(Avaliação) Audi A5 2024: enquanto a nova geração não vem…

Difícil quem não goste do A5, esse sedan sportback, meio coupé, mas com quatro portas, que já está em fase de despedida na sua segunda geração. Além de ser tido como bonito pela maioria, une as qualidades e tradições do sedan A4 na mecânica, motorização e interior, mas com a pitada esportiva e classuda que muitos esperam de um Audi.

Como já dito noutra avaliação, publicada há quase três anos, não é errado chamar o A5 de “A4 com roupa de festa chique”. Se considerado o carro das fotos então, a especialíssima primeira unidade da série especial Carbon Edition, limitada em 50 unidades custando R$400 mil cada, põe “chique” nisso. Já adianto: todas foram vendidas, infelizmente, e um Audi raro desses agora só existe como usado.

A Carbon, com rodas especiais, apliques em fibra de carbono pela carroceria, pinças de freio pintadas de vermelho e outros detalhes, talvez seja até uma gloriosa forma do mercado nacional já ir se despedindo desse A5 atual, afinal a próxima geração já está quase saindo do forno na Alemanha (especula-se a estreia ainda em 2024). Enquanto isso, o atual sportback a combustão da Audi continua por aqui em três versões: Advanced de R$360 mil, S-Line de R$373 mil (que serviu de base para a Carbon), e S-Line Quattro de R$395 mil.

Vantagem de todos esses carros está na boa aliança entre performance e economia de combustível, pelo menos na estrada, uso onde o A5 mostra seu melhor lado. O 2.0 turbo a gasolina, da família EA-888, é o mesmo que equipa alguns VW, como por exemplo os últimos Golf GTI ou os atuais Jetta GLI, aqui com injeção direta estratificada e calibração específica para render 204 cv de potência e cerca de 32,5 mkgf de torque. Frente a outras aplicações mais “esportivas”, aqui o triplo oito é mais manso e pacato, até por questões de menor consumo e emissões de gases poluentes.

Na verdade, ele tem números mais tímidos, porém não é lento, já que, pelos dados oficiais, não demora muito mais que 7 segundos pra ir de 0 a 100 km/h, performance que, na prática, em nossos testes, pareceu se aproximar mais dos 8s., ainda assim excelentes. Curioso notar que na Carbon Edition não estão dois fortes aliados dos Audi modernos: sistema híbrido-leve que conta com auxílio elétrico ao motor 2.0 turbo para reduzir seu esforço, consumo e emissões, nem a tração integral quattro, que dá lugar as duas rodas dianteiras como motrizes, apenas.

Mas o Sportback é baixo, largo, com pouca altura do solo, molas e amortecedores durinhos de curso pequeno e usa pneus grandes, sem contar as suspensões independentes, então seu comportamento nas curvas mais rápidas ou desvios bruscos de trajetória é ótimo, sem assustar os motoristas apressadinhos nem dar indícios de descontrole, mesmo se levado ao limite (ESP, AFU, TC, ABS etc., ajudam numa rara emergência). Pra frear, discos nas quatro rodas com sistemas de ventilação independentes dão muito bem conta do recado, até pela ação imediata dos pedais. Pisou, acionou, como de praxe num germânico.

O bacana é que ele não nega fogo nunca, em que pese seu corpão elegante e pesado, muito pela agilidade da caixa automatizada S-Tronic. Com dupla embreagem e sete velocidades, ela aceita e realiza reduções com velocidade que chega a surpreender (a segunda embreagem já deixa a marcha anterior, ímpar ou par, “no gatilho”), inclusive no modo manual, e trabalha com excelência junto do 2.0 turbo. O escalonamento correto também agrada: as primeiras marchas são curtas, garantindo bom desempenho no uso urbano, e as últimas, 5ª, 6ª e 7ª principalmente, tem relações mais longas para reduzir ruídos e poupar gasolina em viagens: a 120 km/h são menos de 2 mil rpm.

E é justamente nas rodovias que o A5 parece se dar melhor com o piso brasileiro, conseguindo médias superiores a 17 km/l de gasolina graças a aerodinâmica apurada (elevando sua autonomia com tanque cheio a mais de 900 km), superando as expectativas no silêncio a bordo (parece até elétrico, de tão quieto), suavidade e conforto na absorção de algum desnível ou degrau da pista, mesmo com os pneus de perfil baixo da série especial avaliada por mais de 650 km. Somando esses bônus a excelente habitabilidade, semelhante a do sedan A4, só que em posição mais baixa, fica clara a proposta de “viajante” desse Audi.

Na verdade, na cidade grande, onde olhares curiosos de todos os lados o encaram, o A5 sofre um pouco: sua baixa altura com relação ao solo faz “embicar” os parachoques em lombadas e valetas com certa frequência, as suspensões alemãs não dão conta de absorver por completo o impacto das crateras “lunares”, e aqueles mesmos pneus baixos, que calçam as lindas rodas taludas de aro 19, ficam mais suscetíveis a rasgos ou danos, quer seja na hora de passar por uma buraqueira ou em balizas perto da guia. Requer cuidado.

Sem contar que o 2.0 turbo e o câmbio S-Tronic trabalham sem descanso para mover o pesado Sportback para cima e para baixo, consumindo mais gasolina do que na estrada (graças ao Start&Stop, conseguimos chegar a bons 10,2 km/l durante nossos testes). Um recurso interessante que, indiretamente, ajuda na redução do consumo urbano é o que a Audi chama de “ponto de eficiência ideal”: através de um discreto marcador que lembra um econômetro no painel de instrumentos digital, é possível saber quando alguma energia está sendo recuperada nas frenagens e desacelerações.

Essa tal energia vai para pequenas baterias, e serve para ajudar na alimentação da parte elétrica e eletrônica do carro, reduzindo o esforço do alternador, que, por sua vez, “rouba” menos força do motor a gasolina. E falando em eletrônica, graças ao GPS da multimídia que é conectado com a internet e atualizado em tempo real, como o Waze, o A5 sabe os momentos certos para aproveitar a inércia, e logo acende no painel o indicativo para que o motorista tire o pé do acelerador. Na chegada às praças de pedágio nas estradas, por exemplo, o carro sabe que o motorista vai precisar desacelerar, e, por isso, pede com antecedência a liberação do pedal direito. Inteligente!

Modernidades e soluções a parte, o peso da idade do projeto do A5 atual, lançado há cerca de oito anos, já é mais sentido quando se adentra no carro, se camuflando com os luxos e tecnologias típicos de um carro premium alemão. O nível de acabamento é ótimo, como deve ser, e no Carbon Edition são bons equipamentos de série, porém quem espera revoluções nas linhas e superfuncionalidades não se encanta tanto assim pela sobriedade, discrição e elegância da cabine desse Audi. Em uma rápida comparação, o A3, menor e mais novo, por exemplo, já transpira mais arrojo que o A5 no interior.

Com exceção das limitações de altura (o carro é baixo, não haveria como fazer uma cabine diferente), e do enorme túnel central que atravessa todo o habitáculo de passageiros (nem faz tanto sentido com a tração dianteira), o espaço interno do A5 é confortável pra quatro adultos e, no meio do banco traseiro, de encosto e assento ressaltados, é possível acomodar uma criança. Claro, o maior conforto e ergonomia estão na dianteira, onde ficam grandes e confortáveis bancos com ajustes elétricos em posição baixa, como a de um esportivo legítimo, mas quem viaja na segunda fileira tem suas mordomias, como apoio de braço central e ajuste individual da temperatura do ar-condicionado digital, além de portas USB e tomada 12 Volts dedicada.

Sobra, lá atrás, espaço para as bagagens, como mais uma prova de que o A5 é uma bela pedida para viajar: o compartimento, de tampa elétrica com sensor de presença, tem 465 litros na teoria, que podem se expandir bastante se o espaço for aproveitado até próximo do vidro traseiro. Como a linha de cintura desse Sportback é baixa, e o assoalho alto, o porta-malas pode ser tido como raso, compensando com ótima largura e comprimento, seguindo o porte e formato da carroceria.

Se não há Carbon Edition…

Sem problemas! Os A5, independente da versão de acabamento ou do nível de exclusividade, compartilham entre si a maioria das suas vantagens. Não é aquele carro que, se for adquirido na versão mais barata, torna-se desinteressante e uma compra insossa. Ainda é muito cedo para sair pedindo descontos no carro atual alegando a chegada da próxima geração, mas, enquanto ela não vem, a atual segue como ótima opção.

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Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.984 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco em ferro fundido e cabeçote em alumínio
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com 7 velocidades, trocas manuais na alavanca ou em paddle-shifts
Potência: 204 cv entre 4.500 e 6.000 rpm
Torque: 32,6 mkgf entre 1.450 e 4.500 rpm
Suspensão dianteira: independente, do tipo multilink
Suspensão traseira: independente, do tipo multilink
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Pneus e rodas: Bridgestone Potenza S001, medidas 255/35 e rodas de liga-leve aro 19
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,75 m/1,84 m/1,38 m/2,84 m
Porta-malas: 465 litros
Tanque de combustível: 54 litros
Peso em ordem de marcha: 1.615 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 7,2 segundos
Velocidade máxima: 210 km/h (limitada eletronicamente)
Preço básico: R$397.990 (carro avaliado: R$406.990)

Itens de série:

Phone Box Light (carregamento de celular por indução), chave presencial, entradas USB para os passageiros do banco traseiro, volante em couro multifuncional com paddle-shifts, rodas de liga-leve aro 19, câmera de ré, sistema de monitoramento da pressão de pneus, ar-condicionado automático de três zonas, faróis LED Matrix, Controle de Cruzeiro Adaptativo e sistema de aviso de saída de faixa (Lane Departure Warning), bancos em couro napa fina com logotipo S estampado, ajustes elétricos para os bancos dianteiros e memória de posição para o motorista, logotipo S no volante, pedaleiras esportivas em aço inoxidável, acabamento interno central da cabine em preto brilhante, teto em tecido na cor preta, espelhos retrovisores externos rebatíveis, pacote de luzes ambientes em LED, teto-solar elétrico, kit exterior S-Line, alerta de colisão e frenagem autônoma de emergência, multimídia de 10” com sistema de navegação online, painel de instrumentos digital de 12,3”, Park Assist, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sistema de som Bang&Olufsen de 755 watts, Pacote Assistence City e Audi Pre Sense.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.