(Avaliação) Honda City hatch, mas pode chamar de “Fit jovem”

As qualidades do Honda Fit, que ficou quase 20 anos no mercado nacional, são incontestáveis: espaço interno generoso, modularidade de poucos, carroceria grandinha, teto-alto, assoalho plano. Pena que saiu de linha. No seu lugar veio o City Hatch, um compacto premium que, olhando de cara, não parece ser nada diferente daquilo já conhecido pelo mercado. Ou seja, mais um rival para VW Polo, Toyota Yaris, Chevrolet Onix e cia.

Saiu um monovolume e no seu lugar veio um hatch. Dá certo? (Foto: Lucca Mendonça)

Mas será que um hatch compacto “comum” consegue substituir um monovolume tão bacana como o Fit? Pra responder essa pergunta, primeiro devemos esquecer a diferença de categoria dos dois carros. Pode não parecer, mas o City Hatch esconde um bom “quê” de Fit, mas tudo está embalado em uma carroceria mais moderna, esportiva (como a Honda tanto ressalta) e jovem.

Ele, por exemplo, tem aquele mesmo esquema de modularidade Magic Seat, que permite diversas posições dos bancos e arranjos internos (veja no vídeo abaixo). Os traseiros rebatem em encosto e assento, podem ser dobrados ou deitados, e os dianteiros, quando reclinados, ficam planos e fazem do interior do carro uma espécie de cama. Isso é coisa de monovolume ou SUV, mas o City hatch tem.

Isso sem falar em muito espaço interno. Chega a surpreender o vão entre os bancos dianteiros e traseiros, pra fazer inveja até aos sedans grandões. São 2,60 m de entre-eixos, mas parece até mais. As portas abrem bem e qualquer um entra e sai com facilidade porque o assoalho é plano (igual ao do Fit, lembra?). Por dentro, o teto também é alto mesmo tendo as limitações típicas de um hatch compacto.

O motorista é quem mais percebe as diferenças entre um monovolume e um hatch. O City é bem baixo, até mais do que deveria, e deixa explícita uma pegada mais arisca, ou menos “família”, que era o caso do Fit. Essa carroceria hatch tem, inclusive, alguns parâmetros exclusivos de direção e suspensão, justamente pra ficar mais esportivo que o City Sedan, o que garante uma dinâmica geral ainda melhor.

Com acerto exclusivo de direção e suspensões, o City Hatch se mostra mais esportivo (Foto: Lucca Mendonça)

Bastante silencioso e sem perder pontos na maciez, ainda muito elogiável, ele é estável e não dá sustos nem nas curvas rápidas. O baixo centro de gravidade ajuda bastante nisso, assim como a direção rápida e precisa, como de praxe nos carros japoneses. O Fit também era bom em tudo isso, mas nem tanto quanto esse hatch.

Direção rápida e precisa, como deve ser, e bom acabamento interno (Foto: Lucca Mendonça)

Economia impera

Quem move o City Hatch também é um motor 1.5 16V flex com duplo comando i-VTEC, de concepção parecida com o do falecido monovolume, mas ele ganha tendo injeção direta de combustível, mais moderna e eficiente. Trabalhando junto com um câmbio automático tipo CVT que simula 7 marchas, o 1.5 entrega 126 cv de potência e 15,5/15,8 mkgf (G/E) de torque máximo a 4.600 rpm, nas alturas.

Parecido com o motor do Fit na concepção, esse 1.5 é bem diferente e mais moderno (Foto: Lucca Mendonça)

Para ficar menos anestesiado, a transmissão ganhou programação que simula com mais realismo as marchas, que inclusive podem ser trocadas de forma manual e atiçadas com modo Sport. As “pseudo-reduções” são facilmente percebidas, o que realmente deixa o carro mais divertido de ser guiado.

Ainda assim, ele não é esportivo nem turbo, então leva um pouquinho de tempo pra embalar e, caso o pé direito do condutor seja pesado, vai ter seu motor girando alto constantemente. Na maioria das vezes, dá pra manter ele rodando suavemente com o conta-giros acusando baixas rotações, mas aí vai depender da pressa do motorista.

Esse CVT simula bem as marchas, e tem modo Sport, mais ágil (Foto: Lucca Mendonça)

Acima de tudo isso está o baixo consumo de combustível, que é o que impera aqui nesse conjunto. Tudo bem que o City Hatch tem um tanque bem pequeno, de míseros 39,5 litros, mas no uso isso nem é tão lembrado, já que consegue médias sempre altas. Durante nossos testes, com gasolina, chegou a registrar 13,8 km/l na cidade e beirou os 21 km/l na estrada.

Fazendo uma rápida conta de padaria, temos quase 550 km de alcance no uso urbano e cerca de 830 km no rodoviário. Poupando combustível, o que não é difícil graças ao modo Eco, baixo peso do carro e bom torque em baixas rotações, o City Hatch vai tão longe quanto seus concorrentes. Ou quase isso.

Míseros 39 litros no tanque, mas médias de consumo na casa dos 20 km/l garantem um equilíbrio interessante no City Hatch (Foto: Lucca Mendonça)

Custo X Benefício

O City Hatch é vendido em duas versões: essa EXL avaliada, que custa salgados R$115.500, e a top de linha Touring que beira os R$125 mil. A de entrada, apesar de muito completa (veja a lista de itens de série mais abaixo) e bem caprichada no acabamento, fica devendo algumas coisas importantes. Não tem, por exemplo, um simples apoio de braço dianteiro, faróis em LED (até o Fiat Pulse já ganhou essa tecnologia de série), e a qualidade do seu sistema de som deixa a desejar.

Apesar de completa, essa versão EXL peca nos detalhes (Foto: Lucca Mendonça)

Considerando que se vai gastar tanto em um hatch compacto premium, em média R$120 mil, o melhor é desembolsar mais R$10 mil e partir logo para a Touring, muitíssimo tecnológica, mais segura e, claro, recheada. Só o seu exclusivo pacote de assistentes de condução já vale o investimento extra.

Fit jovem?

Seria o City Hatch um Fit jovem? (Foto: Lucca Mendonça)

Reunindo um espaço interno invejável, muita modularidade na cabine, boa habitabilidade pra motorista e passageiros e conforto de sobra, basicamente todas as virtudes do finado Fit em uma carroceria hatch, baixa e de linhas bem definidas, não é nenhum crime chamar o City Hatch de…”Fit jovem”.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.497 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), aspirado, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: automática do tipo continuamente variável (CVT), com simulação de 7 marchas e possibilidade de trocas manuais por paddle-shifts
Potência: 126 cv a 6.200 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 15,5/15,8 mkgf a 4.600 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: Bridgestone Ecopia EP150, medidas 185/55. Rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,34 m/1,75 m/1,50 m/2,60 m
Porta-malas: 268 litros
Tanque de combustível: 39,5 litros
Peso em ordem de marcha: 1.177 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 11 segundos (aproximadamente)
Velocidade máxima: 180 km/h (aproximadamente)
Preço básico: R$115.500 (Carro avaliado: R$117.200)

Itens de série:

Alarme de segurança com imobilizador, Freios com sistemas ABS e EBD, Assistente de tração e estabilidade, Assistente de partidas em aclive, Sistema de luzes de emergência, Airbags frontais, laterais e de cortina (6 airbags), Cinto de segurança de 3 pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, Lembrete de afivelamento dos cintos dianteiros e traseiros, Sistema ISOFIX de fixação para cadeirinhas infantis, Câmera de ré multivisão com linhas dinâmicas, Alerta de pressão dos pneus, Lanternas traseiras em LED, Luz de placa em LED, Limpador de para-brisa com intermitente variável, Espelhos retrovisores indicadores em LED e rebatimento elétrico automático, Luzes de Rodagem Diurna, sensor crepuscular, Faróis de neblina, Sensores de estacionamento com aviso sonoro traseiros, Vidros elétricos com a função de subida automática e anti-esmagamento, Piloto automático, Coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, Ar-condicionado Digital Automático, Botão de partida do motor, Banco traseiro Bipartido com exclusiva tecnologia Magic Seat, Bancos em couro, Volante e alavanca do câmbio em couro, 4 alto-falantes de 20W cada, Multimídia 8” touchscreen com interface sem fio para smartphones com Apple CarPlay e Android Auto™ com Voice Tag e USB, Controle de áudio no volante, Painel digital TFT 7″ de alta resolução, Chave com função Smart Entry de destravamento e travamento das portas por sensor de aproximação.

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Com 21 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.