possível um bate-volta entre SP capital e o Rio de Janeiro, por exemplo. Mas o etanol custa metade do preço por litro e rende bem menos. E aí?

Nesse caso, excluímos promoções ou descontos por aí: cheguei a reabastecer o T270 pagando R$3,05/litro do etanol, enquanto o diesel não me saiu por menos de R$6,65/litro, ou seja, etanol no carro flex se saiu um melhor negócio no meu caso. Pelo menos falando dos Jeep Commander, que oferece as duas opções ao consumidor, tudo vai depender de alguns aspectos, até porque a “escadinha” de preços e as médias de consumo com cada combustível ficam equilibradas. Etanol custa 50% a menos que o diesel consumindo o dobro, enquanto a gasolina fica no meio do caminho tanto em preço quanto em consumo.

Tudo depende de alguns pontos, incluindo estilo de condução, tipo de uso e as necessidades do motorista, por exemplo (Foto: Lucca Mendonça)

O primeiro aspecto, sem dúvidas, é seu tipo de uso: rodoviário ou urbano? Caso as viagens sejam frequentes pra você, ter no tanque um combustível que renda mais de mil quilômetros com o tanque cheio é um lado ótimo, mesmo pagando mais para isso. Se isso for somado a algumas aventuras fora de estrada as vezes ou então a necessidade de ter um motor mais potente e torcudo, a pedida é o TD380, o turbodiesel.

Falando do Commander, que oferece as duas opções ao consumidor, a escolha depende de muitos fatores (Foto: Lucca Mendonça)

Agora se você não sai da cidade ou não vai para muito longe dela, quase sempre encontra uma boa variedade de postos e preços para reabastecer, e não precisa ter quase 40 mkgf de torque, vale o T270, flex. Ah, e sem falar que o estilo de condução, qualidade do combustível, região do país e a sua pressa na condução podem mudar muita coisa. Mas a verdade é que hoje, se você tem em mente comprar um diesel única e exclusivamente pelo consumo melhor, é melhor fazer algumas contas…

Compartilhar:
Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.