(Avaliação) Chevrolet Onix Premier hatch 2024 ainda convence? E as novidades?

Tem marca que leva a sério aquela máxima de que não se mexe em time que está ganhando. Uma delas é a Chevrolet, que, entre outros exemplos, mantém o Onix praticamente intocado, sem mudanças, desde 2019. Excesso de confiança, atraso, ou será que o hatch compacto continua tão bom a ponto de não precisar de novidades? Uma semana de testes com um Onix Premier hatch, versão topo de linha, já adiantou muitas respostas, e sanou várias dúvidas. Já adianto que seu preço está bem na média do segmento: R$117,5 mil (mas há Onix desde os 86, claro que nas versões aspiradas manuais).

Quase cinco anos e algumas polêmicas depois, a segunda geração do Onix ainda não chega a sofrer com baixos números de vendas, tanto que conseguiu o terceiro lugar dentre os carros mais vendidos do Brasil em 2023, e só não liderou no segmento de hatches compactos porque o VW Polo surpreendeu a todos passando das 110 mil unidades emplacadas somando vendas diretas e no varejo. Nesse quesito, ao menos, a Chevrolet não tem do que se preocupar, afinal o Onix segue bom de mercado, e melhor ainda nas revendas. Só que não basta isso.

Debaixo do capô desse hatch, que passou a ser o mais caro da Chevrolet desde a saída de linha do Cruze Sport6, segue o equilibrado 1.0 turboflex de três cilindros em linha, integrante da família CSS Prime. Apesar de apostar na controversa tecnologia da correia dentada banhada a óleo (que têm tido alguns relatos de problemas pela internet, na maioria causados por erros na lubrificação), segue com seus bons 116 cv de potência e 16,3/16,8 mkgf de torque aos 2 mil rpm, rotação em que ele trabalha melhor, apesar de já ter uma dose considerável de força ao redor dos 1.500 giros. Quem sabe bem disso é a transmissão automática de seis marchas, que faz de tudo para manter o 1.0 turboflex do Onix Premier na sua melhor faixa de torque.

Sempre vale elogiar essa caixa automática GF6 e sua capacidade de se adequar ao estilo de condução de quem está ao volante: se o motorista tiver o pé mais pesado, a tocada será mais esportiva com reduções imediatas e, geralmente, marchas esticadas até maiores rotações do motor em busca da potência máxima. Entretanto, se não houver pressa nem muita exigência de força na condução, ela muda o comportamento adiantando as trocas e evitando reduzir sem necessidade, focando na suavidade e economia.

Se não dispõe de um seletor de modos de condução nem modo manual para trocar as marchas, o Onix Premier, ao menos, traz de série a esperta caixa GF6 (Foto: Lucca Mendonça)

É uma forma inteligente de driblar a falta do seletor de modos de condução que o Onix não dispõe, só é preciso esperar um pouco até essa transmissão “entender” as preferências e necessidades de quem dirige. Outra coisa que o hatch da Chevrolet deixa de lado, infelizmente, é um modo de mudanças manuais do câmbio: se a caixa GF6 estiver memorizada para um estilo mais pacato e econômico de condução, as reduções, por exemplo, só tendem a acontecer nos “kickdown”, em um processo que poderia ser agilizado em um simples toque manual para baixar uma marcha. É uma das faltas do seu projeto que não tem a ver com idade: modelos mais antigos, como o VW Polo ou Fiat Argo, sempre contaram com esse recurso em algumas versões.

Como todos os hatches 1.0 turbo hoje entregam potência e torque similares, o Onix acaba se destacando com seus 116 cv (Foto: Lucca Mendonça)

Junto dessa “inteligência” da transmissão, ainda bem, vem um bom equilíbrio entre desempenho e economia de combustível: o hatch acelera com vigor, especialmente quando está com etanol no tanque, sem desapontar nem em situações de várias pessoas a bordo mais bagagens, tendo como vantagem a carroceria leve de dois volumes. Lembrando que esse motor move também o Tracker, SUV bem maior e mais pesado que o Onix hatch, e faz isso sem reclamar.

Sem o peso extra do terceiro volume, ele acaba tendo um peso baixo, de não muito mais que 1.100 kg (Foto: Lucca Mendonça)

Com o carro vermelho das fotos (R$1.650 extras pela pintura metálica) abastecido com gasolina, foi possível chegar em até 19,0 km/l no uso rodoviário, ou cerca de 13,5 km/l no urbano sem trânsito, médias excelentes para o quanto ele pode entregar de desempenho. Mesclando gasolina e etanol em 565 km percorridos na semana de testes, também entre cidade e estrada, o computador de bordo mostrou 12,4 km/l de média final. Pesa contra apenas o segundo menor tanque de combustível da categoria, que limita sua autonomia nas viagens mais longas ou no uso constante: vão ter mais paradas nos postos.

565 km de uso normal e bem variado, bebendo etanol e gasolina, na estrada e cidade, com peso a bordo ou não: beirou os 12,5 km/l assim (Foto: Lucca Mendonça)

Até então, definitivamente o Onix Premier hatch não deve nada a ninguém, muito menos a concorrência, que, no caso das principais marcas, segue fórmulas parecidas por preços próximos aos do Chevrolet (Hyundai HB20 Platinum Safety TGDI por cerca de R$115 mil e VW Polo Highline 170TSI por R$119 mil, por exemplo). Saem do padrão os Honda City Hatchback (LX de R$113,6 mil e EX de R$120 mil) e Toyota Yaris Hatch (XS ou XLS, entre R$110 mil e R$122 mil), japoneses movidos por motores de aspiração natural e câmbios CVT.

Mas, voltando ao Onix, ele segue com a ótima posição de dirigir, que é baixa porém ergonômica, afinal o motorista tem amplos ajustes da coluna de direção em altura e profundidade, e bancos (elevação e distância, com trilho generoso), mantendo proximidade com os comandos do painel, alavanca de transmissão e apoio de braço do console central, por exemplo. O tal console, inclusive, pode até ser estreito, não deixando muito espaço para porta-trecos e afins, mas libera um bom vão para os joelhos de quem dirige e para a pedaleira lá embaixo no assoalho. A folga para o passageiro dianteiro é quase a mesma, mas sem regulagem de altura para o banco, ausência perdoável para a categoria, e com cinto de segurança fixo na coluna.

Enquanto o acerto de suspensões foca no perfil mais durinho e rígido, especialmente quando os pneus Continental estão calibrados, fazendo a diferença pra quem curte um bom comportamento da carroceria em curvas e dinâmica apurada nas manobras rápidas (par perfeito com a direção direta na condução e levíssima para manobras), os ocupantes já estão melhores servidos no quesito conforto: aparentemente, os Onix mais recentes já trazem uma espuma dos bancos de maior densidade e conforto, acomodando melhor o corpo e evitando incômodos depois de horas sentado dentro do carro. Para quem, como eu, sempre teve ressalvas quanto a ergonomia e conforto dos bancos inteiriços da Chevrolet, esse parece ser um problema resolvido. Maravilha!

E no nível de espaço interno segue as boa e velha notícia: o Onix acomoda tranquilamente até quatro adultos e uma criança no centro do banco traseiro, que viaja mais livre, afinal o túnel central é baixo e o assoalho está numa altura correta, até para facilitar o entra-e-sai. Caso houvesse menos ressalto no encosto e assento central traseiro, aí seria melhor ainda. Os tons mais claros por dentro da cabine, como o bege claro do forro de teto e colunas A, são formas de passar uma impressão de maior espaço e interior arejado. Quem compra essa versão Premier pode ainda ter a parte central do painel e detalhes pintados de caramelo claro sem custo extra algum, o que também aumenta a sensação de amplitude interna. O porta-malas de parece ser maior ao vivo do que o que a fabricante informa, boa notícia.

O porta-malas parece, aos olhos e na prática, ter até mais capacidade que os 303 litros oficiais (Foto: Lucca Mendonça)

O lado bom da versão Premier é que, em 2019, muitas tecnologias e equipamentos que ele trazia de série eram inéditos na categoria: 6 airbags (o Polo segue com só quatro), monitor de ponto-cego (demorou para o HB20 tê-lo disponível), carregador de celular sem fio (em tempos que a maioria dos smartphones nem suportavam tal tecnologia), sistema Park Assist que estaciona o carro sozinho (ainda nenhum rival vem com esse), serviço de concierge OnStar e até Wi-Fi 4G a bordo (também exclusividades dele até hoje). São ótimos argumentos de vendas para o Onix em 2024, e modernidades que fazem o carro “envelhecer sem ficar ultrapassado”.

Fazendo justiça, já faltam nele algumas coisas que o mercado moderno, principalmente do pós-pandemia, se acostumou, a exemplo do retrovisor interno fotocrômico, faróis em LED, freios a disco traseiros, entre outros, mas seu pacote segue farto: ar-condicionado automático digital, multimídia de 8” com conexões sem fio, bancos forrados em material premium, rodas diamantadas aro 16 (maior novidade visual desde 2019, que valorizam bastante o design do carro), sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, lanternas em LED, chave presencial, partida do motor por botão, piloto automático, sensor crepuscular e mais. A lista completa de itens vai mais abaixo.

O futuro? Como diz o ditado, a Deus pertence, mas a Chevrolet já tem no forno reestilizações dos Onix Hatch e Onix Plus, que deverão ganhar cara, equipamentos e tecnologias dos modelos mais modernos da marca, como Montana e a (quase pronta) Nova Spin. Especula-se, no meio, que as novidades devem aparecer mais para o final desse ano ou início do próximo, nesse caso já como uma provável linha 2026. Não devem revolucionar com motores inéditos ou super equipamentos, mas, ao menos, prometem boas evoluções frente aos carros vendidos hoje. O ciclo dessa segunda geração do Onix está um pouco atrasado se comparado com o da primeira, lançada em 2012, retocada em 2016 e substituída por completo no final de 2021.

Segunda geração do Onix compensa certo atraso nas evoluções com diversas outras qualidades, algumas que só ele oferece (Foto: Lucca Mendonça)

Se a dúvida é saber se vale a pena comprar um Onix Premier ainda em 2024, a resposta é certa: com certeza! Por mais que não seja o dono do design mais arrojado e moderno, tem linhas que agradam a maioria, e segue tirando sorrisos dos motoristas quando o assunto é desempenho e consumo de combustível. Isso sem falar nos equipamentos que só ele oferece. Ou isso, ou os quase 60 mil compradores de Onix no varejo em 2023 estão errados…

Ficha técnica:

Concepção de motor: 999 cm³, flex, três cilindros, 12 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção indireta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: automática de 6 marchas, sem opção de trocas manuais
Potência: 116 cv a 5.500 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 16,3/16,8 a 2.000 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: Continental PowerContact 2, medidas 195/55 e rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,16 m/1,73 m/1,47 m/2,55 m
Porta-malas: 303 litros
Tanque de combustível: 44 litros
Peso em ordem de marcha: 1.113 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,1 segundos (etanol)
Velocidade máxima: 187 km/h (etanol)
Preço básico: R$117.480 (carro avaliado: R$119.130)

Itens de série:

06 Airbags (duplo frontal, duplo lateral e duplo de cortina), Acendimento automático dos faróis através de sensor crepuscular, Alarme anti-furto, Alerta de Ponto Cego, Ar-condicionado digital automático, Assistente de partida em aclive, Aviso sonoro e visual do cinto de segurança para todos os passageiros, Banco do motorista com regulagem de altura, Banco traseiro bipartido e rebatível, Bancos com revestimento premium, Bluetooth para até 2 celulares simultaneamente, Câmera de ré, Carregador sem fio para smartphones, Chave com sensor de aproximação, Chevrolet MyLink, com Tela LCD sensível ao toque de 8″, integração com smartphones* através do Apple CarPlay, Radio AM-FM e Entrada USB, Cinto de segurança do motorista com ajuste de altura, Cintos de segurança traseiros laterais e central de 3 pontos, Coluna de direção com regulagem em altura e profundidade, Computador de bordo, Conjunto de auto-falantes – 6 unidades (2 tweeters, 2 dianteiros e 2 traseiros), Console central com descansa-braço, Piloto automático com limitador de velocidade, Controle eletrônico de estabilidade e tração, Controles do rádio e telefone no volante, Direção Elétrica Progressiva, Easy Entry – Abertura das portas através de sensor de aproximação na chave, Easy Park – Sistema de estacionamento automático, Easy Start – Partida sem chave, Entrada USB dupla para o banco traseiro (apenas carregamento), Espelhos retrovisores externos elétricos na cor do veículo, Faróis dianteiros halógenos tipo projetor, Friso cromado no contorno inferior do vidro das portas, Lanterna em LED, Luz de condução diurna em LED, Maçanetas externas na cor do veículo com detalhe cromado, Maçanetas internas cromadas, Concierge OnStar, Painel de instrumentos 3,5″ digital TFT, Projeção da tela do smartphone sem o uso de cabo, Roda de liga leve aro 16″ com design exclusivo , Sensor de estacionamento dianteiro, lateral e traseiro, Sistema de fixação de cadeiras para crianças (“Isofix e Top Tether”), Sistema de freios com ABS, sistema de distribuição de frenagem (“EBD”) e assistência de frenagem de urgência (“PBA”), Sistema de monitoramento de pressão dos pneus (TPMS), Transmissão com modo de seleção de marcha eletrônico ERS (limitador de marchas para a melhor ação do freio-motor), Trava elétrica das portas com acionamento na chave, Vidro elétrico nas portas dianteiras e traseiras com acionamento por “um toque”, anti esmagamento e fechamento-abertura automática pela chave, Volante esportivo com base achatada e revestimento premium, Wi-Fi embarcado para até 7 dispositivos eletrônicos simultâneos

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.