(Avaliação) JAC E-J7: sedan elétrico bom de preço está quase lá…

É meio complicado entender os nomes dos carros elétricos da JAC: E de “elétrico”, J de “JAC” e 7 se refere ao tamanho. Mas além do nome é bom explicar mais algumas coisinhas sobre o E-J7, que afinal ainda é um ilustre desconhecido para muitos: sedan grande 100% elétrico, tem porte de um Audi A5 Sportback, foi desenvolvido a partir do JAC J7 (seu equivalente a gasolina), tem vários pitacos da VW no projeto, é vendido no Brasil desde o final de 2021 e hoje custa R$253 mil.

Até parece um preço alto, mas levando em conta aquilo cobrado por alguns sedans híbridos, que já vão bem além da barreira dos R$300 mil, levar um 100% elétrico, maior, por menos é até interessante. Lembrando que esse JAC ficou mais barato desde o lançamento há dois anos: eram R$260 mil.

De início ele era até mais caro (Foto; Lucca Mendonça)

Diferente dos normais

O carro é bem diferente, e talvez por isso atraia tantos olhares na rua. A carroceria, larga e fluída, fica dividida com o teto preto e agrada no conjunto da obra: é moderna, mescla bem esportividade e classe e, tirando alguns pontos, não copia nada de ninguém. E quem olha pra ele já mata a charada: o EJ-7 tem cara de carro elétrico e isso ninguém nega. Bonito ou feio? Vai do gosto de cada um.

Beleza é relativa, vai do gosto de cada um. Mas o EJ-7 chama a atenção (Foto: Lucca Mendonça)

E o que chama a atenção é que ele é alto e erguido do solo (cerca de 13 cm, quase o mesmo que um Chevrolet Onix Plus), além de ter pneus altos com rodas 17”: geralmente esses carros são bem baixos, com rodonas pelo menos de aro 19 e pneus de perfil mínimo. Que diferença isso faz? Assim ele fica mais adequado ao solo brasileiro, e ganha pontos no conforto e dissipação dos impactos de pisos ruins, por exemplo. Isso sem falar que dificilmente “enrosca” em obstáculos. Até aqui, ótimo.

Altura do solo é a mesma de um Onix Plus, e os pneus são altos e borrachudos (Foto: Lucca Mendonça)

Mas nada disso tira o fato que ele ainda não está “no estado da arte” em suspensão: frente e traseira não conversam muito bem (o comportamento de uma e outra é bem diferente), os amortecedores tem curso limitado e batem seco com frequência, e das molas vêm quase todos os ruídos de rodagem. Talvez trocando os pneus Giti chineses por Michelin, como no SUV E-JS4, já ajude. Há o que melhorar.

Apesar de erguido, esse sedan tem comportamento elogiável (Foto: Lucca Mendonça)

Mas ainda que o conforto fique na frente da dinâmica desse conjunto, o E-J7 é bom nas curvas e desvios rápidos de trajetória. Muito também pelo centro de gravidade baixo, peso concentrado no assoalho (baterias) e barra estabilizadora nos dois eixos. Ao volante o motorista só sofre com a típica direção leve e “boba” dos JAC: são perfeitas para manobras e uso urbano, mas não nas altas velocidades. Para amenizar, o modo “Sport” da direção coloca mais peso na assistência elétrica.

Direção boba é mal dos JAC, mas aqui ela pode ficar melhor (Foto: Lucca Mendonça)

De fino trato

Surpreende, por dentro, o nível geral. As linhas classudas não são bonitas só aos olhos como também ao toque: só materiais de primeira, com montagem correta, inclusive atrás. LEDs do painel e portas, que tem configuração de intensidade, cor e ritmo de acendimento fazem bem a cabine como um todo. A multimídia vertical gigante e o painel de instrumentos digital também, apesar da lentidão e operação confusa da central.

Como dica, talvez um teto interno escurecido melhore ainda mais, e faça mais jus aos materiais escuros do painel e bancos, esses inclusive bem agradáveis no conforto e bem-estar. Teto claro cai bem num SUV, mas nem tanto num sedan elétrico e mais esportivo como o E-J7. A acomodação é fácil para todo mundo: o motorista e passageiros viajam mais baixos, mas não como no seu “irmão de tamanho” Audi A5, por exemplo. Ideal.

Só não dá pra entender a falta de ajuste de profundidade do volante, mas isso é mal de boa parte dos carros chineses. Num carro desses, ter um ajuste fino da posição de guiar conta bastante. Em contrapartida, o motorista tem ao seu dispor ajustes elétricos de distância e altura (tanto da parte de trás quanto da frente do assento), fora a tradicional alavanca manual que permite a regulagem do encosto. Nem mesmo os mais altos encontram problemas com a altura da cabine.

Atrás três se acomodam com espaço e conforto para as pernas e ombros. Boa a sacada de ter assoalho plano, coisa que vale muito num sedan. E falando em ideia boa, o porta-malas é talvez uma das maiores virtudes do E-J7: além da tampa gigante com abertura tão grande quanto, que vai até o teto e ergue inclusive o vidro traseiro, ele é o primeiro JAC vendido no Brasil a ter abertura/fechamento elétricos. Lá dentro cabem nada menos que 590 litros segundo a fabricante.

Melhor estilo sportback de Audi A5 e similares (Foto: Lucca Mendonça)

Anda muito, para bem e gasta pouco

Esse sedanzão de quase 4,8 m de comprimento, 1,82 m de largura e 2,76 m de entre-eixos é completamente elétrico. Com tração dianteira, o motor frontal despeja 194 cv de potência e 34,7 mkgf de torque a zero rpm. Animam. Tanto que ele acelera como um esportivo e leva menos de 6 segundos para ir de 0 a 100 km/h, isso já contando com o “coice” dos quase 35 quilos de força imediata, que colam os ocupantes no banco e erguem bastante a dianteira sempre que se pisa fundo.

Quase 200 cv do motor elétrico dianteiro (Foto: Lucca Mendonça)

Anda e para muito bem: mesmo com discos sólidos atrás (não são ventilados), o sistema de freios tem resposta praticamente imediata ao comando do pedal esquerdo, e segura os 1.650 kg do carro com competência de sobra. A JAC, baseada no ciclo NEDC, fala em exatos 402 km de alcance para o sedan E-J7, e é isso que o computador de bordo informa com 100% de carga das baterias de 50 kWh, mesmas do E-JS4. Aliás, o motor elétrico também é o mesmo do SUV, mas lá são 150 cv.

A regeneração de energia nas frenagens tem três níveis que o motorista escolhe, sendo que o mais forte chega perto de ser um One Pedal Drive. Mas precisa reconfigurar tudo a cada vez que o carro é ligado: depois de uns 5 minutos desligado ele “zera” todas as escolhas de condução, inclusive aquela que endurece a direção elétrica. Já o Hill Holder, que quase causou problemas no teste do E-JS4, aqui também é imprevisível: talvez ele segure o carro, ou talvez não.

O Auto Hold de série pode “quebrar uns galhos” quando o Hill Holder não funciona (Foto: Lucca Mendonça)

Falando em gasto de energia, o E-J7 é até contido. Os 402 km de alcance viram cerca de 380 na vida real, ainda bons pra um sedan grande de luxo. No uso misto entre cidade e estrada, a média geral dos 450 km rodados no teste foi de 13,2 kWh/100 km, ou 7,6 km/kWh. O baixo arrasto aerodinâmico mostra suas vantagens. Pra recarregar, pode ser em tomadas 220V, wallbox ou eletropostos, desde que haja um adaptador pra converter o padrão GB/T (que só a JAC adota no Brasil) para o Tipo 2, tradicional. No E-J7 esse adaptador vem de série.

Vale olhar

Se você não conhecia o E-J7, prazer. Assim com os outros JACs elétricos, são bons de preço e com vários benefícios, mas pisam na bola lá e acolá. Ninguém é perfeito, ainda mais tendo a estrutura limitada da JAC brasileira. Mas se existe a busca por um elétrico que não seja SUV nem hatch pequeno, o E-J7 está no caminho certo, e dá a largada nesse caminho te encantando com uma das melhores armas: o preço.

Ficha técnica:

Concepção de motor: elétrico, dianteiro, refrigeração líquida de baterias e propulsor, conjunto de baterias de fosfato-ferro-lítio instaladas no assoalho, capacidade de energia de 50 kWh
Carregamento: entrada GB/T, recarga via eletropostos (de 1h45min a 8h00min dependendo da força), wallbox (cerca de 8h00min) e tomadas 220V (cerca de 28 horas). Regeneração de energia durante condução
Potência: 193 cv
Torque: 34,6 mkgf
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: independente, multibraço, com barra estabilizadora
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Giti Comfort F22 Advanztech, medidas 215/55 com rodas de liga-leve aro 17
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,77 m/1,82 m/1,51 m/2,76 m
Porta-malas: 590 litros
Alcance: 402 km (ciclo NEDC)
Peso em ordem de marcha: 1.650 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 5,9 segundos
Velocidade máxima: 150 km/h (limitada eletronicamente)
Preço básico: R$252.900

Itens de série:

Teto solar, Central multimídia tipo Ipad com tela de 13” HD Touchscreen, Conectividade com Apple Car Play e Android Auto e Bluetooth, Sistema Keyless (Chave com destravamento remoto das portas e do porta-malas) com entrada e partida sem chave, Painel de LED 100% Digital Active Info Display, Sensores de estacionamento (dianteiro e traseiro), Ar Condicionado Automático Digital com painel Touch Screen, Saída de Ar Condicionado na fileira traseira, Bancos do motorista com aquecimento, Bancos revestidos em couro Ecológico Premium JAC Seat, Painel Soft-touch com revestimento em couro ecológico Premium JAC, Volante multifuncional revestido em couro Ecológico Premium JAC, Volante com regulagem de altura, 4 alto falantes e 4 tweeters, Projetor com luz de Led Auxiliar nas Portas, Apoio de braço na segunda fileira de bancos com porta copos, Apoio de braço na primeira fileira de bancos com compartimento, 1 entradas USB e 12V no console dianteiro, 2 Entrada USB para segunda fileira, Porta Malas com Abertura Elétrica, 6 Airbags (Dois frontais, Dois laterais dianteiros, Dois de cortina), BAS – Brake Assist System, TCS – Traction Control System, ESP – Eletronic Stability Program, HSA – Hill System Assist, BOS – Brake Overide System, TPMS – Tire Pressure Monitoring System, Função Auto Hold (Imobiliza o veículo ao parar), DLR – Luzes diurnas em LED, Freios ABS com EBD, Desembaçador do espelho retrovisor, Faróis com regulagem elétrica de altura, Faróis e lanternas de neblina, Faróis e Lanternas em LED, Faróis com acendimento automático, Função “Follow me Home”, Travamento automático das portas à 15 km/h, Aviso de cinto não acoplado (todos), Piloto Automático, Freio de estacionamento elétrico, Câmera de ré, Isofix, Sensor de Chuva, Rodas de Liga-Leve aro 17 Diamantadas

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.