(Avaliação) Novo Kwid Intense: “ex-popular” da Renault melhorou, mas nem tanto

Dono atual do título de “carro mais barato do Brasil”, o Kwid já amadureceu depois de quase 5 anos de mercado nacional. Nesse período, a Renault foi acertando o carro de acordo com a pedida do consumidor, além de corrigir sérias falhas do projeto original indiano, como por exemplo os freios dianteiros a disco sólido, que superaqueciam quando muito exigidos. Hoje já são ventilados e mais eficientes que antes.

Desde 2017 no Brasil, o Kwid foi evoluíndo e agora está de cara nova na linha 2023 (Foto: Lucca Mendonça)

Por essas e outras que o pequenininho da Renault chegou em pleno 2022 de cara nova, melhorado pra todos os lados e com preços sempre acima dos R$60 mil, o que causou rebuliço e fez muitos o chamarem de “ex-popular”. Na época do lançamento em 2017, ele custava a metade disso. Mesmo mais salgado com o passar do tempo, ele aparentemente caiu nas graças do consumidor brasileiro depois de tanto preconceito e “torcidas de nariz”.

Reestilizado, ficou mais bonito, moderno e com aparência robusta, que casa bem com sua boa altura do solo (18,5 cm) e grandes ângulos de ataque e saída. É um carro ágil pra enfrentar a buraqueira urbana, passar sem medo por valetas e lombadas e até encarar um fora-de-estrada leve, com a ajuda também das suspensões bem calibradas.

Altinho e robusto, o Kwid continua valente pra enfrentar obstáculos (Foto: Lucca Mendonça)

Com elas, inclusive, o Novo Kwid garante conforto ao rodar e até dribla os velhos problemas do centro de gravidade alto, direção não muito precisa e combinação da carroceria estreita com pneus finos. Apesar de menos sentidas, as “passarinhadas” (zigue-zague involuntário do carro em pistas retas) acima de 100 km/h ainda existem, e ele requer cuidado nas curvas rápidas pela falta da barra estabilizadora dianteira, já que rola mais do que deveria.

Mas, considerando que é um carro de projeto bastante simples e que está na porta de entrada para o mundo dos automóveis, são defeitos toleráveis.

Os pneus estreitos e carroceria altinha, juntos com a falta de barra estabilizadora dianteira, deixam o Kwid limitado nas curvas (Foto: Lucca Mendonça)

Um dos maiores pontos fortes do Kwid está na motorização, mesma de antes, mas melhorada. Econômico e robusto, o motor 1.0 SCe de três cilindros desenvolve 68/71 cv de potência e 9,4/10,0 mkgf de torque, que vem por inteiro aos 4.250 rpm, e está acoplado a um câmbio manual de 5 marchas com engates precisos e relações curtas. Mecânica elogiável na eficiência, mas ruidosa em todos os sentidos: desde pedal de embreagem até compressor do ar-condicionado, tudo ali faz bastante barulho e é sempre ouvido pelos ocupantes.

Robusto, forte e bem econômico, o 1.0 SCe surpreende ainda mais (Foto: Lucca Mendonça)

No uso, o subcompacto da Renault é um carro surpreendentemente ágil e esperto tanto em baixas quanto em altas rotações, conseguindo boas acelerações e ultrapassagens mesmo carregado. Na cidade ou estrada, com três ocupantes “grandinhos” a bordo, ele não desapontou. Quem não o conhecia e teve oportunidade de guiar chegou a ficar em dúvida quanto a cilindrada do seu pequeno motor (a clássica pergunta: “é 1.0 mesmo?”).

Dali, o único que prova que o Kwid é um legítimo “milzinho” é o consumo, claro que bem baixo: 12,2 km/l urbano e 14,8 km/l rodoviário, abastecido com etanol nos dois casos. Valeu a pena a adição do sistema Start&Stop nessa linha 2023, que diminuiu bastante o gasto de combustível na cidade, habitat natural desses carros pequenos.

Câmbio manual de 5 marchas com relações curtas e sistema Start&Stop: agilidade na condução e economia para o bolso (Foto: Lucca Mendonça)

Por dentro: mais do mesmo

De novo mesmo no interior do Novo Kwid, só o painel de instrumentos, agora digital e mais enfeitado, e tecidos dos bancos. A multimídia foi de 7” pra 8”, mas, curiosamente, continua com aquela mesma interface bem obsoleta de 2012, ou seja, só cresceu no tamanho da tela.

Por dentro, a multimídia cresceu e o painel de instrumentos agora é digital (Foto: Lucca Mendonça)

Isso não é de todo ruim, já que o visual se manteve, mas o nível de acabamento e encaixe das peças da cabine melhorou. Ainda é tudo bem simples, de acordo com o esperado em um subcompacto de entrada, mas está um pouquinho mais esmerado do que antes.

Além disso, a posição de guiar, mesmo sem ajuste de altura dos bancos e volante fixo (duas outras falhas, inclusive), é boa, o acesso aos comandos do painel é descomplicado e ergonomia dos bancos agrada, todos “bônus” em um carro simplório como o Kwid. O novo painel de instrumentos digital não é dos mais precisos, mas também oferece fácil leitura das informações.

Boa posição de dirigir, apesar do volante fixo e banco sem ajuste de altura (Foto: Lucca Mendonça)

Melhor espaço interno da categoria

Concorrendo unicamente com o Fiat Mobi, o Kwid ganha de lavada no quesito espaço interno e porta-malas. São 2,42 m de entre-eixos, explícitos pelo bom arranjo dos componentes internos (bancos estreitos, painel recuado e por aí vai), e ali cabem quatro adultos e uma criança sem muitos problemas. Todos têm direito à cinto de três pontos, encosto de cabeça e, atrás, fixação Isofix.

O Kwid ganha de lavada do Fiat Mobi no espaço interno (Foto: Lucca Mendonça)

Os mais altos tem espaço de sobra também para a cabeça, e não encontram dificuldades de mobilidade interna nem para entrar e sair do carro. Com 1,87 m de altura, quem vos escreve ainda ficou com quatro dedos “de sobra” até encostar no teto na frente, nem se apertou durante uma viagem no banco traseiro.

Nesse ponto, o carrinho é muito bem resolvido considerando as pequenas dimensões de sua carroceria. Isso sem falar que o ótimo porta-malas de 290 litros quase briga de igual para igual com o de alguns hatches compactos premium. Maravilha!

290 litros de porta-malas: tamanho próximo ao de um hatch premium (Foto: Lucca Mendonça)

Kwid Intense: vale a pena?

Custando cerca de R$68 mil, a versão avaliada Intense Biton é a urbana top de linha. Existe também a Outsider por um preço bem parecido, mas essa já tem apelo aventureiro. Considerando que, dentro da gama Renault, o Sandero 1.0 mais barato começa em R$80 mil, levar um Kwid Intense por R$68 mil é uma alternativa, digamos…menos cara.

R$68 mil por um Intense Biton igual ao das fotos (Foto: Lucca Mendonça)

Mas a verdade é que o Kwid melhorou e merece uma segunda chance daqueles que tanto o criticaram nos últimos anos. Longe da perfeição, ele, pelo menos, mostra sua evolução.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 999 cm³, flex, três cilindros, 12 válvulas (quatro por cilindro), aspiração natural, injeção indireta de combustível, duplo comando de válvulas, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: manual de 5 marchas
Potência: 68/71 cv a 5.500 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 9,4/10,0 mkgf a 4.250 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: Independente, tipo McPherson
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: Continental EcoContact 6, medidas 165/70. Rodas de liga-leve aro 14
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 3,68 m/1,58 m/1,48 m/2,42 m
Porta-malas: 290 litros
Tanque de combustível: 38 litros
Peso em ordem de marcha: 820 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 13,5/13,2 segundos (gasolina/etanol)
Velocidade máxima: 152/156 km/h (gasolina/etanol)
Preço básico: R$67.890 (carro avaliado: R$68.590)

Itens de série:

Retrovisores com ajuste elétrico, Ar-condicionado, Banco traseiro rebatível, Apoio de cabeça traseiro central e laterais com ajuste de altura, Espelhamento de Smartphone, multimídia MEDIA Evolution com Android Auto® e Apple Carplay®, 2 airbags laterais, Cintos de segurança traseiros de 3 pontos, Sistema CAR – Travamento automático a 6 km/h, 2 Isofix, Freios ABS, Monitoramento da pressão dos pneus (TPMS), 2 airbags frontais, Controle eletrônico de estabilidade (ESP) com auxílio de partida em rampa (HSA), Luzes de circulação diurna em LED (DRL), Câmera de ré, Direção elétrica, Sistema Start&Stop, Indicador de troca de marcha, Câmbio manual de 5 velocidades, Volante de três raios, Retrovisores na cor preto brilhante, Roda de liga-leve aro 14″, Bancos exclusivos Intense

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.